A Vida Sem Dora – Iolandinha Pinheiro

A primeira mulher que amei na vida se chamava Dora. Era minha vizinha e melhor amiga. Fazíamos tudo juntos, estávamos sempre na casa um do outro, e tínhamos uma vida feliz e perfeita até que meu mundo se precipitou e a perdi para sempre.

Era o início dos anos oitenta. Morávamos numa vila na área industrial da cidade. Não tínhamos dinheiro e o único menino que tinha um videogame Atari da turma era o filho do capataz da fábrica onde nossos pais trabalhavam, e assim mesmo, um equipamento de segunda mão, com o console lascado na borda.

A vida era simples e pequena, como se morássemos em um planeta reduzido, um micro mundo onde todos os habitantes se conheciam. Não pensávamos em escapar de nossa rotina, a vida daquele jeito nos bastava, era uma espécie de Éden suburbano. Essa aparente calma fazia com que nossos pais fossem muito permissivos, quase negligentes e nos deixassem por nossas contas, brincando pelas ruas até escurecer.

Meu pai havia sido demitido há alguns meses. Quando não estava fazendo algum de seus bicos, ficava em casa conosco, vestido de calça de pijama e camiseta, bebendo cervejas na varanda enquanto mamãe ia ao trabalho numa loja de doces.

Por volta da metade daquele ano, a nossa paz foi sacudida por profundos abalos. Crianças que moravam pelas vizinhanças começaram a desaparecer. Sempre meninas entre dez e doze anos. A primeira delas estudava na minha sala.

Amanda Rodrigues era uma garota mirrada e sem atrativos. Não era nossa amiga porque sentava nas cadeiras da frente com a turma dos mais adiantados. Morava na parte rica do bairro e nunca voltava a pé para casa.  Em condições normais, Amanda jamais teria aquele destino, mas o azar promove seus desvios e joga as pessoas em caminhos que não trilhariam. Um dia o pai teve que ficar além do horário normal em seu emprego e ligou para a escola avisando que a filha voltasse com alguma coleguinha. A menina avisou que iria andando sozinha para casa e nunca mais foi vista.

Depois foi a vez de Raquel, que desapareceu voltando da mercearia, num sábado à tarde. Dois dias adiante, foi Suzana, quando pendurava as roupas no varal. Ao longo daquele mês, perdemos Elisabeth,  Janaína, Maria, Helena, Adriana… Todas elas sem qualquer pista ou explicação.

O sumiço de pessoas conhecidas fez nossos pais acordarem da ilusão de segurança em que supunham viver. A escola baixou as portas e já não podíamos sair de nossas casas a não ser acompanhados dos adultos. As brincadeiras deveriam se limitar aos muros da vila onde morávamos.

Vivíamos entediados e nosso humor piorava a cada dia de confinamento. As opções eram poucas e, de certa forma, nossas brincadeiras foram ficando mais agressivas.

Dora reclamava. Dizia que eu estava diferente, muitas vezes se aborrecia conosco e ia para sua casa, ajudar a mãe. Mas sempre fazia as pazes.

As coisas estavam sob um certo controle até o dia em que fomos longe demais. O dia em que resolvemos dar uma lição em um vizinho nosso.

Aristides era um motorista aposentado, um homem azedo e fofoqueiro que morava na última casa da vila, perto de um matagal que pertencia ao imóvel onde deveria haver um espaço de convivência, projeto sempre deixado para depois. Seu Aristides odiava crianças e barulho. Então, para que ficássemos sempre longe da casa dele, passava os dias nos observando de sua cadeira de balanço na varanda, para depois contar as travessuras aos nossos pais. O que mais nos irritava, no entanto, era o homem agir como se o terreno lhe pertencesse, e o fato de ele manter seu cachorro numa corda longa, para que pudesse correr atrás de nós, caso cruzássemos a frente de sua casa.

Numa daquelas tediosas tardes, e sem ter coisa melhor a fazer, um dos garotos propôs uma vingança contra o velho. Jogaríamos porções de carne com laxante para o cão, e ficaríamos sentados no muro assistindo o cachorro adubar o canteiro bem cuidado do velho o dia inteiro.

