Presenças – Renata Rothstein

Vitória Fernandes <vitoriafernandes@yahoo.com.br>

Para Doutor Pedro

Caro Doutor Pedro,

Conforme o combinado, aqui vai o resumo do meu inferno em vida, na instituição para pessoas de pino frouxo em que minha amada família tão prontamente me enfurnou. .

Bom, confesso que poderia ser pior, como daquela vez que fiquei pelas ruas. Ali eu quase consegui meu objetivo, me mandar dessa para outra. Se pior ou melhor, vou dizer a verdade, tanto faz. Só que naquele pardieiro eu era obrigada a engolir onze remédios pra apagar de uma vez só, fora as vezes que uns carinhas resolviam entalar na minha garganta outras coisas, além dos malditos psicotrópicos.

É, é assim que se chamam os remedinhos pra gente como eu, como nós, sei lá mais o quê.

Queria saber como o senhor tem passado, sei que no fundo todo médico de cabeça tem seus próprios dramas, né não, doutorzinho querido?

Bem, espero que o senhor realmente não seja corno, ou viado, seria uma pena, já disse e repito: acho você um tesão. Ok,sei que não tenho chance, além do mais esse tal de TDI sempre poderia pregar uma peça na gente.

Imagina, talvez fosse excitante, cada dia uma pessoa diferente na cama, na vida, na coisa toda. Vou deixar a tonta da Milla falar qualquer coisa.

Beijos,

Vitória

Doutor, não suporto mais, eu preciso morrer,

Milla.

PS: Doutor, a Milla é uma frouxa. Assinado: Vitória.

 

Pedro Arantes <pedroarantespsiquiatria@gmail.com>

Para Milla Vieira

 

Milla, querida,

Sua internação faz-se necessária, por enquanto. Sei que os médicos que atendem na Casa de Saúde são muito capacitados, os melhores do país. E os remédios farão efeito, quem sabe você tenha alta antes do previsto?

Sinta-se à vontade para escrever, mesmo distante continuo sendo seu analista e confessor.

Eu estou muito bem, fique tranquila, siga à risca o que mandam fazer, você é mais forte do que imagina.

Obs: Não disse que se você colaborasse deixariam usar o notebook? risos.

Grande abraço,

Doutor Pedro.

 

Vitória Fernandes <vitoriafernandes@yahoo.com.br

Para Doutor Pedro

 

Doutor Pedro, seu grande filho da puta,

Eu sabia que todos aqueles anos de tratamento, conversinha, aquele amansa idiota não iam resultar em nada.

Hoje a Kátia apareceu. Eu lutei com todas as minhas forças, minha cabeça quase explodiu, e ela ali, dizendo que queria “sair”, que precisava fazer aquelas coisas que você sabe que ela adora fazer.

Pois bem, perdi a batalha e a Kátia fez a festa. Fumou, conseguiu drogas com o pessoal da ala F, seduziu três enfermeiros nojentos que andam sempre de olho “na gente”, durante o banho. Porra, fico aqui pensando se ela vai acabar botando uma doença nesse corpo, que é nosso, não é só dela, não!

Ela é muito vulgar, diz que é assim que vai vencer na vida. Pedro, a vida é minha, não é? Sou eu – de verdade – a dona desse corpo, dessa alma?

Queria me curar e viver com você, quem sabe ser sua esposa, ter filhos.

Mas e os outros? Não sei…

Depois de aprontar todas e me deixar um lixo, Kátia se mandou, enquanto eu ouvi todo o sermão da psiquiatra do hospital.

Estou cansando.

Talvez seja melhor morrer logo, como tanto quer a imbecil da Milla.

Well, vou seguindo.

Beijo de língua,

Vitória.

 

Pedro Arantes <pedroarantespsiquiatria@gmail.com>

Para Milla Vieira

 

Milla,

Como sabe, Vitória e Kátia estiveram fora por muito tempo. recebi vários e-mails da Vitória.

Precisamos rever sua terapia, Kátia está se fortalecendo, e precisamos determinar urgentemente o fim dessa personalidade, estou cuidando disso com a equipe do hospital.

Tenho receio de que o fim de Vitória e Kátia afetem sua estrutura básica, entende? Que você também “desapareça”.

Faça tudo certo, não se preocupe, em breve entrarei em contato.

Pedro.

 

Vitória Fernandes <vitoriafernandes@yahoo.com.br>

Para Pedro Arantes

 

Douto,

É o nicolas eu tô com medo a vitória quer matar a tia mila e se a tia mila morrer eu tabém morro eu quero a minha mãe, toda noite a tia mila chora muito e pede pra papai do céu levar ela logo a vitória é muito ruim ela não deixa eu ficar aqui eu quero só o meu carrinho ir pa escola e brinca mas…

Olá, Pedro Pederasta, aqui é a Vivi, chega de conversa por hoje. Nicolas, como um bom menino, vai dormir. E eu vou descansar, Kátia está quietinha, a idiota da Milla que se veja com esses médicos chatérrimos.

