Quando a cabocla Umbelina apareceu grávida, o pai moeu-a de surras, afirmando que daria o neto aos porcos para que o comessem. O caso não era novo, nem a espantou, e que ele havia de cumprir a promessa, sabia-o bem. Ela mesma, lembrava-se. Encontrara uma vez um braço de criança entre as flores douradas do aboboral. Aquilo, com certeza, tinha sido obra do pai.
Todo o tempo da gravidez pensou, numa obsessão crudelíssima, torturante, naquele bracinho nu, solto, frio, resto dum banquete delicado, que a torpe voracidade dos animais esquecera por cansaço e enfartamento.
Umbelina sentava-se horas inteiras na soleira da porta, alisando com um pente vermelho de celuloideo cabelo negro e corredio. Seguia assim, preguiçosamente, com olhar agudo e vagaroso, as linhas do horizonte, tugindo de fixar os porcos, aqueles porcos malditos, que lhe rodeavam a casa desde manhã até a noite.
Via-os sempre ali arrastando no barro os corpos imundos, de pelo ralo e banhas descaídas com o olhar guloso, luzindo sob a pálpebra mole e o ouvido encoberto pela orelha chata, no egoísmo brutal de encontrar em si toda a tenção. Os leitões vinham por vezes, barulhentos e às cambalhotas, envolverem-se na sua saia e ela sacudia-os de nojo, batendo-lhes com os pés, dando-lhes com torça. Os porcos não a temiam, andavam perto, fazendo desaparecer tudo diante da sofreguidão dos seus focinhos rombudos e móveis, que iam e vinham grunhindo, babosos, hediondos, sujos da lama em que se deleitavam, ou alourados pelo pó de milho, que estava ali aos montes, flavescendo ao sol.
Ah! os porcos eram um bom sumidouro para os vícios do caboclo! Umbelina execrava-os e ia passando de modo de acabar com o filho duma maneira menos degradante e menos cruel. Guardar a criança… mas como? O seu olhar interrogava em vão o horizonte frouxelado de nuvens. O amante, filho do patrão, tinha-a posto de lado… diziam até que ia casar com outra! Entretanto achavam-na todos bonita, no seu tipo de índia, principalmente aos domingos, quando se enfeitava com as maravilhas vermelhas, que lhe davam colorido à pele bronzeada e a vestiam toda com um cheiro doce e modesto…
Eram duas da madrugada, quando a Umbelina entreabriu um dia a porta da casa paterna e se esgueirou para o terreiro. Fazia luar; todas as coisas tinham um brilho suavíssimo. A água do monjolo caia em gorgolões soluçados, flanqueando o rancho de sapé, e correndo depois em tio luminoso e trêmulo pela planície tora. Flores de gabiroba e de esponjeira brava punham lençóis de neve na extensa margem do córrego; todas as ervas do mato cheiravam bem. Um galo cantava perto, outro respondia mais longe, e ainda outro, e outro, até que as vozes dos últimos se contundiam na distância com os mais leves rumores noturnos.
Umbelina afastou com a mão febril o xale que a envolvia, e, descobrindo a cabeça, investigou com olhar sinistro o céu profundo. Onde se esconderia o grande Deus, divinamente misericordioso, de quem o padre falava na missa do arraial em termos que ela não atingia, mas a faziam estremecer? Ninguém pode fugir ao seu destino, diziam todos; estaria então escrito que a sua sorte fosse essa que o pai lhe prometia −de matar a tome aos porcos com a carne da sua carne, o sangue do seu sangue?!
Essas coisas rolavam-lhe pelo espirito, indeterminadas e confusas. A raiva e o pavor do parto estrangulavam-na. Não queria bem ao filho, odiava nele o amor enganoso do homem que a seduzira. Matá-lo-ia, esmagá-lo-ia mesmo, mas lançá-lo aos porcos… isso nunca! E voltava-lhe à mente, num arrepio, aquele bracinho solto, que ela tivera entre os dedos indiferentes, na sua bestialidade de cabocla matuta.