Dora foi contra, pediu que eu não participasse. E para falar a verdade, eu nem estava com muita vontade, mas acabei participando para não pegar mal com a turma. Pegamos um saco pequeno com carne moída e levamos para a minha casa. Fizemos a mistura e coloquei na geladeira por algum tempo. Depois, na hora em que o velho foi para o banheiro, pegamos em minha casa e demos para o cachorro.

Era para ser uma brincadeira inocente. Mas algo deu errado.

Jogamos a bola de carne batizada e o cachorro a comeu. Mas ele logo estava ganindo e sua boca começou a sangrar. Assistimos, com uma mistura de remorso e aflição, o cão espumar e vomitar a carne moída misturada com seu sangue e pedaços de estômago. Era para ter apenas laxante, mas ali havia cacos de vidro e veneno.  Ficamos olhando aquela cena horrível sem ter coragem de fazer qualquer coisa, nos perguntando quem teria feito aquela maldade. O pobre Plínio nos olhava e latia, debilmente, esperando que fizéssemos alguma coisa para salvá-lo.

O velho Aristides, é claro, ao sair pela porta da cozinha e nos ver enfileirados como corvos, todos pousados no muro, olhando o seu cachorro agonizar, deduziu tudo e ficou nos xingando e jurando vingança. Era tarde demais. Mesmo que levássemos Plínio ao veterinário ele não sobreviveria.

Quando Dora chegou o cachorro ainda estrebuchava. Os olhos já estavam baços e a língua esverdeada pendia para fora da boca. O dono, de joelhos, tentava manter a cabeça do cão em seu colo, já sem esperanças de salvá-lo, chorando e praguejando contra nós.

Dora não falou nada, mas seu olhar de reprovação dispensava qualquer comentário.

Pedi que minha mãe trouxesse um colar para ela. Ia dá-lo  para selarmos a paz. Deixei o pacote com a sua mãe. Dora estava lá mas não respondeu nada. Não agradeceu ou o colocou no pescoço. Era um colar prateado com um pingente de unicórnio. Todos os dias eu conferia se estava usando.

Por termos matado o cachorro do Seu Aristides, ficamos todos sem poder sair para brincar, nem mesmo dentro dos limites da vila. Alguns meninos me culpavam porque a carne ficou um tempo na minha geladeira. Passamos a trocar acusações e desconfiávamos uns dos outros. Estávamos no auge da nossa tolerância, quando anunciaram que o assassino das meninas havia sido preso. Um mendigo que andava pelo centro com a mochila da primeira menina foi levado à delegacia e depois de algumas horas sendo interrogado, confessou tudo.

Liberdade. Nossos pais ficaram tão felizes que esqueceram do castigo. A escola reabriu e, aos poucos pudemos brincar na rua. Dora, no entanto, ainda não me perdoara. Não queria mais andar com a gente. Não respondia quando chamávamos e quando íamos ou voltávamos da escola, ficava numa distância em que podíamos vê-la, mas não conversar com ela.

Geralmente íamos atrás, observando Dora caminhar. Mas naquele dia ela não apareceu no portão. Ainda a vi pelo pátio, porém os meninos me chamavam e eu fui.

Ia feliz por ter percebido que ela estava usando o colar que eu havia dado. Naquela tarde iria novamente a sua casa, para fazermos as pazes. Também havia decidido pedi-la em namoro. Nos meus planos, tudo daria certo.

Dora não chegou a sua casa no fim da manhã. A tarde ia passando e as pessoas começaram a procurar por ela em todos os lugares. Chamaram a polícia, usaram cachorros, mas nada.

Demorei a dormir, e quando consegui tive pesadelos. Sonhei com Dora correndo e sendo perseguida por um carro. Então era alcançada e jogada na parte de trás do veículo. Enquanto o carro se afastava eu via o seu rosto cheio de dor olhando para mim, mas os seus olhos se transformavam nos olhos do cão do seu Aristides.

A culpa me consumia. Pensava em todo o encadeamento de fatos que levou ao desaparecimento dela, e em como bastava que um dos elos desta corrente de tragédias não tivesse ocorrido, para que ela ainda estivesse entre nós.

Não tendo como velar o corpo de minha amada, ia todos os dias ao pequeno cemitério que ficava perto de nossa casa e colocava flores na cova vazia onde o prefeito havia erguido um túmulo homenageando todas as meninas.

Meus olhos se enchiam de lágrimas e eu colocava uma flor solitária como um tributo aos sonhos perdidos. Fiz isso por meses, até que a lembrança daqueles dias negros foi se esmaecendo nos meus pensamentos.

