Viver Duas Vezes – Ana Maria Monteiro

O passaporte para a liberdade é não teres nada a perder. Nessa situação, depressa compreenderás que, na pior das hipóteses, ficas na mesma.

Foi o que me sucedeu – a mim e a eles.

Quando morri, assim de repente sem nem eu esperar, fiquei muito espantada por continuar a pensar e a sentir, percebi que aquilo não era exatamente o que eu julgava que fosse estar morta.

Foi horrível! Perdi tudo ao morrer e nem ao menos me sobrou a consolação do nada. Não. Continuei a existir e, como se não bastasse, comecei a sofrer, a sofrer muito. Saber que não me tinha despedido dos que amava, imaginar o quanto estariam a chorar-me, não ter dito a um por um “amo-te mais que à vida”…

E é verdade que a todos amava mais que à vida, a todos amava profundamente, pois eles, o meu marido, os meus quatro filhos e, desde há uns anos, também os netos, eles é que davam sentido à minha vida, eles foram sempre a base sobre que me realizei como mulher, mãe, avó, pessoa. E eu sempre ligeiramente fria, um pouco distante.

Tem de haver um elemento assim na família, não é? Aquele que ama em silêncio, enquanto se mantém atento a todos os movimentos que podem desequilibrar as relações; faz falta alguém que vê, escuta e remenda disfarçadamente; dando um nó aqui, uma palavra ali, um reparo acolá, com habilidade e frieza para conseguir se colocar de fora e manter unidas todas as partes que se amam e são felizes, mas cujas amarras navegam ao sabor das emoções. E nunca se sabe que pequena faísca pode desencadear a tempestade que leva um barco ao naufrágio, mas há que antecipar a possibilidade e escorar onde é preciso.

Era o meu trabalho e o meu papel e por isso mesmo sobrava pouco espaço para lhes falar do meu amor que, em todo caso, todos tinham por dado adquirido.

Mas daí até morrer sem um adeus, não. Isso não!

Acredito que terei dado mais passos imaginários enquanto estive naquela espécie de limbo do que em toda a minha vida. Até porque (vantagem de estar morto!) ali não existem dores. A osteoporose? Curada. A diabetes? A surdez? As outras maleitas? Desapareceu tudo. Sem corpo não há onde doer – exceto na alma.

E então apareceram aquelas criaturas. Não sei explicar quem ou como eram nem ao que vinham. Ficaram muito espantados por me encontrar viva, isso sim. Não falámos, claro (como poderia fazê-lo sem caixa de ressonância?), mas também não foi necessário. E perante as minhas súplicas sentidas, aceitaram que eu voltasse ao mundo, que tivesse oportunidade de procurar os meus e despedir-me. Porque não? Aparentemente, também eles não tinham nada a perder.

Foi assim que eu, Amélia Rodrigues da Cunha, me vi de repente aqui, de novo. Nasci outra vez, tão simples quanto isso.

Mas não pensem que foi uma reencarnação, não, essas coisas não existem. Que eu saiba, e agora sei muito, sou a única criatura que vive com a memória e identidade da sua vida anterior a da atual. O que me aconteceu foi diferente: renasci cadela, uma cadelita vira-lata, filha de pai incógnito e mãe tão vira-lata quanto eu e juntamente comigo vieram os meus três adoráveis gémeos. Não me parece que tenha sido a sorte a ditar o meu nascimento na mesma cidade em que vivi quando era Amélia, a escassa distância da casa de meu filho mais novo, embora a nova perspetiva do mundo, visto através do olhar de um pequeno cachorro, tenha tardado em revelar-me onde me encontrava.

Até poderia dizer que fui feliz, não fosse a circunstância de eu ser gente, de ter passado, memória, marcas e anseios. A minha nova família não, eram todos muito inocentes: brincávamos muito, bebíamos o leite da mãe e mais tarde comíamos o que íamos catando por aqui e por ali. Crescemos muito depressa, um dos meus irmãos desapareceu, outro foi adotado e depois também eu fui e nunca mais soube de nenhum deles.

Não fui inocente na minha adoção: quando me dei conta de onde estava, comecei a procurar e o dia do encontro não tardou em chegar: Explodi de felicidade quando vi a minha neta mais novinha, Lena (como cresceu no espaço de um ano!), a sair de casa, acompanhada pelos pais. Foi aí que me tornei princesa, a “Princesa”. A menina, percebendo o meu entusiasmo e alegria com a sua presença, logo se apaixonou por mim. Implorou aos pais para que me adotassem e não foram difíceis de convencer; o meu filho Pedro começou por negar, enquanto eu pulava de felicidade tentando gritar: Filho! Filho! Filho! Sai ao pai, que só sabia dizer que não a tudo e em seguida fazer que sim – sempre, mas perante a insistência da menina e o olhar da esposa (que já antes era como se fosse uma filha para mim) logo cedeu – e assim iniciámos um novo ciclo de amor incondicional.