O céu estava limpo, azul, num céu de janeiro, quente, vestido de luz, com a sua estrela Vésper enorme e diamantina, e a lua muito grande, muito forte, muito esplendorosa! A cabocla espreitou com olho vivo para os lados da roça de milho, onde ao seu ouvido agudíssimo parecera sentir uma bulha cautelosa de pés humanos: mas não veio ninguém, e ela, abrasada, arrancou o xale dos ombros e arrastou-o no chão, segurando-o com a mão, que as dores do parto crestavam convulsivamente.
O corpo mostrou-se disforme, mal resguardado por uma camisa de algodão e uma saia de chita. Pelos ombros estreitos agitavam-se as pontas do cabelo negro e luzidio; o ventre pesado, muito descaído dificultava-lhe a marcha, que ela interrompia amiúde para respirar alto, ou para agachar-se, contorcendo-se toda. A sua ideia era ir ter o filho na porta do amante, matá-lo ali, nos degraus de pedra, que o pai havia de pisar de manhã, quando descesse para o passeio costumado.
Uma vingança doida e cruel aquela, que se fixara havia muito tempo no seu coração selvagem.
A criança tremia-lhe no ventre, como se pressentisse que entraria na vida para entrar no túmulo, e ela apressava os passos nervosamente por sobre as folhas da trapoeiraba maninha. Ai! iam ver agora quem era a cabocla! Desprezavam-na? Riam-se dela? Deixavam-na à toa como um cão sem dono? Pois que esperassem! E ruminava seu plano, receando esquecer alguma minúcia…Deixaria a criança viver alguns minutos, fá-la-ia mesmo chorar, para que o pai lá dentro, entre o conforto do seu colchão de paina, que ela desfiara cuidadosamente, lhe ouvisse os vagidos débeis e os guardasse sempre na memória, como um remorso. Ela estava perdida. Em casa não a queriam; a mãe renegava-a, o pai batia-lhe, o amante fechava-lhe as portas… e Umbelina praguejava alto, ameaçando de fazer cair sobre toda a gente a cólera divina!
O luar com a sua luz brancacenta e fria iluminava a triste caminhada daquela mulher quase nua e pesadíssima, que ia golpeada de dores e de medo através dos campos. Umbelina ladeou a roça de milho, já seca, muito amarelada, e que estalava ao contato do seu corpo mal firme: passou depois o grande canavial, dum verde d’água, que o luar enchia de doçura e que se alastrava pelo morro abaixo, até lá perto do engenho, na esplanada da esquerda. Por entre as canas houve um rastejar de cobras, e ergueu-se da outra banda, na negrura do mandiocal, um voo fofo de ave assustada. A cabocla benzeu-se e cortou direito pelo terreno mole do feijoal ainda novo, esmagando sob a sola dos pés curtos e trigueiros as folhinhas tenras da planta ainda sem flor. Depois abriu lá em cima a cancela, que gemeu prolongadamente nos movimentos de ida e volta, com que ela o impeliu para diante e para trás, entrou no pasto da fazenda. Uma grande nudez por todo o imenso gramado.