Dora não foi encontrada, nem as outras meninas sequestradas.

O tempo passou e meus pais se separaram. Fui morar com minha mãe na capital e papai continuou morando na mesma vila. Sempre bebendo suas cervejas e fazendo bicos.

Passei muitos anos sem voltar para aquela cidade. Um dia recebi uma ligação. Meu pai havia tido um ataque do coração e não havia nenhum parente para ficar com ele. Pedi licença no trabalho e fui para lá.

Passamos os primeiros quinze dias no hospital. Quando ele teve alta, resolvi ficar mais uma semana com ele até encontrar uma enfermeira.

Uma tarde, papai me pediu que pegasse alguns documentos em caixas velhas que ficavam na parte alta do armário. Quando fui pegar a caixa que ele pedira, veio outra junto com ela, deslizando para o chão e espalhando todo o seu conteúdo. Abaixei-me para colocar as coisas de volta, e foi quando percebi um objeto brilhando entre os papéis. Era uma joia. Um colar  prateado, com um lindo pingente… de unicórnio. Sentei no chão e fui abrindo vários envelopes que estavam guardados lá. Havia de tudo. Fotos de meninas nuas e amarradas, anéis, brincos, calcinhas.

Olhei para cima e lá estava papai. Os passos ainda vacilantes, a mão trêmula e fraca segurando um revólver. O silencio foi, afinal, cortado pelo estampido de um tiro. Quando a polícia chegou ainda saía fumaça pelo cano da arma.

Papai foi enterrado sem honras ou luto, enquanto o seu corpo baixava eu colocava uma flor na sepultura de Dora.

34 comentários em “A Vida Sem Dora – Iolandinha Pinheiro

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  1. Muito bom! A leitura vai seguindo de forma direta, sem entraves. A surpresa final, a revelação, nos pega de jeito. O universo da personagem vai se construindo aos poucos e nas entrelinhas vamos percebendo todas as nuances. Um conto forte, marcado pela vida, e pela descoberta de tudo.
    Parabéns.
    Grande e carinhoso abraço!

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    1. Oi, amiga linda. Adorei a sua presença aqui no meu espacinho, e mais ainda que você tenha apreciado a leitura. Sou sua fã e é uma honra ver você por aqui. Gosto deste conto. Ele é simples, despretensioso, mas o objetivo de manter o leitor interessado foi cumprido. Mal posso esperar os próximos passos desta parceria com nossas amigas escritoras. Bem vinda aqui, Evelyn, e volte muitas vezes. Abraço.

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  2. Que horror Iolandinha!!! Não desconfiei de nada… o final me pegou de surpresa!!! A raínha do terror acertou em cheio… esse conto me deixou desconfortável. Ponto pra você!! Parabéns!!

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    1. Olá, querida! Que bom você ter curtido, Priscila! Eu gostei muito deste conto, também. Consegui fazer um conto com uma linguagem bem acessível e deu fluidez. Coloquei elementos da minha infância. Sempre funciona. Muito feliz com a sua visita, linda. Volte sempre.

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  3. Oi! Eu conheço este conto, vc repaginou ele, nao foi?
    O suspense vai até o final, quando a gente pensa que vai terminar emocional com as lembranças e o mistério, mas vem a revelação!!!
    E o jovem agiu, entao! wow! forte!
    parabéns!

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    1. Kinda do meu coração, foi sim. O meu conto do DTRL 29 e meio, rs. Repaginei a partir das sugestões dos amigos. Sempre dá para melhorar, não é? Tentei deixar o conto mais fechado e coloquei o pai do menino como assassino do cachorro Plínio. Assim a morte do cachorro dá o tom de perversidade ao pai, deixando que o leitor faça os links lá na frente. Bem vinda, aqui. Um beijo, flor.

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  4. Oi, Iolanda.

    Nossa, que trágico. Eu fui lendo devagarinho, com calma e quando dei por mim já estava parecendo narrador de futebol, lendo muito rápido para chegar logo as conclusões. Como sempre – pelo menos nos contos que li seus até hoje você sabe levar o suspense com muita naturalidade e, por mais simples que pareça, o mistério fica seguro até o fim.

    Gostei bastante da história, não sei se é longa ou curta, pois li muito rápido, mas contou bastante coisa, um ciclo se fechando.

