Sortilégio – Iolandinha Pinheiro

Ela apareceu, pela primeira vez, no final de uma manhã de outono; trazida pelo sopro frio do vento. Não tinha pressa, nem sabia o próprio destino; apenas ia em trajetória oblíqua, entre os troncos e cipós que lhe roçavam o vestido cinza.

Quando chegou ao centro do bosque, sentiu que havia finalmente encontrado seu objetivo. Os pés descalços afundavam ansiosos na terra negra, roçavam as raízes afloradas e meio apodrecidas pela chuva. Trazia na boca o sabor magnetizante da vontade, desejo que a custo continha…

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Rebeca pegou o coração entre as mãos, controlando a vontade de vomitar. Colocou a peça sobre a tábua da cozinha e fez um corte diagonal, até separá-la em duas partes. Depois de um dia inteiro marinando, numa vasilha de azeite com especiarias, o órgão havia amolecido e ganhado um cheiro um tanto nauseante de alho, canela com açafrão e sangue velho.

A panela de barro borbulhava com o molho vermelho de tomates e pimenta caiena. Rebeca colocou na assadeira o coração com um bonequinho de madeira entre as duas metades, amarrou o órgão com um cordão e pôs no forno.

O livro que continha a estranha receita estava aberto sobre a mesa. Ela o havia achado na primeira faxina que fizera no porão da sua casa. Estava jogado no chão do cômodo, entre móveis quebrados. Não era exatamente um livro, mas um caderno com caligrafia elegante.

O marido, militar, dava treinamento de selva a cadetes, então ela gastava seus dias testando as receitas, colhendo ervas, fazendo caminhadas. Foi numa das tardes solitárias que se deparou com aquilo. Era uma espécie de simpatia para segurar gravidez, e exigia que fizesse um assado com o coração de um animal abatido pela pessoa que fosse cozinhá-lo.

Depois que foi morar na casa do bosque, descobriu que estava esperando o segundo bebê; o primeiro ela havia perdido na trigésima semana. Não considerou tentar a receita até que, perto do sexto mês, percebeu marcas de sangue em suas roupas. Relutou durante algum tempo, mas em um dia de maior solidão, saiu para a sua caminhada habitual com a pequena navalha escondida no bolso do vestido.

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Abriu seus seculares olhos e cegou, momentaneamente, com a súbita luminosidade. Alguém a convocara. Onde? Para que? As lembranças de suas muitas vidas eram como grãos de areia em um prato de porcelana, fluíam rapidamente pelo ar. O desejo de atender ao apelo era tão imperioso quanto a vontade com a qual lhe chamavam.


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A primeira dificuldade foi esculpir o pequeno boneco em forma de bebê, conforme o desenho no livro. Depois que matasse o animal, deveria arrancar o coração e temperá-lo conforme instruções, colocar a peça esculpida entre as duas metades do órgão, e assá-lo com o molho apimentado. Nas primeiras tentativas, a navalha resvalava e fazia cortes em suas mãos. Como o tempo foi ganhando habilidade, até conseguir fazer o brinquedo. Feito o boneco, precisava encontrar o coração.

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Carlos era um viúvo sem filhos quando conheceu Rebeca. Ficou encantado com a moça exuberante, charmosa e cheia de admiradores. Os quinze anos de diferença entre os dois não impediram a paixão que os consumiu e que o fez pedi-la em casamento no terceiro mês de namoro. Os problemas começaram a surgir ainda no primeiro ano. A moça não se adaptava à vida de casada, queria ainda frequentar as festas com as amigas e dançar com rapazes da mesma idade. Quando engravidou a primeira vez, Carlos achou que tudo aquilo acabaria. Mas sempre que voltava de suas viagens a trabalho ouvia o zum-zum-zum pela cidade falando dos encontros da esposa com um primo, nas casinhas que ficavam por trás da linha do trem. Numa de suas viagens foi dispensado antes do dia de costume. Comprou umas roupinhas para o bebê e voltou para casa.

Era meio da tarde quando chegou. Não havia ninguém na sala ou na cozinha, foi seguindo as vozes até o quarto. Escancarou a porta com força e encontrou o quarto cheio. A mãe de Rebeca, uma tia, o médico e a vizinha estavam lá. Sobre a cama estava o feto morto de seu filho, em um mar de sangue entre os lençóis de linho, e sua esposa, pálida e silenciosa, olhando para a janela. Carlos se sentiu um monstro em ter pensado mal de Rebeca. Ficou com ela até que dormisse. No dia seguinte pediu licença no Exército. Estava sempre por perto, cobrindo-a de carinhos.