O terreno descia numa linha suave até o terreiro da habitação principal, que aparecia ao longe num ponto branco. A cabocla abaixou-se tolhida, suspendendo o ventre com as mãos. Toda a sua energia ia fugindo, espavorida com a dor física, que se aproximava em contrações violentas. A pouco e pouco os nervos distenderam-se e o quase bem-estar da extenuação fê-la deixar-se ficar ali, imóvel, com o corpo na terra e a cabeça erguida para o céu tranquilo. Uma onda de poesia invadiu-a toda: eram os primeiros enleios da maternidade, a pureza inolvidável da noite, a transparência lúcida dos astros, os sons quase imperceptíveis e misteriosos, que lhe pareciam vir de longe, de muito alto, como um eco fugitivo da música dos anjos, que diziam haver no céu sob o manto azul e flutuante da Virgem Mãe de Deus…
Umbelina sentia uma grande ternura tomar-lhe o coração, subir-lhe aos olhos. Não a sabia compreender e deixava-se ir naquela vaga sublimemente piedosa e triste…Súbito, sacudiu-a uma dor violenta, que a tomou de assalto, obrigando-a a cravar as unhas no chão. Aquela brutalidade fê-la praguejar e ergueu-se depois raivosa e decidida. Tinha de atravessar todo o comprido pasto, a margem do lago e a orla do pomar, antes de cair na porta do amante. Foi; mas as forças diminuíam e as dores repetiam-se cada vez mais próximas. Lá embaixo aparecia já a chapa branca, batida do luar, das paredes da casa. A roceira ia com os olhos fitos nessa luz, apressando os passos cansados. O suor caía-lhe em bagas grossas por todo o corpo, ao tempo que as pernas se lhe vergavam ao peso da criança. No meio do pasto, uma figueira enorme estendia os braços sombrios, pondo uma mancha negra em toda aquela extensão de luz. A cabocla quis esconder-se ali, cansada da claridade, com medo de si mesma, dos pensamentos pecaminosos que tumultuavam no seu espirito e que a lua santa e branca parecia penetrar e esclarecer. Ela alcançou a sombra com passadas vacilantes; mas os pés inchados e dormentes já não sentiam o terreno e tropeçavam nas raízes das árvores, muito estendidas e salientes no chão. A cabocla caiu de joelhos, amparando-se para a frente nas mãos espalmadas. O choque foi rápido e as últimas dores do parto vieram tolhê-la. Quis reagir e ainda levantar-se, mas já não pode, e furiosa descerrou os dentes, soltando os últimos e agudíssimos gritos da expulsão. Um minuto de pois a criança chorava sufocadamente. A cabocla então arrancou com os dentes o cordão da saia e, soerguendo o corpo, atou com firmeza o umbigo do filho, e enrolou-o no xale, sem olhar quase para ele, com medo de o amar…Com medo de o amar!… No seu coração de selvagem desabrochava timidamente a flor da maternidade. Umbelina levantou-se a custo com o filho nos braços.
O corpo esmagado de dores, que parecia esgarçarem-lhe as carnes, não obedecia à sua vontade. Lá embaixo a mesma chapa de luz alvacenta acenava-lhe, chamando-a para a vingança ou para o amor. Julgava agora que se batesse àquelas janelas e chamasse o amante, ele viria comovido e trêmulo beijar o seu primeiro filho. Aventurou-se em passadas custosas a seguir o seu caminho, mas voltaram-lhe depressa as dores e, sentindo-se esvair, sentou-se na grama para descansar. Descobriu então a meio o corpo do filho; achou-o branco, achou-o bonito, e num impulso de amor beijou-o na boca. A criança moveu os lábios na sucção dos recém-nascidos e ela deu-lhe o peito. O pequenino puxava inutilmente, a cabocla não tinha alento, a cabeça pendia-lhe numa vertigem suave, veio-lhe depois outra dor, os braços abriram-se-lhe e ela caiu de costas.