    A parte do serial Killer, dos objetos das meninas é mais real do que eu gostaria que fosse, uma triste realidade. Eles estão sempre onde menos imaginamos estar.

    Parabéns pelo conto.

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    1. Obrigada, Amanda. Eu sempre me sinto à vontade em escrever neste gênero, parece que estou em casa, kkk. A intenção foi mesmo fazer um conto bem simples e linear, bem diferente do que é meu hábito. Funcionou. Acabei ficando em segundo lugar no concurso. O povo entendeu tudo e o conto teve a fluidez que eu queria dar a ele. Obrigada pelo comentário, florzinha. Apareça sempre e poste o seu para que eu possa retribuir a visita. Beijos.

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  5. Olá, Iolanda! Lembro-me deste conto no Recanto das Letras, e lembro-me muito bem da cena da morte do cachorro, que me deixou muito chocada e triste… Ficou muito bom, adorei!!!!!

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    1. Tentei amarrar as pontas e deixar a história mais explicadas. Mesmo gostando de complicar as coisas eu hoje penso que a leitura tem que ser, ao mesmo tempo, fluida e prazerosa. Um abraço, flor. Gostei demais de sua história, beijos.

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  6. Fiz questão de ler esse conto sem ler o nome da autora e fiquei pensando… hummm,parece coisa da Iolandinha. E não é que era mesmo?
    O conto prendeu minha atenção, tanto que estou atrasada para a minha caminhada. Muito bom o suspense e a condução da narrativa,bastante fluida.
    Cismei logo com o pai, bebendo e fazendo bicos. Já achei que era ele mesmo o criminoso. Acertei.
    Muito bom mesmo esse conto,viu? Agora, deixa eu ir, antes que as calorias aumentem. Beijos.

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    1. Pois é, Claudinha. Eu tenho esse pezinho nas trevas. Acho que a forma de exorcizar meus ódios é matando gente (na ficção). Adorei vc ter curtido o conto. Não é do estilo que é aclamado no EC, a linguagem é muito básica e a preocupação do autor é prender a atenção e criar clima, então eu acho que atingi o objetivo. Também gostei muito do seu. Um grande abraço e boas caminhadas.

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  7. Querida Iolanda,

    Esse conto em nada ficou devendo à Maria. Você devia fazer uma coletânea com essas narrativas.
    Muito bom. Muito bem escrito. Muito forte, assustador e real. Uma realidade triste que subtrai nossa infância em tantas cidades e casos por aí. Uma temática contemporânea e, infelizmente, atemporal.

    Você conduz o conto com leveza, mesmo trabalhando sobre uma trama tão forte. Uma premissa que mexe com o leitor e certamente com a autora. A história nos enche de pavor, de nojo por este homem que se revela ao final, de piedade por este menino que perdeu seu amor tão precocemente, de pena por esta menina que teve sua vida roubada.

    A cena do cachorro é fortíssima e mexeu especialmente comigo, pois sou resgatadora e amo esses seres. Todos temos nosso calcanhares de Aquiles, afinal.

    Se eu puder deixar uma sugestão, que, creio, abrilhantará ainda mais uma obra tão bem escrita, eu finalizaria o conto no momento exato em que o menino (agora um homem) encontra o colar com o unicórnio. Ali é o ponto alto (em minha opinião eu quase nada vale). Para mim, nada mais precisaria ser dito. O pai é um assassino, monstro, pedófilo e o leitor entende isso na hora. Nem a morte à que você o submete é punição suficiente. Sei que para isso seria necessário cortar um bom pedaço. E isso, nós autoras detestamos. Mas tente, só como exercício, ou pergunte para as outras escritoras por aqui, afinal, esse é só o modo como eu faria.

    No entanto, com ou sem esse apêndice final, seu conto merece nota 10. Opa, não era para dar nota? Tarde demais, já dei.

    Parabéns pela belíssima estreia por aqui.