Mesmo com toda a atenção do marido, Rebeca vivia pelos cantos, triste, chorando; se lamentando pela perda do bebê. Tudo fazia com que ela se lembrasse da sua morte, principalmente o quartinho, todo decorado, que havia montado para esperar o filho.

Foi por isso que, quando recebeu o convite para treinar os jovens cadetes numa área isolada da mata bem longe dali, Carlos aceitou, achando que a vida nova iria fazer Rebeca melhorar. Para que não ficasse tão sozinha, trouxe para casa um cãozinho, já passando de filhote para cão adulto; um vira-latinha simpático e cheio de energia, de pelos amarelos e olhos castanhos, chamado Edgar.

As coisas iam sem sobressaltos, até que Rebeca voltou a engravidar. Aí vieram os temores, as sombras, os sonhos, as visões… Quando Carlos percebeu que a mulher havia se interessado por um antigo caderno de culinária, achou que ali poderia ser a solução para os receios e a depressão dela.

_____________

Todas as sextas-feiras, depois de fazer suas tarefas domésticas, Rebeca e Edgar saíam pelas veredas do bosque em busca de uma presa. Na primeira vez, andaram até um sitio, perto da casa deles, onde eram criados coelhinhos brancos para abate. Na maior parte do tempo, eles ficavam presos, mas um ou outro escapava das gaiolas e ficava deambulando perto dos limites do sítio. Demorou para escolher um, eram todos tão lindos! Quando definiu qual seria, pegou uma pedra e a jogou.

Logo, Rebeca aprendeu que quanto menores fossem os animais, menos pedaços asquerosos de coração ela teria de comer; assim foram gatos, coelhos, cães… Esperava, com ansiedade, que o dia de parir chegasse logo, para poder abandonar aquela dieta. Já estava com oito meses de gravidez quando coisas estranhas começaram a acontecer.

Por volta das oito horas, era comum que o casal se recolhesse e Edgar ficasse da cozinha para o quintal, até dormir perto da macieira quando não estava muito frio.

Ultimamente, porém, o cachorro latia durante muitas horas. Quando Rebeca saía até o quintal para ver o que estava acontecendo, não havia nada lá fora, apenas o cachorro rosnando e saltando como se estivesse acuando um inimigo invisível. Depois de uma semana, ela já estava exausta e decidiu recolher o cachorro no porão todas as noites.

O tempo andava anormalmente frio. O vento gelado dava uma impressão de morte, sibilando entre os lençóis e os galhos da macieira como um uivo de desamparo e dor. Edgar não gostava mais de passear. Ficava vigiando a porta da casa e rosnando para o nada.

Faltava ainda um coração antes do grande dia, mas Rebeca se sentia fraca e pesada demais para arrumar algum. Foi então que ela se lembrou do seu cão.

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Depois que chegou à velha casa, descobriu porque estava ali. Mantinha uma certa distância para poder observar: o homem, a moça grávida e o cão amarelo.

Sempre que os três saíam, ela entrava na casa. Mudava algumas coisas de lugar, levava às narinas geladas as roupas que estavam no cesto, sentia a vida. Desejava o quarto do bebê, uma mãe, fotos suas no álbum que folheava com seus dedinhos roxos. Saía antes que chegassem. Logo, estaria com eles para sempre… Para sempre.

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Era a última sexta-feira daquele mês e Rebeca acordou extremamente cansada.

Esperou o marido ir trabalhar e andou, com muita dificuldade, até a cozinha. Sabia o que precisava fazer. O cão estava lá fora, latindo e rosnando como sempre. Pegou a faca e se lamentou de não ter colocado uma corda para atá-lo à coluna da varanda.

Quando abriu a porta, não acreditou no que via. O cachorro latia cheio de ódio. Na sua frente, pálida como um cadáver, cabelos lisos e grandes olhos verdes, havia uma menina.

E então a garota olhou para ela:

– Você chamou por mim, e eu vim atender…

Rebeca ficou tão apavorada que soltou a faca que havia trazido para sacrificar Edgar. Foi andando de costas até a cozinha, procurando o caderno de culinária para jogá-lo ao fogo. A menina a seguia, calmamente, sem que os próprios pés tocassem o chão.