A lua sumia-se, e os primeiros alvores da aurora tingiram dum róseo dourado todo o horizonte. Em cima o azul carregado da noite mudava para um violeta transparente, esbranquiçado e diáfano. Foi no meio daquela doce transformação da luz que Umbelina mal distinguiu um vulto negro, que se aproximava lentamente, arrastando no chão as mamas pelancosas, com o rabo fino, arqueado sobre as ancas enormes, o pelo hirto, irrompendo ralo da pele escura e rugosa, e o olhar guloso, estupidamente fixo: era uma porca. Umbelina sentiu-a grunhir. Viu confusamente os movimentos repetidos do seu focinho trombudo, gelatinoso, que se arregaçava, mostrando a dentuça amarelada, forte. Um sopro frio correu por todo o corpo da cabocla, e ela estremeceu ouvindo um gemido doloroso, dolorosíssimo, que se cravou no seu coração aflito. Era o filho! Quis erguer-se, apanhá-lo nos braços, defendê-lo, salvá-lo… mas continuava a esvair-se, os olhos mal se abriam, os membros lassos não tinham vigor, e o espírito mesmo perdia a noção de tudo. Entretanto, antes de morrer, ainda viu, vaga, indistintamente, o vulto negro e roliço da porca, que se afastava com um montão de carne perdurado nos dentes, destacando-se isolada e medonha naquela imensa vastidão cor de rosa.
ALMEIDA, Julia Lopes de. Os porcos. In._____. Ânsia Eterna. Rio de Janeiro: S. A. A Noite, 1940.pp 17-27.[1903]
Sobre a autora: Escritora carioca, mudou-se ainda criança para Campinas – SP onde iniciou a sua vida literária. m 1886, mudou-se para Lisboa, onde se lança como escritora e junto de sua irmã publica Contos Infantis, em 1887 entre outras obras. Júlia retornou ao Brasil em 1888, onde publica seu primeiro romance, Memórias de Marta, que sai em folhetins em O País. Seu textos em jornais da época tratam sempre de temas pertinentes como a República, a abolição e direitos civis.
Júlia Lopes de Almeida integrava o grupo de escritores e intelectuais que planejou a criação da Academia Brasileira de Letras. Seu nome constava da primeira lista dos 40 “imortais” que fundariam a entidade, elaborada por Lúcio de Mendonça.[10]
Na primeira reunião da ABL, porém, seu nome foi excluído. Os fundadores optaram por manter a Academia exclusivamente masculina, da mesma forma que a Academia Francesa, que lhes servia de modelo. No lugar de Júlia Lopes entrou justamente o seu marido, Filinto de Almeida, que chegou a ser chamado de “acadêmico consorte”.[11]
O veto à participação de mulheres só terminou em 1977, com a eleição de Rachel de Queiroz para a cadeira nº 5.
Escolhi este conto não somente por ser de terror, mas por ter uma escrita incrível e cheia de personalidade, por ter sido feito por uma mulher muito à frente de seu tempo, que, tendo nascido no Século XIX, foi barrada na Academia Brasileira de Letras que ela própria ajudou a criar. Hoje eu fico feliz em ver o quanto nos mulheres avançamos mas também fico triste porque sempre precisamos lutar por uma realidade que poderia ser, naturalmente, a nossa. Espero que apreciem.
Trata-se de uma ficção que explora o medo gerado, através da denúncia de um segredo doméstico. A autora representa, neste conto, a situação de uma camponesa cabocla que sofreu as consequências do patriarcado, desromantiza a maternidade com uma trabalhadora negra.
A narrativa é considerada gótica, isto é, sombria, macabra, amedrontadora. A perspectiva feminina adotada mostra o ódio e o horror experimentado pela jovem, que procura meios de fugir ao destino prometido pelo pai: “matar a fome aos porcos com a carne da sua carne, o sangue do seu sangue”.
O repulsivo epílogo parece confirmar que, apesar dos esforços, a transgressão da protagonista é devidamente punida. E, como não é claro, na narrativa, se o pai de Umbelina tem alguma participação no desfecho, a cruel ameaça acaba por se cumprir como um destino inexorável.
Parabéns pela escolha. E obrigada pela leitura de um conto forte e simbólico para as mulheres ( mais ainda, com a proximidade dos Dia das Mães). A mestra do Terror só poderia nos inspirar com o melhor do gênero. Beijos
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Querida e admirada mestra e colega terrorista! Adoro este seu jeito elegante e sensato de ser e de colocar sua opinião sem jamais magoar, ou querer impor suas vontades e regras aos demais. Feliz dia das mães e muita felicidade para vc e para a sua família.
