Cama de Rosas – Evelyn Postali

 

Quase amanhecia quando estacionou o carro em frente à garagem da residência. Não se preocupou em guardá-lo. E estava cansada demais para esperar.

Cruzou o jardim, passando em frente ao canteiro de rosas. A estação mostrava a exuberância nas cores e formas.

Ao entrar, encontrou a casa iluminada. Aquilo lhe pareceu incomum; não havia deixado as luzes todas ligadas, mas a memória andava falhando também com as vivências do hoje. A médica lhe dissera que teria que viver um dia de cada vez e aguardar com paciência. Tudo se tornaria mais claro com o tempo. Algumas lembranças viriam por primeiro, mas tudo voltaria a ser como era. E aquilo lhe incomodava demais: voltar a ser como antes, mesmo não lembrando.

Parou próxima do desnível da sala e, por um longo tempo, procurou algo anormal. A casa passava longe do que ela idealizava como o lugar perfeito, à exceção do jardim. Observou os móveis. Escuros demais. Não se lembrava de ter escolhido aquele tom de madeira.

Parou os olhos na lareira arredondada, no canto. Sequer notava indício de ter sido usada alguma vez.

A estante de prateleiras irregulares. Livros que ela não lembrava ter lido. Redecoraria aquele espaço sufocante e silencioso demais.

Dois copos de uísque com líquido até a metade sobre a mesa de centro lembrou-a da visita de Tereza, horas antes.

— Acho que o que você precisa é de um programa. O que acha de jantarmos e depois dançarmos um pouco?
— Está brincando, Tereza? Não sei quem sou. Sem falar que perdi um marido que sequer lembro.
— As coisas vão ficar mais claras. Você vai ver. A medida que você mergulhar na rotina de antes, o passado voltará.

Fechou os olhos. O cansaço da noite prolongada estava interferindo no seu humor e julgamento também. Não tinha nada de errado na casa. Tudo estava no lugar. Pelo menos, no lugar de antes da amnésia.

Retirou os sapatos de salto.

Desceu o desnível e se colocou ao lado da mesa de centro. Olhou para seu reflexo estampado na superfície da mesma. Recolheu um dos copos e tomou de um gole o resto da bebida. Largou o copo no mesmo lugar.

Já fazia quase um ano que acordara num quarto de hospital na zona leste.

A primeira luz que viu ao abrir os olhos foi aquela, refletida no espelho. Intensa. Dolorosa. Seus olhos a seguiram até a origem. Cortava a janela, vencendo a cortina pesada. Movimentou a cabeça e os músculos do pescoço e ombros estalaram. Ajeitou-se e reconheceu o lugar. Aquele era um quarto de hospital. Sentou-se na cama devagar. Não se lembrava de nada.

Contornou a mesa central. Olhou para o balcão, perto do pequeno bar. Os porta-retratos alinhados mostravam cenas de um casamento feliz.

Uma pontada na têmpora direita quase a derrubou.

— Estou indo ao seu encontro, Eza.
— Está caindo o céu, Joanne. Não saia daí, pelo amor de Deus.
— Você se preocupa demais. Chego em meia hora, no máximo.

Segurou-se na pilastra da escadaria do desnível. Deixou cair a pequena bolsa decorada com pedras de strass ao se lembrar do acidente que arrancou sua memória pouco depois do desaparecimento do marido.

O para-brisa não dava conta da água. O carro à frente rodou. Pisou no freio, em uma ação automática. Derrapou. Bateu com a lateral no carro da frente que ainda rodava. O carro que vinha atrás acertou em cheio a porta esquerda.

Respirou fundo algumas vezes.

Uma memória. Uma memória real. O acidente veio à tona naquele instante. Vívido.

Soltou um grunhido.