O fôlego da mulher faltava, as dores começaram a avisar que o momento havia chegado. Não havia mais escolha. Deitou-se sobre o chão frio e esperou que a natureza fizesse a sua parte.

A menina chegava cada vez mais perto e já tocava sua mão com os dedinhos gelados.

– Você está aqui para me matar?

– Não…

– Você veio pegar o meu bebê?

– Eu não… Ele veio – respondeu a menina, apontando para o cão que, naquele momento, entrava pela porta.

– Edgar…

O cachorro estava três vezes maior que o tamanho original. As presas em sua boca haviam crescido. As garras das patas dianteiras arranhavam o piso da cozinha, causando um ruído desagradável e assustador.

Rebeca olhava para a menina e o demônio a sua frente sem saber o que fazer. As dores aumentavam e era hora de trazer o bebê ao mundo.

À medida em que a criança nascia, a imagem da menina ia se dissipando. Antes de perder os sentidos, Rebeca ainda teve tempo de perguntar.

– Mas, afinal, quem é você?

– Sou sua filha, mamãe. Você me chamou e eu vim.

E então a menina sumiu.

_____________

Carlos demorou além do normal naquela sexta. Um dos cadetes havia sido picado por uma aranha e, mesmo tendo sido levado para o hospital, em poucas horas estava morto, O corpo estava completamente inchado e a pele, arroxeada no local da ferida, criava pústulas e ameaçava rachar. Ninguém nunca tinha visto uma reação tão violenta ao veneno de aranha como aquela. Só depois de ter providenciado o transporte do corpo do garoto para o quartel, e terminado de escrever o relatório, foi que pegou o jipe oficial para voltar para casa.

Andava muito preocupado com o estado mental da esposa, e tinha um grande receio que ela fizesse alguma loucura com ela própria ou com o filho.

Os vizinhos haviam se queixado de ter visto Rebeca furtando seus animais, e só não fizeram nada porque ele pagava sempre pelos prejuízos. O que mais assustava Carlos, no entanto, era a insistência da esposa em afirmar que o cãozinho que ele havia trazido para ela ainda estava lá. Edgar havia morrido duas semanas depois que ele o havia trazido. Mas ela dizia que o pobre cão estava lá e não a deixava dormir, de tanto que latia.

Já havia decidido que ia voltar com a esposa para a cidade e ia internar Rebeca. Não podia deixar o bebê nas suas mãos.

Quando finalmente chegou em casa, tudo estava revirado. Havia uma mancha enorme de sangue no chão da cozinha e panelas caídas por todos os lados.

Foi andando lentamente até o quarto. Rebeca estava lá, sentada na cadeira de balanço, amamentando um lindo bebê careca.

Aliviado, Carlos pediu para pegar a criança. Era uma menina de sobrancelhas ruivas e grandes olhos verdes. Sobre a cômoda branca, onde estavam guardadas as roupinhas da filha, o velho caderno de receitas.

52 comentários em “Sortilégio – Iolandinha Pinheiro

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    1. Minha flor do Espírito Santo. Que bom que vc gostou. Mas vc foi muito além disso, querida. Você, deu pitaco, apontou problemas, ajudou a arrumá-los, tudo isso na correria, porque eu comecei a escrever ontem e foi um Deus no Acuda para terminar no prazo. Então, só tenho a agradecer. Esse conto só deu certo com a sua valorosa e calorosa ajuda.

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  1. A autora escreve com tanto trato e elegância que sempre achei que seus contos beiravam o lirismo antes de serem rotulados de terror. Mas nesse em especial, além do magnífico artesanato com as palavras, Iolandinha Pinheiro amarra e conduz tão bem a trama, que as até o peso das bens compostas frases acabam por ceder ao mistério e ao medo. Um conto de terror verdadeiramente! Inteligente, maligno, e desses que custa-se a crer ter sido concebido por florzinha delicada. Um conto com jeitão meio careca e com os olhos rubros…Um conto pronto para virar roteiro. Um dos melhores dela, se houver como escolher. Destaco as cenas finais… arrepiantemente…ou demoniacamente…maravilhosas!!! Pra mim, um espetaculo para ser aplaudido de pé.