Quem me mostrou este conto foi um rapaz muito talentoso e inteligente que conheci no Escambanautas – o Romeu Martins. Acredito que vc o conhece.
Fiquei encantada com este conto e com o fato de ter sido escrito por uma mulher no tempo em que as mulheres encontravam muitas barreiras para viver, mais ainda para escrever, e, com certeza, muito mais para escrever terror. Apesar do reconhecimento menor do que ela merecia no tempo em que viveu, conseguiu que sua obra chegasse a nós e o resultado foi que agora estamos nos deleitando com esta escrita soberba e cheia de personalidade.
Muito obrigada pelo seu valoroso comentário. Seus apontamentos sempre nos encantam e acrescentam conhecimentos às nossas técnicas de escrita. Beijossss e boa noite.
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Que bela postagem para a coluna! Conhecia Júlia Lopes de Almeida, mas não sabia de sua verve de terror. Que orgulho dessa mulher tão à frente de seu tempo! Grande injustiça o que fizeram com ela… Aliás, uma tremenda de uma sacanagem!
Sobre o conto, o que me chamou a atenção nele foi que, apesar de bem descritivo, não senti cansaço na leitura. Pelo contrário, apesar das descrições (que para o meu gosto são um tanto excessivas) o texto é de uma agilidade que me deixou presa enquanto não terminei, ao menos essa foi a sensação. E como foi terrível aquela situação toda após o nascimento da criança, o horror tem disso. Fiquei muito impressionada. Cheguei a imaginar Júlia escrevendo o texto. O que ela terá pensado?
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Este texto chegou a mim por um menino escritor que me apresentou esta autora fantástica. Sou uma apaixonada pelo gênero então quando criaram esta possibilidade de trazer autoras de fora pensei logo na Júlia. Se não fosse ela, seria a Rachel de Queiroz. O terror acabou ganhando e nem poderia ser diferente. Obrigada pelo comentário e por ter curtido tanto quanto eu. Beijos.
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Gente!! que porcos malucos! rsrs
Maravilhoso!
Eu fiquei tao tocada como sentimento de maternidade ir surgindo conforme chegava o momento do parto. Um conto realmente muito bom e impactante!
Obrigada por trazê-lo , Iolandinha!
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Vc viu a biografia da autora? Fiquei fã desta mulher maravilhosa que tanto escrevia super bem como sempre foi ativa e ativista da causa feminina. Do conto nem se fala: fantástico! Nem vou desejar um dia escrever assim porque tenho a noção que jamais chegarei a esse nível. Grande abraço! Obrigada.
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Não sei se estou ainda impactada pelo romance maravilhoso do Itamar, Torto Arado, vencedor do prêmio Leya, em que ele faz uma releitura crítica a respeito da servidão que ainda grassa no meio rural, mas a sentença: “matar a fome aos porcos com a carne da sua carne, o sangue do seu sangue” me remeteu a essa extensão, a essa crítica social, afinal, o filho e a família proprietária se alimentam do trabalho deles para se firmar e prosperar. Um conto que aborda várias temas, o social, a maternidade, a sociedade, o patriarcado, o machismo em riqueza e sutileza. Maravilhoso!
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Também adorei este conto e nunca tinha visto nada igual, além de ter me encantado com a escrita enviesada e fascinante nos seus detalhes. Obrigada por ter vindo ler a minha colaboração trazendo o trabalho de uma escritora ilustre e tão pouco conhecida hoje em dia. Boa tarde!