Adeuzinho!

Doutor, é a Milla, quando o senhor retorna? Vitória está impossível, o pobrezinho do Nicolas tenta ajudar, mas não tem forças, por favor, nos ajude!

Milla.

 

De Pedro Arantes <pedroarantespsiquiatria@gmail.com>

Para Milla Vieira

 

Milla:

Aqui é o doutor Pedro.E os outros.

Como notou, nós fugimos ao controle. Você, Milla, anda muito deprimida. Vitória cada vez mais arredia. Nicolas, sempre o moleque medroso. Kátia, vulgar e insubmissa – e eu, um psiquiatra fracassado, que não encontrei a cura para nossa própria loucura.

Receitei uma dose extra para evitar que Vitória atrapalhe tudo. Milla, a arma está carregada, na gaveta da escrivaninha. Você resolverá tudo: um tiro e o fim, para todos nós.

 

Milla Vieira <millavieira5@rocketmail.com>

Para Doutor Pedro

 

Doutor,

Aqui é a Milla. Sinto que será o melhor para todos. Irei até o fim. Não tenho “sentido” Vitória por perto. O remédio terá funcionado?

Adeus…doutor, socorro, minha cabeça está doendo muito!

Olá Milla, Nicolas e Doutor Pedro,

Vocês nunca passaram de fracotes covardes. Sendo assim, tomo as rédeas da situação, de vez. Vida que segue, vocês terão apenas que obedecer, fazer o que mando, e tudo dará certo. Confiem, crianças.

Hoje fujo do manicômio. Vida nova, suporto vocês na minha cabeça, e por fora, serei só eu.

Ah, sim, descobri um jeito de enfraquecer a cretina da Kátia, essa não vai mais atrapalhar, por um bom tempo.

Com carinho eterno,

Milla, Pedro, Nicolas e Kátia.

ad aeternum, Vitória.

 

21 comentários em “Presenças – Renata Rothstein

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  1. Um caso de Transtorno Dissociativo de Identidade (TDI), as personalidades fazendo uma espécie de “rodízio” para tomar controle da situação. Através dos e-mails, a história retrata muito bem – com liberdade poética – a “múltipla personalidade”. “Fragmentado” é um filme, suspense psicológico sobre a prisão impostas a vidas e a tentativa de ser livre; o protagonista assume 23 personalidades diferentes — lembrei-me dele assim que percebi a premissa do seu conto. Aqui, o que ocorre é que a protagonista criou identidades para se refugiar da realidade complicada. De início pensei que ela conversasse com o psiquiatra e estranhei o procedimento do profissional, mas, depois, pareceu-me que até ele era mais manifestação da doente mental. Ainda fiquei na dúvida se ela estaria no hospital ou em casa, porque fala de uma arma com a qual se mataria e internada não haveria como ter esse acesso.

    O texto ficou instigante, com boa dose de suspense, bem escrito, a linguagem mais informal confere certa credibilidade. Parabéns pela ideia e construção. Amei. Beijos.

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    1. Oi, Fátima!
      Sim, quando escrevi também pensei em Fragmentado várias vezes, aliás, um filme excelente, vi duas vezes. Mas, curioso, a primeira vez que ouvi falar em TDI foi há mais de 20 anos, com um livro da minha avó, “As três máscaras de Eva”, num livro da Seleções (tinha a revista e fim dos anos 1980 fizeram uma coleção de contos, capadura, excelentes).
      O caso de Eva (Eve) foi real, e ela manifestou 4 personalidades, no final os psiquiatras fundiram as personalidades em uma.
      Creio ter sido apenas um paliativo, e isso nos anos 1930.
      Com o feedback de vocês vou tentar ajustar alguns detalhes, colocar mais suspense.
      Muito obrigada pela leitura e pelo comentário,
      Beijos!