    Beijos

    Paula Giannini

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  8. Olá, Paula! Nunca mais vou ser a mesma depois de Matéria Prima. Eu tenho um Top Cinco de coisas que amo fazer: Dormir, Fazer e Receber Carinho, Cozinhar e Comer, Ler e Escrever, e Cinema. O seu conto reuniu numa só maravilha dois destes valorosos itens. Não me canso de elogiar. Ah, voltando ao meu conto, obrigada por dar nota 10 a ele, foi um conto que eu fiz sem investir muito na linguagem, procurei deixá-lo muito simples e acessível, talvez por isso tenha agradado tantas pessoas, a simplicidade, afinal, fez o sentimento do menino parecer mais autêntico. Doeu muito em mim matar o Plínio. Eu amo os animais e jamais maltrataria um, mas, como escritora, percebi que as pessoas se horrorizam muito com cenas como esta, ainda que eu nem aguente reler. Pois bem. Você não foi a primeira pessoa que sugeriu suprimir o fim do conto, já cortei e vi, mas ficou como se tivessem arrancado um de seus pés (capenga), então resolvi deixar, mas obrigada demais pelas dicas. Nunca deixe de me dar. Um grande abraço, bicha linda.

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  9. Olá Iolandinha King, um dia vc. me ensina a escrever contos de terrror, sei nada não. Fiquei grudada na telinha pra descobrir quem era o assassino das meninas, esse é o fascínio do gênero. Pensava que era o homem do cachorro, eis que havia um papai pedófilo. Vc conduziu muito bem a trama, realmente muito dura a vida sem Dora. Parabéns. bjs

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    1. Iolandinha King foi top, kkkk. Obrigada, Rose. Sempre fui apaixonada por mistério, suspense, terror. Que bom vc ter gostado da Dora e do menino sem nome. Escrever terror tem suas regras próprias, se vc quiser mesmo investir neste ramo eu posso te dar dicas. E, de fato, é um gênero que instiga demais a curiosidade do leitor. Um grande abraço e obrigada pela avaliação tão generosa.

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  10. Querida Iolandinha, a cena do cachorro me comoveu e me horrorizou bastante. Talvez porque tenha perdido o meu há tão pouco tempo e todo o sofrimento de sua morte tenha retornado com seu texto. Comovente, horrorizante, manteve a surpresa até o final. Muito bom!

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    1. Obrigada, Sandra. Seja sempre bem vinda aqui. Eu também tenho um cachorro e gosto mais de bichos do que de muita gente. Foi duro para mim matar o Plínio, mas quando se escreve nesta linha, deixar o leitor angustiado faz parte do pacote. Um grande abraço e que tenhamos muitas histórias pela frente, não é? Cheiro.

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  11. Iolandinha. Gostei muito do seu conto, conduzido com mestria até um final que não se deu a adivinhar em momento algum. As cenas estão demais, particularmente a morte do cão. Um ato ignominioso. Uma história dessas escrita por mim, começava, durava e acabava nas sensações do menino em torno do que causara inadvertidamente, mas não sem culpa. Esse algo que correu mal, seria a minha história. Felizmente você é diferente e deu-lhe um antes e um depois. Apenas não entendi por que razão houve um assassino confesso e preso, após o que terminaram os assassinatos , e só depois é que acontece o desaparecimento de Dora – e apenas esse. Ou houve algo que não entendi, ou aconteceu aí qualquer coisa. Que me diz? Antes que me esqueça: adorei o título. É algo a que muitas vezes damos pouca importância e que acaba tendo muita. Se tivesse que escolher o meu favorito até ao momento, seria, sem dúvida, este. Um beijo grande, minha querida.

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    1. Primeiro eu gostaria de agradecê-la por ter vindo aqui comentar meu conto. Acho suas observações sempre muito ricas e generosas, além de muito atentas. Pois bem: Era comum, nos anos setenta e oitenta, que muitas confissões fossem obtidas por meio de tortura. Hoje ainda ocorre, mas em bem menor quantidade por conta de organizações ligadas aos Direitos Humanos. Então pegaram um pedinte qualquer e bateram nele até que confessasse o que não fez. Pois o assassino era o pai do narrador. Acho que não ficou muito claro, não é? Depois que Dora morreu, o menino se mudou com a mãe, então se aconteceram outros desaparecimentos, ele não ficou sabendo. O conto teve por objetivo enganar mesmo o leitor, com a revelação de que o sequestrador/assassino/pedófilo era o pai do menino. Se ainda ficou alguma dúvida, responderei com prazer. Muitíssimo agradecida pela sua visita e comentário. Já estava esperando e roendo unha, rs.