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Leitura fantástica, amiga. Nunca havia lido nada da Julia Lopes de Almeida e fico muito grata por ter sido a ela apresentada por meio de um texto tão impactante. Como você, também sou uma admiradora do gênero de terror, sobretudo nessa vertente de explorar o horror real, que tem sua raiz nas distorções da sociedade em que vivemos. O conto mistura várias coisas: as sequelas do patriarcalismo; o conflito com a maternidade; a dualidade da natureza, ao mesmo tempo violenta e bela. Em termos de terror, há o nojo, a violência e o terror psicológico, além do suspense em torno do nascimento da criança, do desfecho para mãe e filho. Um desfrute e uma aula de boa literatura! A única coisa que não gostei (porque sou virginiana e tenho que criticar algo) foi dos porquinhos como vilões… hahahah! Beijos, querida! E parabéns pela escolha!
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Também fiquei impactada quando conheci este conto. Nunca havia encontrado uma escrita peculiar como esta. É muito mais que um texto de terror, mas uma história construida com detalhes ricos, nuances, camadas, texturas… um paraíso para os sentidos porque a autora explora tão bem a riqueza do ambiente onde a trama se passa que podemos até imaginar o cheiro da lama e do sangue. Ah, também sou virginiana e também acho porcos fofos. Mas eles são onívoros e há casos de porcos que devoraram pessoas. Cruzes! Obrigada pelo generoso comentário. Vou sempre tentar trazer excelentes textos de ótimas autoras.
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Oi, Iolanda,
Parabéns e obrigada por sua escolha.
Também não conhecia a autora, mas pretendo buscar mais. O conto é forte, impactante, terrível, não só no que toca o conteúdo, mas, e sobretudo, o que mais me agrada, na linguagem utilizada. É uma imersão em um ambiente rústico, rude, cruel, que me remeteu ao filme Lavoura Arcaica (que amo) e ao excelente livro (ao qual o filme não fez jus em minha opinião) Abril Despedaçado, se não leram, recomendo fortemente.
Beijos
Paula Giannini
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Olá! Também amei Lavoura Arcaica, de fato, as duas obras têm pontos em comum. A grade diferença, para mim, é o ambiente. Lavoura Arcaica é menos lamacenta, menos pobre… Também sendo um romance, as tramas são diversas e mais desenvolvidas. Os Porcos é realmente um conto sensacional. A primeira coisa que nos ganha é a escrita cheia de identidade e totalmente sedutora. Uma escrita extraordinária não somente por ser espetacular, mas por ser única. Muito obrigada pela leitura e pelo comentário. Um dia maravilhoso. Beijos.
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Oi, Iolanda,
Gostei demais, viu!?
Verdade, a Lavoura Arcaica é menos lamacenta, já o Abril Despedaçado, mais sangrento (prefiro o livro ao filme).
Mas, os três têm esse clima rústico e sombrio, com essa linguagem peculiar.
Obrigada pela dica de leitura.
Beijos
Paula Giannini
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Um conto violento, duma violência calada que se sente sem ser explícita. Todos os envolvidos são maus, a própria Umbelina quase não tem humanidade, o deu desejo de vingança, a total ausência de amor que tardiamente chega a insinuar-se, os personagens (pai e filha e até a mãe que do noivo nada se sabe) são criaturas primárias, quase selvagens, que nunca foram socializadas. É também pesado e não faz concessões, o leitor lê com um amargo de boca. Fortíssimo! Excelente! Ótima escolha.
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Realmente o texto me causou grande impacto quando li pela primeira vez. Pela trama em si, pela linguagem inédita, pela ambientação rica e envolvente, pela crueza de tudo – personagens, fatos, desfecho, a vida na lama, da protagonista. Um espetáculo de conto. Obrigada por comentar.
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Esse conto é muito forte e muito triste, principalmente pela realidade que mostra. Sei de cada história dos “antigos” realmente dignas de contos de terror. As moças que engravidavam antes de casar eram massacradas pelos pais, ainda hoje são vitimas de preconceito.
Ótima escolha!
Bjs ❤
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Amiga Vanessa, muito obrigada. Eu também fiquei chocada na primeira vez que li este texto. Um abraço.
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