Seguiu pelo corredor até o quarto. Passou direto, chegando ao banheiro. Abriu a porta lateral do espelho. Desenroscou a tampa do frasco com as mãos trêmulas. Quase deixou os comprimidos caírem próximos do ralo. Goles de água e analgésicos. Mergulhou na imagem refletida. O passado vinha a passos largos. A dor de cabeça aumentando.

Um casamento infeliz. Um marido ciumento. As incontáveis brigas. A recusa em ser mãe. A pressão das famílias. A vontade de fugir. Um amontoado de desculpas e uma paixão sem precedentes por Tereza.

— Estou custando a crer, Joanne. Acha que pode fugir dessa discussão? Fingir que nada aconteceu? Acha que pode me ignorar? Fazer de conta que está tudo bem?
— E não está?
— É claro que não está!
— Você está fazendo uma tempestade num copo d’água, Leandro.
— É mesmo? Por que não confessa seu envolvimento com Tereza?
— Porque não há envolvimento com Tereza.

Um sentimento avassalador, a cumplicidade, as tardes de chuva no apartamento, o sexo. As promessas. Doces promessas. A vontade de se libertar e mudar de vida, de cidade, de país.

— Você está maluca, Jo? — Um sorriso descrente estampava o rosto de Eza.
— Não estou. Pense bem. Você é bioquímica.
— Isso não é um passeio. É uma viagem sem volta.
— Mas eu não disse que quero voltar. Você pode me ajudar. Pode conseguir o veneno.
— Isso é assassinato!
— Estou morrendo por dentro.

Tudo estava voltando de forma dolorosa. Retornou ao quarto se escorando na guarnição. Arrastou-se para perto da cama espaçosa. Sentou-se com dificuldade. Respirava trôpega. O coração sobressaltado pela revelação, pela saudade, pela força de algo muito maior.

Olhou ao redor.

— Champanhe, pétalas de rosa, lingerie vermelha… O que significa isso agora?
— Estive pensando em nós…
— Pensei que seu interesse fosse a Tereza.
— Você é um tolo. — Puxou-o pela gravata. — Venha cá…

A cena se construiu à sua frente. O marido, do qual não se lembrava, envolvendo-a nos braços. Beijando seu pescoço e despindo-a devagar. Ela retirando sua camisa. Os sapatos jogados. A calça. A taça de champanhe preparada. O brinde. A tontura. A taça sendo retirada da mão de Leandro antes que ele buscasse apoio na cama e a queda sobre ela. Mãos agarrando o acolchoado escuro. Olhos vidrados no teto.

Levantou-se em sobressalto.

Olhou ao redor.

Viu-se fragmentada. A lavagem da taça. A garrafa sendo esvaziada. Tereza ajudando-a a carregar o corpo envolvido em um lençol.

Correu para o criado mudo, abrindo a gaveta e retirando de dentro uma agenda de capa de couro. Abriu-a e folheou com pressa. O pequeno pedaço de papel caiu no tapete felpudo. Recolheu-o. Antônio Ferreira Galvão, Investigador de Polícia.

— Eu levantei tarde. Fiz o que normalmente faço. Tomei café, ajeitei a casa, organizei a casa, preparei o almoço.
— Não têm empregada?
— Tínhamos, mas por conta de algumas suspeitas, nós a dispensamos.
— E quando acordou, seu marido não estava?
— Ele sempre sai cedo.
— Certo…
— Ele não chegou para o almoço. Ele sempre chega para o almoço. — Ela era psicóloga. Sabia como mover seu corpo para passar as mensagens. — Quando tem alguma reunião, ele avisa. Estranhei.
— Então, ligou para o escritório…
— Sim, mas disseram que ele não apareceu e nem avisou. Eu liguei para os amigos mais próximos. Já estava meio desesperada. Ele não costuma fazer isso.
— Precisamos do nome dos amigos e telefones.
— Claro. Mas eles não sabiam de Leandro. Liguei para Carmem, mas não quis preocupá-la.
— Quem é Carmem? — O policial batia com a caneta sobre a folha.
— Minha sogra. Ela tem problemas cardíacos.
— E essa que está aí fora, esperando por você é parente?
—É minha amiga. Tereza. Não tenho parentes mais chegados, aqui.