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  12. Iolandinha, uau!!!
    Aplausos, mil aplausos para o conto, realmente você é mestra no suspense, já notei, Iolandinha King 🙂
    Bom, vamos lá: saquei que algo aconteceria com Dora, mas jamais imaginei que fosse um desaparecimento real, como no caso das outras meninas (surpresa number one).
    A vida prosseguindo anos afora e a descoberta do colar de unicórnio (aqui, a surpresa master number two), o pai – um doente irrecuperável, na pedofilia, e atualmente, nos problemas cardíacos, sucumbindo ao suicídio após a descoberta do filho.
    Desculpe a expressão, mas olha: foda, muito foda mesmo!!
    Meus parabéns, quero ler todos os seus contos!!
    Bjos!!

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  13. Nossa! Fiquei toda contente com o seu comentário. Eu gosto de criar mistérios, e surpreender o leitor. Que bom ter funcionado com você! Achei que não ia encontrar muita receptividade entre outros contistas (do EntreContos, por exemplo), porque terror/suspense tem um público mais específico, com gostos estranhos. Procuro não fazer um terror nojento, e focar mais no mistério e manter o leitor atento e curioso até o fim. Se vc quiser eu te mostro onde existem outros contos de suspense meus. É só pedir e eu te mando os links. Abraços e boa noite.

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  14. Aqui estamos em nossa praia predileta – o mistério, as dicas, a emoção do medo, a reviravolta e a surpresa final. A sua reescrita fez o texto ainda melhor. Acho você de uma clareza básica e, ao mesmo tempo, de uma complexidade psicológica que seduz o leitor ao lhe oferecer uma mensagem profunda e sincera. Parabéns pela estréia aqui! Vamos nos reencontrar muitas vezes… Beijos!

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  15. Querida Fátima. Este conto foi feito para o Desafio de Terror em que vc ficou no primeiro lugar. =) De lá para cá fiz umas mudanças, para ficar mais coerente, costurado. Investi numa linguagem mais acessível mesmo, para que a leitura escorresse sem problemas. Vejo que esta fórmula faz mais sucesso com os leitores, embora perca em beleza, né? Estava esperando vc aparecer. Sempre é um prazer quando vem. Vc é muito generosa com os meus contos, moça. Desde o primeiro desafio que participamos. Muito feliz de vc estar aqui e em outros lugares bacanas onde também estou,. mesmo sem ser na temática do terror, onde nos sentimos em casa. Obrigada pela sua visita e seu comentário. Um grande abraço.

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    1. Que bom ver que você veio, menina linda. Melhor ainda ver que o terror que eu faço consegue ser atraente até para belas poetisas como você. É isso. Volte sempre. Beijos.

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  16. Iolandinha Pinheiro…Este tema talvez seja o mais devassado da filmografia hollywoodiana. Não sei a quantas anda na literatura. A certa altura – quase no final – o desfecho se torna quase previsível. Eu pensei no velho Aristides, mas foi cortina de fumaça que você lançou. Entretanto, gosto sempre de me lembrar daquele velho aforismo de Otto Maria Carpeaux: “Não basta ter uma boa ideia para ser um escritor; é preciso executá-la bem”. E é aí que entra a escritora Iolanda Pinheiro. A ambientação, a densidade psicológica das personagens, ambivalências como o símbolo gay do unicórnio e um serial killer suburbano, acabam fazendo a diferença. Parabéns, Iolanda!

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  17. Oi, querida. Desconfiei do pai bebendo cerveja logo no início, e pra dizer a verdade, gostei que fosse ele mesmo. Deu mais enfase ao conto. Só acho que você devia de ter posto uma nota sobre a soltura do pobre mendigo, já que Dora desapareceu quando ele estava preso.
    Parabéns
    um abração

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    1. Querida Neusa. Obrigada por me brindar com o seu comentário, sempre é bom te receber para trocar umas ideias. Esse conto foi escrito para uma desafio com limite de palavras, o que não me permitiu investir nas subtramas. De mais a mais, no sistema penitenciário do nosso país inocentes permanecem presos por anos, mesmo depois de outra pessoa ter sido condenada pelo crime que lhes fora imputado. Beijos, flor.

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    1. Obrigada, irmã gêmea boazinha. Ser lida é super legal e ser lida por gente como você é uma honra. Beijos, guria.

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  18. Obrigada, Cat. Gosto quando consigo fazer contos assim, como uma escrita natural, mais direta e verossímil, beijos.

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