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  2. Olá. A Fheluany já citou, mas é impossível não mencionar o filme Fragmentado, porque foi o que veio imediatamente na minha mente ao ler o conto. Assim como no filme, o personagem é atormentado por várias personalidades, e eu acreditei de fato que ela estava falando com um doutor até a parte: “Aqui é o doutor Pedro.E os outros”. Poxa, deve ser triste viver com tantas pessoas dentro da cabeça, já dá um trabalhão viver com uma só rsrsrs. Muito bom, o conto é leve e gostoso de ler. Seria ótimo se fosse um pouco mais longo para descobrirmos mais sobre as várias personalidades e o que levou-as a surgirem. Abraço. ❤

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    1. Oi, Vanessa!
      obrigada pela leitura e pelo comentário 🙂
      Então, como disse para a Fátima, lembrei várias vezes de Fragmentado, baseado em fatos reais, o caso com maior número de personalidades já registrado, se não me engano.
      Mas minha lembrança original de TDI é muito mais remota, veio de um livro da Seleções, contando a história de uma dona de casa com 3 personalidades – As três máscaras de Eva. Também real, aconteceu nos anos 1930.
      agora com o feedback de vocês pretendo aprofundar alguns pontos, já me oriento melhor, muito obrigada mesmo!
      Beijão

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  3. Oi Renata! Também lembrei do Fragmentado. Há muito tempo atrás li um livro muito bom – “Sybil” – sobre o caso real de uma mulher que tinha múltiplas personalidades. O texto está bem escrito resultando em um conto muito bom de ler. Você marcou cada uma das personalidades com um tipo de linguagem e fez isso com talento e propriedade. Concordo com a Vanessa que poderia render uma história mais longa. Parabéns pela premissa e pelo resultado obtido. Beijo.

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    1. Oi, Elisa!
      Meu obrigada de coração pela leitura atenta e pelo comentário.
      Então, agora pretendo aprofundar um pouco mais essas personalidades, inserir algum falshback, esquematizar melhor 🙂
      Obrigada!
      Ah, eu li um livro chamado As 3 máscaras de Eva, muito antigo, era adolescente e aquilo me marcou. Foi baseado em fatos reais, e é bem profundo, mostra na visão de um escritor a posição médica sobre o transtorno.
      Vou procurar esse que você citou.
      Bejos!

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  4. Olá, Renata!

    Gostei muito da leitura que fluiu com interesse até o final. Se quiser, ainda dá para para a manga, podendo se desenrolar várias histórias e conflitos. Muito bem escrito e concebido. Apenas como curiosidade: essas personalidades que emergem em alguém com TDI sabem da existência das outras? Muito boa sacada! Parabéns!

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    1. Oi, Sandra! Obrigada pela leitura e comentário 🙂 Sim, quero ampliar o conto, estou buscando como fazer isso, mas certamente farei. então, no caso de múltiplas personalidades, algumas sabem da existência de todas, outras podem não saber de nenhuma – como no livro que citei, As 3 máscaras de Eva – a personalidade considerada “original” desconhecia a existência das outras, e soube através de filmagens. Foi baseado em fatos reais, e não vou contar o final pra ñ dar spoiller :). Li esse livro na adolescência e me marcou muito, achei mega interessante. Bjos!!

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  5. Oi Renata,

    Tudo bem?

    Querida, amei seu conto. A premissa é muito instigante. Algo que me intriga e atrai muito. O modo como funciona nossa psique é fascinante.

    Quando jovem eu li Sybil, foi um best seller dos anos 80, não sei se você conhece, justamente sobre a questão da múltipla personalidade, psicopatia contestada por algumas linhas da psiquiatria hoje. Sybil, coo sua personagem, assumia em sua vida real (ao menos assim o livro diz) personagens múltiplos, entre eles, assim como sua personagem, mulheres, homens e até crianças.

    A novidade aqui, em seu conto. Surpresa que leva o leitor ao nocaute é o fato de o médico também ser uma das vozes na cabeça da paciente. Esse punch é perfeito. Será ela mesmo uma paciente? Diante d narrativa, tudo se torna possível. Quem é o verdadeiro dono daquele corpo?

    Muito bom!

    Parabéns
    Beijos
    Paula Giannini

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    1. Oi, Paula!
      Obrigada pela leitura e pelo comentário.
      Sim, o médico também é uma das personalidades. Na verdade não temos como precisar qual é a identidade original…no livro que eu li – As 3 máscaras de Eva – os psiquiatras acabaram “criando” uma quarta personalidade, e de certa forma “mataram” as outras 3, proporcionando uma vida útil à paciente, embora seja triste, pois ela perde a memória do que as outras Evas viveram, inclusive a maternidade – ela era mãe, mas apenas 1 de suas personalidades havia gestado, dado à luz…esse livro me impressionou muito, assim como o filme, Fragmentado.
      Bjokas!!

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  6. Fiquei com medo dessas personalidades todas. Lembrei-me do livro Sybil que li quando bem jovem. História tenebrosa, mas muito envolvente.
    Você conseguiu estruturar uma narrativa que prende a atenção e traz um elemento surpresa: o destinatário do relato é também uma das múltiplas personalidades. Muito interessante mesmo. Parabéns!

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    1. Oi, Claudia! Obrigada pela leitura, que bom que você gostou…olha, todas vocês leram esse livro, vou procurar, é um assunto que me interessa muito. Ass: Virgínia rsrs brincadeira, bjokas!!!