As conversas com o investigador ficaram todas muito claras. As visitas da polícia aconteceram assim que o sumiço foi relatado. A casa revirada de cima abaixo. Impressões digitais recolhidas. Objetos pessoais do marido, agendas telefônicas, lista de amigos. Tudo acontecendo conforme o previsto. A idealização exemplar. Um plano perfeito.

— Revisando, então… — Eza olhava para ela fixamente. — Eu saio com o carro. Levo para perto de Boqueirão do Justo. Largo o carro. Desmancho as pegadas.
— Segue pela trilha. Um quilômetro. Pega a bicicleta. Leva até a entrada da vila. Larga a bicicleta. Espera pelo ônibus.
— E volto. — A amiga respirou fundo.
— Perfeito.

Ela sorriu ao lembrar-se.

— Perfeito.

Seguiu para a sala segurando o cartão. Procurou o celular na bolsa. Discou o número. Um toque, dois, três.

— Alô? — Ouviu a voz arrastada do outro lado da linha. Rouca. O pigarro. Quase sentiu o cheiro do cigarro. — Alô.

— Investigador Galvão?

— Quem está falando?

— É Joanne. Joanne Montenegro.

Um silêncio do outro lado da linha.

— O senhor se lembra de mim?

— Claro… O marido que desapareceu. Você perdeu a memória.

— O senhor pediu para eu ligar… Se eu… Me lembrasse de algo — travava a voz de propósito. — Sobre o desaparecimento… Do Leandro. Porque depois do acidente, eu não consegui ajudar muito.

—Isso já faz…

— Quase um ano.

— Exato. Quase um ano.

— A médica disse que eu me lembraria, aos poucos. Eu me lembrei.

Ela ouviu a respiração pesada do policial. Uma voz de mulher perguntou para ele o que estava acontecendo, dizendo que era muito cedo, que era para desligar.

— Eu me lembrei da noite anterior ao desaparecimento.

Enquanto falava, seguiu para a porta de entrada.

— As investigações não deram em nada.

— Mas não podem deixar de procurar Leandro. Alguém precisa encontrá-lo.

Cruzou a frente e parou perto do canteiro de rosas. Os pés nus tocando o gramado ralo.

— Senhora…

— Ele não morreu. Ainda está desaparecido — a voz dissimulando aflição arrancou um sorriso de sua boca no final da sentença.

Ouviu-o puxar o ar.

— Do que se lembrou?

— Nós bebemos champanhe. Namoramos, celebrando nosso primeiro encontro. Eu me lembro de que ele disse ter uma reunião importante no dia seguinte.

— Isso já está no seu depoimento.

— Está?

— Sim, senhora.

Olhou para o céu. As primeiras tonalidades de azul já despontavam. O dia prometia ser claro. Era verão ainda. E nem o barulho dos carros circulando conseguiu fazê-la sentir-se menos em paz.

O suspiro foi a deixa.

— Pode me ligar se lembrar de algo mais — o policial concluiu.

Fez uma pausa teatral.

— Obrigada, investigador Galvão.

Viu Tereza do outro lado da grade do portão. Sorriu, correndo ao seu encontro.

Digitou o código de segurança, fazendo-a entrar e se agarrou a ela.

— Ainda está com dor de cabeça? — A preocupação estava estampada no cenho franzido.

— Tomei alguns analgésicos.

— Tem certeza que está bem?

— Estou me sentindo uma nova mulher — confessou num sussurro. — Vem! — Envolveu Tereza em um abraço.

— Eu trouxe nosso café da manhã. — A amiga a fez parar. Abriu a sacola para que ela visse as compras. — Tudo o que você mais gosta.