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    1. Zeca, que maravilha! Adoro terror e fico muitíssimo feliz quando acerto e consigo agradar um leitor em cheio, como foi o seu caso. A melhor coisa para um escritor (e você sabe disso porque também escreve) é ter leitores e saber a opinião deles, neste exato momento você sente que está no caminho certo, que tem futuro como escritor, que há alguma dose de talento e paixão no que você faz. Amigo Zeca, você fez meu dia ficar mais lindo. Sua presença sempre alegre, generosa, e cheia de charme faz um grande bem a todos que têm o enorme prazer de ter conhecer e compartilhar com você as coisas boas da vida. Grande a caloroso abraço.

      Iolanda, a autora.

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  2. Querida Iolandinha,

    Tudo bem?

    Você tem uma veia para o terror, para morte de criancinha e cachorros. rsrsrs

    Já fiquei com medo da imagem, que já conhecia devido a uma pesquisa que fiz para o cartaz de um espetáculo que produzi, mas mesmo assim, sinto medo dessa menina sem olhos. Ui, ui, ui.

    Agora, falando sério. Você é uma contadora de história nata. Sabe conduzir seu leitor sem pressa, sem se perder, com coerência mesmo no campo do fantástico.

    A cena do coração sendo cozido é forte e dá quase para sentir o cheiro daqui, o gosto. Você criou cenas muito vívidas e sensoriais. O ato de comer o coração para assegurar a vida é um ícone muito forte. Um símbolo utilizado em contos de fada, de magia, e muito bem escolhido por você, aqui.

    Outro ponto que me chamou a atenção foi a menina de dedos roxos e frios, vindo ao encontro de sua mãe. Provavelmente a mesma alma da primeira gravidez, da pobre criança abortada. Achei inspirador. Você sempre faz isso comigo. Planta ideias para novos textos. 😉

    Parabéns.

    Beijos
    Paula Giannini

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    1. Oh, felicidade ver uma autora que eu respeito e admiro (muito) gostando do meu conto. Uma delícia ler isso, florzinha. Vc é multitalentosa, uma inspiração para todas nós. Bom demais estar entre escritoras de quilate. Abraços, volte sempre.

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  3. Olá, Iolandinha! O conto de terror é envolvente e o leitor é fisgado logo nas primeiras linhas sem ter como deixar a leitura. E ela se desenrola passo a passo até chegar ao clímax. Muito bom! Parabéns”

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    1. O terror já está virando a minha marca aqui, não é? Obrigada pelas generosas palavras. Adorei o seu conto, muito divertido. Li e ainda não comentei, mas vai ser hoje mesmo. Beijos.

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  4. Oi!!
    Será que o homem sabia que aquele livro tinha umas receitas tão peculiares? rsrs
    Ah.. eu tava aliviada de que ele não matasse o cãozinho… O cão levou a verdadeira alma da criança para que a menina de dedos roxos ficasse em seu lugar?!
    Nossa, achei este conto muito bom, mulher!! Parabéns
    Dá uma enorme saga a partir dae com as peripécias desta menina que deve ser um anjo de candura, hein.. 🙂
    Abraços

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    1. Oi, Kinda! Sempre adoro quando você gosta dos meus contos! Eu deixei, de propósito, várias questões abertas. Aí o leitor vai decidir quem era quem, quem estava envolvido e coisa e tal. Obrigada pela visita e pelo generoso comentário. Cheiro.

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  5. Criatura… Que tenebroso esse seu conto. Digno de se transformar em um daqueles filmes que se fica tapando os olhos nos momentos de tensão. Dá um pânico, um não querer ler. Está de parabéns, dona moça. Um grande e carinhoso abraço!

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  6. Que forte a sua história. Está muito bem narrado o conto. Ele prende a atenção e é gerador de ansiedade. Uma coisa que reparo e que acho muito legal é essa sua habilidade em narrar os acontecimentos a partir de dois níveis distintos, tal fora se caminhassem em paralelo. Que criatividade tremenda esta sua a imaginar uma história assim. E digo isto tudo mesmo considerando que o terror não é minha praia.

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    1. Amigo e companheiro em tantos grupos, obrigada por ler meu “contim véi”, despretensioso. Você é um autor de peso, e que traz textos maravilhosos para deleitar os leitores. Sou sua fã, meu querido. Seja sempre esta pessoa elegante e querida. Abraços.