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  7. Amiga Renata, vc desfila com desenvoltura por personagens e ambientes que remetem à doenças mentais, parabéns. Adorei as diversas personalidades da sua protagonista e a irreverência das comunicações por email. Mesmo se tratando de uma assunto sério vc conseguiu construir um texto leve, dinâmico e divertido, gostei muito, baby.

    Beijão da amiga!

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    1. Oi, amiga! obrigada, que bom que você gostou. Pretendo aprofundar um pouco cada personalidade…e gosto mto de escrever sobre loucura. Escrevi pensando que fosse o do livro rsrs…a loka!! Bjokas!! PS: obrigada por tudo!

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  8. Que loucura! Literalmente kkkk Eu ri, mas me emocionei ao pensar em como uma pessoa com esse distúrbio percebe a vida. Quão angustiante, quão solitário ou confuso, ou caótico é o universo de alguém assim. Em quem será que confiam? Será que existe um ponto de referência? Será que conseguem entender as múltiplas faces que possuem? Confesso que fiquei triste porque imagino o tanto de complicações que tudo isso acarreta. Não só para quem tem, mas para quem está junto, para quem convive, para os que tratam desses indivíduos.
    Você escreveu algo intrigante, com um ar de leveza e ao mesmo tempo complexo. Parabéns pelo conto. Um grande e carinhoso abraço!

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  9. Oi Re, grande sacada o seu conto, adorei, ri muito, na ficção é claro, pois o tema é muito doloroso. Mais um conto que emplacaria muito bem no desafio experimental. Você foi costurando as várias personalidades da garota, um psiquiatra que também era doidão, ou que estava apenas na mente dela. O meu voto pra assumir o controle seria pra Katia, lembrei da Katia Flavia do Fausto Fawcett, rsr. Abçs.

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  10. Oi Renata!

    Gostei bastante do seu conto, instigante do começo ao fim, li fragmentando esses dias, esse assunto é tão complexo e interessante que sempre dará ótimas histórias, até fiquei com vontade de escrever algo do gênero.

    Gostei do desenvolvimento dos personagens, você conseguiu dar personalidade a cada um e enquanto lia essa troca de bastão entre elas foi muito bem executada, acredito que escrever esse texto tenha sido divertido, né?

    A surpresa fica por conta do doutor também ser uma das personalidades, eu estava desconfiada, porque ele não me parecia lá muito profissional, mas de todo modo foi uma grata surpresa.

    Um conto intenso e dinâmico, do jeito que eu gosto!

    Parabéns!

    Curtido por 1 pessoa

    1. Oi, Amanda! Obrigada, que bom que gostou. Sim, esse assunto é fascinante, acho que seria um bom tema pra vc desenvolver também. E foi divertido, sim 🙂 é o tipo de conto que consigo escrever com uma certa facilidade, isso de desordem mental (por que será? rsrsrs). Amiga, obg de novo pelas palavras, bjokas!

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  11. Olá, Renata. Já tinha lido este conto há algum tempo,mas não comentei no momento (sabe como é, ler e degustar é uma coisa, mas depois, escrever sobre já é mais complicado). Para falar verdade, gostei imenso. E quando percebi que o médico era mais uma das personalidades que habitavam a protagonista, o conto ganhou uma mais-valia poderosa. Lembrei-me de Fragmentado, claro, mas mais ainda (embora ali fosse apenas duas personalidades) Clube de Luta. Acho fascinante tudo o que tem a ver com distúrbios mentais até porque todos nós temos pequenos desvios em relação ao padrão da normalidade – e isso apaixona-me. A forma epistolar para apresentar a marca própria de cada personalidade foi excelente. No entanto, não me parece que permita um conto muito maior. Pela leitura que fiz, tive a sensação que, para aumentá-lo, esta pessoa precisa de mais espaço, digamos assim. Confinada a uma troca de correspondência creio que pouco poderá acrescentar. Mas cá fico a aguardar esse alargamento. Um abraço.

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  12. Olá Renata! Você tem o dom de nos prender na leitura. Não consegui parar de ler! Você vai nos envolvendo com a história do personagem de tal forma que parece que estamos lendo sobre alguém conhecido. Texto maravilhoso, trama envolvente. Fantástico! Parabéns!

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  13. O mais precioso nesse conto é como vc tem o absoluto domínio dessas personalidades absolutamente diferentes dentro da mesma caixa de dialogo. O transtorno mental da protagonista tornou-se convincente e precioso a medida que se fez perfeitamente construído pela autora. Um conto de escrita aparentemente simples mas de dificílima execução. Afora o otimo domínio da tecnica, um conto super criativo e forte…que nos envolve completamente. Parabens.

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