— E eu acabei de me lembrar onde enterramos nossa infelicidade. — Parou em frente ao canteiro de rosas. Tereza tinha um brilho diferente no olhar. — As rosas nunca estiveram tão lindas e eu nunca estive tão feliz. — Viu Tereza sorrir, cúmplice. — Precisamos celebrar nosso florescer. A hora daquela nossa viagem para longe chegou.

 

N/A:

nascer
nas·cer |ê|
(latim nascor, nasci)
verbo intransitivo

  1. Sair do ventre materno.
  2. Sair do ovo.
  3. Brotar (da terra).
  4. Germinar.
  5. Começar a manifestar-se.
  6. Principiar a aparecer no horizonte.
  7. Derivar-se, provir (de outra coisa).
  8. Formar-se, constituir-se.
  9. Sobressair; formar relevo.
  10. Arrancar, sair, principiar.

Palavras relacionadas:

nascediçorenascernascituroopsígononadosurdiremanar

“nascer”, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/nascer [consultado em 16-07-2017].

 

Editado em 24/07.

 

49 comentários em “Cama de Rosas – Evelyn Postali

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  1. Cama de Rosas é um conto que vai revelando seus mistérios aos poucos, de forma sutil, fazendo com que sintamos vontade de continuar com a leitura. Descobrimos junto da protagonista (vilã) acerca dos fatos sombrios que cercam seu passado e entendemos os motivos para ela ter feito o que fez. É uma história muito boa e cercada de suspense. Vejo aqui potencial para que possa aumentar… 😉

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    1. Kaio!
      Obrigada por vir aqui e deixar suas impressões sobre o conto. Os filhos nossos de todos os dias, querido beta e amigo, são um orgulho. Sinto muito prazer construindo as histórias. Obrigada por seu carinho! Beijos!

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  2. Simplesmente perfeito. Quando vc começa a ler nem tem idéia do conteúdo. Ou melhor sua mente passa longe do significado. Na realidade o conto é como se fosse realmente uma rosa… cada pétala é uma informação e nos surpreende totalmente. Incrível! !!

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    1. Bel! Que surpresa encontrar o seu comentário! Eu amei! Obrigada pelo carinho e pelo cuidado. Sou eternamente grata a você pelo tanto que me incentiva e pela amizade. Obrigada de coração! Um grande e carinhoso abraço.

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  3. Olá Evelyn. De surpresa em surpresa, cheguei a duvidar se ela teria realmente perdido a memória, mas logo percebi que um ano seria tempo excessivo só para dar veracidade à coisa. Fez-me recordar o enredo de um filme que vi há pouco tempo em que as duas combinam que a casada se faz passar por louca e mata o marido num ato de sonambulismo involuntário e só no final percebemos que foi tudo esquema. Está muito bem construído, lê-se de uma penada e com curiosidade crescente. Parabéns! Um beijo.

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    1. Oi, Ana! Fico feliz que tenha gostado da história. Obrigada pela leitura e apontamentos. Joanne é muito esperta, mesmo. Não conheço esse filme do qual fala, mas parece um bom roteiro. Obrigada novamente. Abraços!

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  4. Olá! E depois dizem que não existe crime perfeito, não é? Acredito que, mundo afora, isso possa sim, acontecer. Apesar da crueldade, gostei da personagem Tereza, pela paciência até a amiga recuperar a memória. Um bom conto, bem estruturado, de modo que a gente quer ler cada vez mais para descobrir o que realmente aconteceu.

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    1. Se existe crime perfeito, Vanessa, não sei. Mas a Joanne e a Tereza planejaram direitinho. Lógico, tiveram a sorte de a polícia não assistir a muitos filmes policiais. Agradeço a leitura e apontamentos. Obrigada! Abraços!

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  5. Suspense na dose certa, dois temas polêmicos (assassinato impune e romance homossexual) e um desenvolvimento organizado, coerente. Acho seus textos de uma clareza que a meu ver é um dom básico, assim como o cuidado com as palavras. Os sentimentos vão sendo descortinados e o leitor vai se enovelando na trama. O nascer, aqui é um renascer para outra vida, para as protagonistas, mais feliz. Parabéns! Abraços.