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  7. Oi Malvadinha Pinheiro,

    Finalmente cheguei ao seu conto.
    Muito bom. Dessa vez, a narrativa me pareceu sem defeitos. Nem lacunas, nem excessos de descrição, nem solavancos nas transições. Parabéns! O enredo, como sempre, muito bom. Elementos clássicos do terror muito bem orquestrados. Ambientação e personagens sinistros. Parabéns, mais uma vez!
    A ressalva que faço, muito amorosamente, é quanto ao estilo da narrativa, muito semelhante aos dois contos anteriores seus que li: histórias paralelas que se juntam em determinado ponto. Como exercício de aprimoramento, perfeito. Para os leitores, entretanto, pode ficar uma sensação de dejá vu, agradável para alguns, mas que pode desinteressar outros.

    Sobre a linguagem, adorei as aliterações do trecho abaixo. Soaram como o vento frio e sinistro que atravessa o conto. Queria mais…Quem sabe no próximo conto você explora mais esse seu talento poético.
    “Abriu seus seculares olhos e cegou, momentaneamente, com a súbita luminosidade. ”

    Beijo grande, amiga!

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    1. Olá, Elisa! Obrigada. Sobre a questão de mais de um ponto de vista, é um recurso para enriquecer a trama. Na verdade o narrador desta história é onisciente sobre os pensamentos e loucuras dos personagens. O Conto A Vida sem Dora, o meu de estreia aqui, já tem o narrador personagem. De início eu ia fazer o conto no estilo mais linear, mas para poder enganar os leitores foi necessário estabelecer dois fluxos de consciência – a história sob o ponto de vista do marido e da esposa, e o elemento surpresa, a menina que seria a alma da filha. Acho que a explicação está ficando mais confusa que o próprio conto. Ainda tenho muito a aprender para conseguir fazer contos mais consistentes e sem quebras. Eu chego lá. Um grande abraço, sou sua fã. Cheiro.

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  8. Iolanda, gosto muito quando você explora esse seu lado, digamos, “sombrio”.

    Apesar da “veia terrorista”, a sua marca é a escrita garbosa. E aqui, é evidente o requinte na escolha das palavras. Há um charme “medonho” em algumas construções de frases.

    Você sabe como conduzir uma trama. ❤

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    1. Olá, querida Bee. Desde o início percebi que esta característica (tão minha) agradou este seu gosto refinado (tão seu). Lutei bastante para que o povo entendesse que eu não forçava a sofisticação, mas é coisa da minha escrita mesmo, não consigo me libertar. Vou tentar isso, agora, no desafio comédia. Sempre é bom ser avaliada por você, minha cara Mortícia. Um abraço apertado.

      Outra Bee.

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  9. Definitivamente, você sabe lidar com as sombras. Temos aqui um belíssimo conto de terror. Ideia Bem trabalhada dentro de um clima de suspense delicioso. Prendeu minha atenção com tofos os detalhes da narrativa. Parabéns

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    1. Agradeço a visita e o comentário tão generoso. Ainda há muito o que aprender neste gênero literário, mas o prazer em escrever suspense já é por si, um incentivo. Tenho aprendido muito sobre escrever com vocês. Um abraço, docinho.

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  10. Iolandinha King tocando o terror. Achei que o coração marinando, no início da história, era da própria Rebeca. Pois eis que a trama envolvente me surpreendeu com outro viés. Teve todos os ingredientes para prender o leitor, emoção, concisão, fluidez da narrativa, e pontas abertas para a interpretação do leitor. Muito bom. Fui preparada para o pior, rsrs, mas nesse até que vc. foi boazinha no final. Parabéns miga.

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    1. O convívio com vocês deve estar me tornando humana, hahaha. Pois é. Gosto de enganar o leitor. Que bom que funcionou neste texto, mocinha. Também gostei muito do teu, que tem um pezinho no fantástico. Eu tento fazer textos fofos, mas a maldade sempre vence, rs. Bom sábado, chuchu. Um abraço.

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  11. Oi, Iolanda!

    Gostei bastante do seu conto, as Imagens tornaram-se tão nítidas na minha cabeça que quase dava pra sentir o cheiro e os sons do coração na panela. Isso claro, se deve a sua escrita tão apurada e descrições tão bem feitas.

    O mistério e a tensão permanecem até o final, em um curto espaço de tempo é possível ver toda a vida dos personagens, presente e passado…e no fim, dúvidas para o futuro.

    Fiquei tensa quando ela disse que iria matar o cachorrinho, aí a história sofreu um reviravolta e do nada não sabemos mais de nada. As pontas soltas deixam aquele ar de mistério e gosto de quero mais.

