Luz (Renata Rothstein)

Caminho. Meu passo – tão invisível quanto solene sela sua autoridade na manhã que nasce, explosão de cores e esperanças.
A porta a ponte o muro e o mundo abrem seus ansiosos olhos, e pouco a pouco exigem, permutam falaciosos sonhos banhados no ouro perdido do que já foi – e embora exaurida estendo minhas mãos sem rumo para tatear a sensibilidade, em tudo que não há. Arrumo e aprumo a lente e o chão, impostos pela impossibilidade que contrariando meu desejo mais oculto, a tudo invade.
Arde em mim a realidade, enfim.
Somos então eu e ela, somente: visão imperfeita e ainda assim inquestionável. Semente. 
Aquarela de deslizes impensados, trôpega maravilha de fios que cintilam, inebriam – trazem à tona o dom desesperador de saber-me efêmera no contraste que une, tortura e, paradoxo infinito, liberta.
Tantos fardos pesados quantos dardos trocados e eu, tal qual Fênix, resgato meus mutilados anti-desejos e antes que possa revê-los, eu sei – sou força e renascimento, sou infinito e momento.Movimento. Sou meu melhor instrumento e leve e livre liberto e refaço, selo um outro pacto, continuo e sou mais, sou abraço, laço e divindade, sou única, sendo parte.
Acordo, mais uma vez. Celebro e sigo, firme e sem alarde. Hoje – prevejo -, nunca mais será tarde.

12 comentários em “Luz (Renata Rothstein)

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  1. Hummm, li, reli e a sutileza desta belíssima prosa poética não me deixou adivinhar para quem era endereçado, vou pedir ajuda aos universitários

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  2. Ahh essa verve da Renata, tão sua, tão nossa… Como nos impacta!!
    Parabéns a Vanessa por receber este mimo tão forte, tão importante!
    Parabéns, Renata pela intensidade de seu amor às letras!
    bjsss

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  3. Renata, que coisa mais linda. Mais uma obra prima das Contistas. Parabéns. Assim como a Iolanda, li e reli. Perfeito.
    Beijos
    Paula Giannini

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  4. As entrelinhas dizem tudo! Estilo próprio e poesia. Fui ao auto-retrato da autora: “Sou eu, sou assim, Deus me livre de definições, sou indefinível por Natureza, a minha reza é a Transparência, a minha regra é a busca pelo Transcendente, relevante, pelo menos pra mim.” A luz está em você, Renata! Parabéns por tão significativa homenagem a sua amiga. Beijos!

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  5. Uma lindeza esse conto absolutamente existencial levado com imagens e vocabulários fortemente suaves, que muito me encantaram. Li como um poema, duas vezes… E sinceramente…amei.

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