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    1. Obrigada por suas palavras amáveis, pela disposição de ler e comentar. Tentei fugir do entendimento básico do verbo nascer, trazendo esses dois temas, como você disse, polêmicos, para, também, instigar, refletir. Obrigada, novamente. Grande e carinhoso abraço!

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  6. Um conto que vai se revelando aos poucos, como camadas a serem desvendadas cheias de mistério e suspense que vão envolvendo o leitor. O sentido do verbo nascer adquire um significado próprio neste texto envolvente. Parabéns!

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  7. Olá Evelyn,

    Um bom conto de suspense. A trama vai se revelando aos poucos, mantendo a atenção e o envolvimento do leitor.

    Anotei algumas repetições que, caso não sejam propositais, talvez pudessem ser eliminadas na revisão.
    “Abriu a porta lateral do espelho. Abriu o frasco com as mãos trêmulas.”
    “Tudo estava voltando de forma dolorosa. Voltou a …”

    Ainda para a revisão, acho que fica melhor “dois copos de uísque….lembraram-na”.

    É isso, amiga. Espero ter contribuído. Grande abraço.

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  8. Oi, Evelyn,

    Tudo bem?

    Bela escolha da autora por um dos possíveis sentidos do verbo nascer.

    “Começar a se manifestar” permeia todo o conto através da reconstrução da memória da personagem. Dessa forma, o leitor é convidado a espiar a história através dos vislumbres de memória da protagonista. Assim, a trama se constrói para o leitor ao mesmo tempo que se descortina para a própria protagonista, em uma técnica muito bem empregada.

    O interessante é notar que através dessa memória a personagem poderá se lançar em caminhos diversos que, igualmente “começam a se manifestar”. O que acontecerá a partir do retorno da memória? Culpa? Alívio? Raiva? Um novo assassinato? Acusações mútuas entre as amantes? Ou a paz reinará na certeza da morte de sua infelicidade?

    O certo é que a narrativa mereceria continuidade, afinal ficou a curiosidade e o consequente gostinho de quero mais também começou a se manifestar.

    Parabéns, como sempre.

    Beijos
    Paula Giannini

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    1. A Kyanja Lee me alertou sobre esse conto ter muito chão pela frente. E talvez, uma reescrita possa acontecer. Eu não tinha pensado no antes e no depois, mas posso rever e acrescentar na história algumas outras referências e tornar esse conto bem maior. Obrigada pela leitura, Paula, e pelo comentário. Um grande e carinhoso abraço!

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  9. Uau! Tens a verve do suspense, né? Eu adoro! E a tua protagonista, mais a Tereza… tem mulher que quando é boa é boa, mas quando é ruim é ótima! rsrs Muito interessante, apesar dos clichês dos filmes de suspense, a maneira como vc constrói a trama, de forma que quando a gente acha que sabe o que vai acontecer, descobre que não sabe é de nada! Parabéns!

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    1. Ah… Que legal! Agora quero saber onde moram os clichês na minha história. Optei por veneno porque nas pesquisas policiais, ele é uma das armas femininas, então, queria mesmo que tivesse o lado comum da coisa. Mas quero saber dos outros. Por favor. Obrigada pelos apontamentos e comentário. Grande e carinhoso abraço!