    Muito bom, Iolanda. Você é muito boa no que faz e esse gênero está na sua veia.

    Parabéns!!

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    1. Você é uma excelente escritora e fica melhor e mais profissional a cada dia. Muito obrigada, querida. Quando a gente faz o que ama as coisas se encaixam melhor, não é? Deixei o final aberto de propósito para dar margem às teorias. Obrigada pelo comentário generoso. Beijos.

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  12. Uou…
    Rebeca, Edgar, Carlos, o bebê, o livro…
    Tudo muito sinistro, muito interessante.
    Gostei muito.
    Achei fácil de ler e de entender todas as nuances.

    Tu deves ter percebido que provavelmente foi comida uma palavra lá no início do texto (provavelmente o verbo “estava”):

    “Depois que foi morar na casa do bosque, descobriu que esperando o segundo bebê, o primeiro ela havia perdido na trigésima semana de gravidez.”

    Parabéns pela veia do suspense / terror.

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    1. Olá, querida. Obrigada por apontar o erro, vou já lá corrigir. Nem todo mundo gosta de terror, então fico feliz que você e outras contistas estão conseguindo apreciar. rs. Um abraço, amiga.

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  13. Oi Iolandinha, que conto!! Primeiro tenho que confessar que não gosto de contos de terror. Quando era adolescente lia Poe e gostava bastante, mas só. Os únicos contos de terror que li de lá pra cá foram os do meu primo Marcos Leite, você deve conhecer por Folheto Nanquin, do RL. Então, dito isso, posso dizer que gostei muito desse conto. Um terror elegante, cheio de classe. Com um enredo muito interessante, uma trama que segura a gente até o final e a mistura certa do sobrenatural e do comum. Gostei bastante e olha que pra esse estilo me agradar é muito difícil. Parabéns!!

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    1. Vou tentar mesclar outros estilos aqui, para não ficar sempre com esta pecha de sinistra, kkkk. Acredite, eu escrevo até humor, mas me sinto muito mais à vontade fazendo coisas ruins com meus personagens. Deve haver alguma explicação psicológica, não é? Adorei o seu comentário, Priscila. Que venham mais contos meus, seus, nossos, e todos muito bons. Beijos.

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  14. Olá, Iolanda! Como adoro um bom conto de terror, me diverti muito com este. Todos os personagens, do bebê ao livro, tudo muito bem arquitetado, muito bem “agrupado”. Não sou boa com comentários, principalmente dos textos que mais gosto rsrsrs. O que posso dizer? Eu adorei, sem mais nem menos. A cena do coração foi angustiante e deu até ânsia. O estômago da mulher deve estar enjoado até hoje. Fico me perguntando qual será a próxima receita que ela usará hehehehe.

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    1. Agora você disse uma verdade, Vanessa. Quando o conto só agrada a gente não tem muito o que apontar ou sugerir. Então eu fico feliz que vc tenha ficado nesta situação, e tenha se divertido muito lendo meu texto. Sinto saudade do tempo em que comentávamos nossos contos em concursos. Um grande beijo e Deus abençoe vc e sua família. Beijos.

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  15. Olá minha querida menina grande. Já li o conto há mais de uma semana, mas como decidir comentar pela ordem (para não perder) o seu ficou para o fim. Como diz o ditado: “Os últimos são os primeiros.”. E este seu conto, nesta etapa, é talvez o de mais pura ficção. O fantástico e o quase terror levam-nos de mão dada através de uma história que nada tem disso – antes muita sensibilidade. As cenas sucedem-se com uma fluidez tal e um tão bem doseada carga de suspense, que seria impossível interromper a leitura. Não tenho muito mais o que dizer. Você sabe que sou sua fã – neste e noutros géneros e o quanto admiro a capacidade malabarística que possui para brincar (muito a sério) com as palavras, conseguindo atingir níveis altíssimos nos mais diversos géneros. Parabéns. Um beijo grande.

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    1. O teu comentário é do tipo que a gente lê e volta a ler mais tarde para sentir o mesmo prazer. Inesquecível. Num mundo em que os textos dramáticos são os mais procurados, fazer sucesso com um suspense psicológico em um grupo só de mulheres já é um grande feito. Melhor ainda quando o comentário é feito por uma grande escritora, uma pessoa a quem eu admiro, e considero uma escritora sagaz, inteligente, criativa e sensível. Que dia bom! Obrigada, Ana. Sou tua fã.