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      1. Então, querida Evelyn! O seu conto é muito bom, mesmo com o limite de palavras vc consegue criar o suspense e isso é muito difícil. Quando eu falo em clichê, me refiro mesmo a essa sensação de que estamos assistindo um filme de suspense. A estrutura e a linguagem que vc utiliza no conto levam o leitor a ter essa impressão. As cenas são concatenadas cronologicamente, como as frames de um filme. Apesar da personagem estar “se lembrando” de algo ocorrido no passado, ela lembra os acontecimentos em ordem cronológica. Aos leitores/espectadores resta acompanhar a personagem para desvendar o mistério.
        Nesse sentido, algumas cenas são bastante comuns em filmes do gênero, como, por exemplo, a cena dela no banheiro, tomando os analgésicos, os comprimidos quase caindo das mãos tremulas. O próprio recurso dos flash backs também é muito utilizado no cinema. A cena final, que nos diz q o corpo está enterrado sob o canteiro de rosas também é recorrente.
        Como eu disse antes, o limite de palavras às vezes obriga o autor a usar certos recursos, correr com as cenas, pra que todas as informações importantes ao leitor caibam no seu conto. Imagino que venha daí a sua necessidade de fazer com que a personagem se lembre de todo o ocorrido em poucas horas, logo após uma noite de bebedeira. Mesmo assim, sua história é forte, fica gravada na nossa memória, o leitor termina o conto com a sensação de que nada falta, está tudo ali. Reitero meus parabéns, Evelyn!

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  10. Oi, Evelyn!
    Gostoso mesmo ir acompanhando o desvendar do enredo junto da protagonista. Seu texto flui e instiga e provoca, fiquei com raiva dessas meninas ae saírem incólumes.. rsrs
    Não entendi bem onde enterraram o homem, o canteiro de rosas? Mas e a outra informação sobre ir de carro a tal lugar e apagar pegadas e voltar de bicicleta?dae choveu e Joanne foi buscar a amante e teve o acidente, Acho q preciso reler rsrs
    Acho que os clichês a que a colega se referiu é que é meio comum histórias de mulher assassinando o marido de um casamento ruim, pra ficar com o amante, mesmo sendo com a amiga, tb não acho isso muito original.E perda de memória onde o desmemoriado lembra-se de q é um assassino tb é bem recorrente.
    Achei q o toque bem legal foi a delicadeza do final feliz, mesmo que seja de duas criminosas.
    é um bom texto, parabéns e dá sim, pra isso se transformar em uma novela!
    Abração

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    1. Obrigada pela leitura e comentário! kkkk Sim. Talvez devesse reler para ter certeza. Assim pode apontar algumas coisas que ficaram, talvez, não ditas, ou não claras. Obrigada de toda a forma. Um grande e carinhoso abraço, mulher!

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      1. ahh .. reli e saquei, ela levou o carro pra longe, pro teatro do desaparecimento dele, mas ele mesmo foi enterrado no canteiro e qd recuperou a memoria, a assassina ligou pro detetive pra cumprir um dos passos do plano, mas este já tinha sido cumprido, ela q nao lembrava rsrs entendi agora?!
        Reli e fiquei com mais raiva dela ainda hahuha
        ótima história, prestei bem atenção no teu trabalho textual e está maravilhoso!
        Ahh tem um Eza escrito com x… arruma lá.
        bjins

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  11. Olá Evelyn, bela construção, roteiro de filme, para a sorte da protagonista, e como diz a bela canção: “As rosas não falam”. Legal o suspense criado, é de se imaginar que o marido também havia morrido no acidente. Tolinha eu. Na boa, fiquei torcendo pra ela deixar algum furo e o investigador pegá-la na tampinha. Quem sabe pra Cama de Rosas parte 2, depois de ela viver o tórrido romance com a amiga. Ah, só uma coisinha pra correção, e me corrija se estiver errada. O tempo verbal da frase: Eu levantei tarde. Fiz o que normalmente faço. Tomo café, ajeito a casa, organizo a casa, preparo o almoço”. Não seria tomei café, ajeitei a casa….Só isso. Texto redondinho. Parabéns.

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    1. Obrigada, Roselaine! Já vou editar aqui e corrigir o tempo verbal. Obrigada pelos apontamentos. Bom saber que gostou do texto. Mas talvez não tenha continuação, não. Elas viveram felizes para sempre. kkkk Um grande e carinhoso abraço!

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      1. olha.. ninguem tá torcendo pra esse romance ser ‘felizes para sempre’ rsrs coitadas destas personagens!

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  12. Oi Evelyn, que baita suspense heim…
    De início eu simpatizei pela protagonista, coitada, desmemoriada e com o marido sumido. Depois você foi desenrolando a estória de uma forma deliciosa e quando percebi que as duas tinham tramado para dar fim ao coitado do marido, me senti enganada….kkkk aí fiquei com muita raiva das duas. Ótimo conto! O desenvolvimento foi perfeito para causar o efeito esperado. Parabéns!!

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  13. Método TFI – Trama – Fluidez – Impacto

    Trama: Como é que vou contar isso? A trama vai e volta e faz o leitor ir junto, levantando tapetes, cavando canteiros e ocultando pegadas. Sensacional, mulher. Escrita muito elegante, ambientação soberba, uma história para lá de bem tramada. Fiquei boba. Seu texto tem uns toques rodrigueanos muito bem pincelados, mas vai muito além. Sabe aqueles filmes que passavam no Supercine? Eu me senti dentro de um. Palmas, palmas.

    Fluidez: Como eu sou lenta tive que ter paciência para entender cada lance e suas repercussões, mas depois que eu montei o quebra-cabeças, babado voou.

    Impacto: Perfeito, surpreendente, misterioso, cheio de reviravoltas, muito bem conduzido e bem escrito. Um roteiro pronto para um filme.

    Lacrou.

    Iolanda.

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    1. Iolanda, mulher! Tá me devendo um ego novo e uma plástica. O ego subiu feito balão de gás e as orelhas foram engolidas pelo sorriso. Obrigada. Muito obrigada. Fiquei muito feliz que gostou. E amei a maneira que você encontrou para comentar. Ficou muito impactante isso. Essa coisa de Método TFI ficou elegante, objetivo e completo. Não saberia fazer esse tipo de comentário. Sempre me pegam pela emoção, aí desanda. Obrigada pela leitura e pelo comentário. Um grande e carinhoso abraço!

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  14. Oi, Evelyn.

    Um conto bem instigante, me prendeu do início ao fim. Sua narrativa tem bastante fluidez. O jogo de presente e passado relatando as memórias foi uma boa forma de conduzir o mistério.

    Confesso que quando falou em marido desaparecido eu já matei a charada. Apostei que ela o matou é que estava enterrado no jardim, já que deu um destaque significativo a ele. Mesmo assim não tirou minha curiosidade pra ver o desfecho.

    Um ótimo conto, parabéns.

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    1. Obrigada por ler e comentar, Amanda. E não tem muito mistério, mesmo. A morte do marido não deveria ser o ponto principal desse conto. E fico feliz que tenha gostado. Obrigada. Um grande e carinhoso abraço!

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  15. Sabe do que me lembrei? Do Gil Gomes contando um daqueles casos tenebrosos. Os ossos do assassinado servindo de adubo para uma bela roseira.Medo!
    Também encontrei referência ao filme das irmãs bruxas – Da Magia à Sedução, pois tem algo a ver com um cadáver que faz florescer uma linda roseira trepadeira. Além disso, o começo com a desmemoriada Joanne me fez pensar em Para Sempre Alice.
    O suspense foi muito bem trabalhado, prendendo a atenção do começo ao fim. Por um momento, achei que a moça ia se entregar à polícia movida pela culpa.
    Parabéns pelo trabalho!

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    1. Obrigada pela leitura e comentário, Cláudia! Que bom que você lembrou de tudo isso! Gil Gomes… Quem diria! kkkkk Eu acabei me lembrando dele agora e ri muito. Acabei gargalhando. Tadinho do moço, pensando na crueldade. Mas Joanne é fria e sem amor. Gostei muito das referências que citou. Obrigada. Um grande e carinhoso abraço!