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  16. O título e a ilustração já deram medo de cara. Pensei com meus cagaços: lá vem susto! Pior que isso: veio um terror cercado de suspense. Você nos levou por um caminho tortuoso, que, supostamente, só poderia dar em tragédia, jamais num final feliz. Nunca mais vou olhar para os vira-latas sem um certo temor.

    Sugestão:
    . Parar de assustar as amiguinhas. Acho que faltou cebola na receita…Kkkk. Um conto de terror da melhor estirpe.

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    1. Fui ler de novo e vi que faltou cebola e sal. Esse negócio devia ser ruim mesmo de comer. Ainda bem que eu já tenho filho… O conto foi feito no sentido de não dar respostas fáceis, conduzindo o leitor por pistas falsas e revelações que causam reviravoltas na trama. O fim fica a cargo do leitor: Rebeca estava louca ? O espírito da menina era bom ou mau? O cachorro era demônio ou alucinação? O espírito da menina tomou o lugar da alma original da bebê ou era alma destinada a esta pessoa desde sempre? Espero que tenha se divertido em ler e prometo que vou tentar não assustar mais vcs, mas acho difícil cumprir. Escrever terror é uma tentação na qual eu adoro cair. Beijos, Cat.

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  17. Ufa…No final da gravidez ele já tinha virado carvão, né?

    Desculpa aí por fazer os comentários aos pedaços. Estou no celular. Não tem como não ler um conto com um começo tão forte: Ela apareceu pela primeira vez no final de uma manhã de outono, trazida pelo sopro frio do vento.”

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    1. Pensei nisso também, da madeira queimar junto com a comida, mas aí fiz um teste: matei alguns porcos da vizinhança e coloquei um boneco de madeira dentro, Ficou bem coberto e amarrado e assei os corações. A carne protege o boneco do fogo. Esquenta mas não carboniza. XD. Pode perguntar à vontade.

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  18. O terror é a nossa casa, hein Iolanda? E você é uma especialista… consegue dosar suspense, susto, reviravoltas, recursos que enriquecem a trama, técnicas para conduzir o leitor, com mestria, fluidez e ilusionismo. Aqui, ficou ótima a exploração dos dois pontos de vista, do marido e da mulher. E, vejo que também está praticando cozinhar nos enredos. Ainda vou tentar algo assim. Tive vontade de provar um tiquinho de coração, dos coelhos; cães ou gatos, jamais. Pareciam tão bem temperados e cheirosos. Parabéns por mais esse excelente texto. Estrutura , construção dos personagens, ambientação, adequação ao tema “nascer” – tudo perfeito. Beijos.

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    1. Sim, amiga. Terror é nossa casa e espero ainda ler muitos dos seus contos de suspense, aqui e por aí. A gente está sempre nos mesmos projetos, não é? Maravilha. Obrigada por vir aqui, acho que agora só falta o comentário da Renata e esta fase da Etapa Nascer está encerrada para mim. Muito agradecida pela leitura e pela generosidade. Abração, Fátima.

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  19. Iolandinha, minha flor…que privilégio poder ler um conto assim, tão completo.
    Lirismo, suspense, drama, suspense e terror, todos mesclados e desenvolvidos com excelência.
    Rebeca estaria louca? Sofria de uma depressão pós-parto, pela perda do primeiro filho? enlouquecera ante a possibilidade da perda de mais um bebê?
    O aparecimento da menina ao lado de Edgar me deu um frio na barriga, no meu entendimento ela realmente teve uma experiência sobrenatural.
    quanto aos apontamentos, não vi nada sobrando, ou em excesso, se fosse para dar nota aqui eu daria 10, 11, ou mais!
    perfeito.
    Parabéns,
    Bjokas!!

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    1. A honra é minha, Renata Rothstein. Sempre bom receber a visita de alguém tão inteligente, talentosa e sensível. Assim se completa esta etapa de leituras e comentários. Já esperando a próxima. Beijos.

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    1. Minha florzinha linda! Obrigada! Veio aqui ler meu continho, que máximo! Obrigada demais, querida. Esperando seus textos para me deliciar.

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    1. Obrigada, Talita! Meu escritor preferido o Gabriel Garcia Márquez é o pai do realismo fantástico. Adoro.

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