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  16. Puxa Evelyn, que conto, hein!
    É um drama-romance-policial de primeira qualidade. Eu gostei bastante.
    Entendi válida e tranquilamente a energia do verbo nascer no contexto. Certamente Joanne (re)nasceu após a vinda do hospital.
    Tudo super bem arquitetado e a vida – insana – seguiria feliz agora.
    Eu assisti a um filme aqui. E muito bem contato.
    Parabéns!

    Eu deixo como única crítica construtiva esse erro de revisão aqui: “A taça sendo retirada da mão de Leandro antes que ele buscasse apoio na cama e a queda sobre a mesma.”
    O que ocorre é a colocação da expressão “a mesma” de forma incorreta. Poderias trocar por “sobre ela”. E só.

    Super abraço!

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    1. Obrigada por ler e comentar, Sabrina! Que bom que gostou. Fiquei super feliz. Confesso que pensei em escrever ‘sobre ela’, mas a junção das palavras me pareceram erradas. Por isso optei por ‘sobre a mesma’. Já retomei a antiga ideia. Contudo, se vier à minha mente alguma outra finalização para essa frase, trocarei sem pestanejar, só pelo fato da junção das palavras ‘sobre ela’ me incomodar. Mais uma vez, obrigada pelo comentário. Um grande e carinhoso abraço!

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  17. “E aquilo lhe incomodava demais: voltar a ser como antes, mesmo não lembrando.” – Esta frase nos leva para um labirinto de mistério, aparentemente, sem volta. Mas a agonia da volta da memória foi pior ainda. Você sabe manipular o leitor. Ficaria Joanne tão incomodada, ao lembrar-se do que fez, ao ponto de se entregar?

    Sugestão: Não mostrar de cara o canteiro lindo de rosas. Esse título (perfeito) me conduziu direto para um túmulo ao saber do jardim e do desaparecimento do marido. Faltava só saber como foi. Aí teve a noite romântica preparada para o marido; só que não. Gostei do final feliz; menos para Leandro, claro, que virou adubo.

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    1. Obrigada pela leitura e comentário. A intenção não era mesmo esconder o crime, mas mostrar como ela agiria com a volta da lembrança, a cumplicidade de Tereza, a espera, e finalmente a revelação de uma mulher muito fria. Um crime, talvez, perfeito. Obrigada mais uma vez.
      Grande abraço!

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  18. Oi, Evelyn!
    Indubitavelmente, um conto/crime perfeito. Joanne e Tereza forjaram tudo muitíssimo bem, e deixando de fora nossas sanidades sociais, como dizem – no amor e na guerra, vale tudo (?).
    Vi seu conto se transformar em um filme de suspense, dos melhores, realmente tem potencial para um livro, tenho certeza.
    Sua escrita é muito forte nas imagens, consigo visualizar as cenas, talvez pelo seu talento com a fotografia, e por eu ser muito visual, o conjunto é 1000!
    Parabéns!

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    1. Uau! Obrigada! Obrigada pela leitura e comentário. Sim. Você tocou em um ponto bastante delicado – motivo pelo qual estava com receio de publicar o conto – essa junção de elementos (Joanne e Tereza, crime, fuga, sem arrependimentos). Tenho que concordar: sou muito visual. Está impregnado em mim. Mas fiquei super feliz pela avaliação.
      Um grande e carinhoso abraço!

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  19. Oi, Evelyn!

    Entendi a morte de uma vida a dois e o nascer de outra vida. Que nascer, hein? As revelações foram surgindo aos poucos, e fez crescer as expectativas. O lance das rosas dá um toque suave ao acontecimento macabro.
    Gostei de sair um pouco dos nascimentos convencionais.
    Parabéns!

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    1. Que bom que gostou de sair do nascimentos convencionais. Eu não me enquadro na escritas desses nascimentos, então, fugi para o meu reino avesso ahahahahah Mas um dos sentidos do verbo nascer está aí. Desafio cumprido, eu creio. Obrigada por ler e comentar. Um grande e carinhoso abraço!

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