A minha felicidade não podia ser maior, tinha regressado ao seio da família e todos me adoravam. Fui uma cadela modelo: obviamente, não precisei ser educada, sabia muito bem que não devia fazer as minhas necessidades em qualquer sítio, estragar os objetos ou móveis da casa, ou roer os chinelos dos donos (e bem que precisei de controlar o meu instinto canino para não o fazer). Continuei a ser humana, compreendem? Vocês, sim, mas eles não tinham como. A minha inteligência e comportamento assombrava-os, acabaram por concluir que eu já vinha ensinada e fora abandonada por alguém de muito mau carácter. Graças a isso, tratavam-me ainda melhor, desejando que esquecesse um passado que supunham traumático. Mas como estavam enganados! O meu passado era feliz e fora por ele que regressara.

Foi muito difícil. Vivo com eles há quase doze anos e teria sido bem mais feliz se fosse apenas cão, como todos os outros cães. Mas não tive essa sorte e, persistente como sempre fui, tentei que eles percebessem quem eu era de todas as formas que consegui. E sou bem imaginativa! Mas nada resultou até hoje. O máximo que consegui deles, além de todo o carinho e amor que me deram, foi o clássico: “Só lhe falta falar!”. Mesmo assim, sempre que dizem isto, ainda hoje, outra vez carregada de artroses como na outra vida, ponho-me aos pulos e a latir com toda a força, tentando que percebam.

Mas os humanos só veem o que estão preparados para ver. Faz parte da nossa condição, bem o sei, também eu era assim e nunca teria suposto que algum dos meus cães pudesse ser humano.

O único que percebeu qualquer coisa foi o Aníbal. O Aníbal era o cão da vizinha que vive no segundo andar do prédio onde eu morava quando era Alice. Falo dele no passado porque já morreu, como aliás a sua própria dona, D. Ermelineta, pouco tempo depois dele. O Aníbal, que tinha esse nome em homenagem algo bizarra ao defunto marido daquela senhora sempre tão calada e triste e que nunca se via a não ser a passear os seus Aníbais; primeiro um, quando a doença já não lhe permitia sair sozinho, e depois o outro, o seu doce amigo de quatro patas. Bem, este até merece que conte a história, uma vez que foi o único que me reconheceu:  Certo dia em que visitei o meu marido com os “meus donos” (impossível descrever a alegria que estas visitas me proporcionavam), cruzamo-nos na escada; o Aníbal a sair com a D. Ermelineta e eu a entrar com a família. O Aníbal cheirou-me ainda antes de me ver e a expressão de espanto no seu focinho foi “de película”, como dizem os espanhóis. Enquanto os humanos se cumprimentavam, nós fizemos o mesmo: o Aníbal, muito ereto, fazendo círculos à minha volta e cheirando o meu rabo e eu, para não fazer figura de ursa, também lhe cheirava o cu.

Acredito que o pobre cão morreu conservando ainda a recordação daquela estranheza toda. Eu não, sabia bem quem era um e outro, mas eu sou humana, não é? Tenho essa maldição.

Vivi muito durante estes doze anos e, nesta etapa da minha vida, acredito que teria sido melhor não implorar pelo regresso, permitir que aqueles dois (fossem lá eles o que fossem) fizessem o que tinham a fazer e que não cheguei a saber o que era.

Reparem, em todos estes anos, amei desesperadamente toda a minha família, mas não consegui que nenhum deles me reconhecesse; perdi a minha função de cuidadora; assisti, impotente, a que dois dos meus quatro filhos cortassem relações por motivos idiotas e que eu teria conseguido resolver ainda antes dos confrontos; acompanhei, de longe, as conversas telefónicas que me deram a conhecer o cancro que acabou por levar outro deles; segui o evoluir da degenerescência física e mental do Leonel (meu marido e companheiro de mais de cinquenta anos) até que também ele morreu e, tal como eu, sem despedir-se de ninguém, pois deixou de reconhecer a todos muito antes disso. Curiosamente, os dois últimos elos do Leonel com a vida fui eu e eu; eu, sua mulher, sobre quem continuava a falar como se fosse viva, com os filhos que já não sabia quem eram; e eu, Princesa, a quem até ao fim, dedicou o seu máximo carinho. Vi-o morrer, estava lá com todos eles nessa noite. Ninguém me impediu de subir para a cama e o Leonel morreu deitado junto a mim, ao lado da sua mulher. Acredito que lhe percebi, em um lapso de momento antes do último suspiro, um olhar lúcido na minha direção, como se compreendesse quem estava ali. Mas não, foi só o meu coração a pedir que acreditasse. Os nossos filhos, que há muito haviam aceitado o desenlace inevitável, choraram lágrimas abundantes pelo pai. E eu impotente, sem poder acudir-lhes, impedida de os ajudar a aceitar a perda. Chorei tanto…

Mas também tive muitas alegrias: mais netos e até bisnetos (sim, sou bisavó), crianças saudáveis, uns mais inteligentes que outros, uns mais saudáveis que outros, mas todos adoráveis e maravilhosos. Orgulhei-me dos meus filhos e das pessoas que foram sendo; todos bem formados, todos de sentimentos riquíssimos, cada um deles justificou a minha vida e tudo o que lutei, tanto na primeira quanto na segunda. Além disso, dediquei todos os minutos da minha segunda vida a mostrar-lhes quanto os amo e sei que contribuí para que todos fossem um pouco mais felizes.

Chorarão de novo por mim, dentro de pouco tempo. Como já vos confessei, estou velha e sei que o fim dos meus dias se aproxima a velocidade assombrosa. Desta vez não me apanha desprevenida, estou preparada. Se suceder de novo não morrer completamente e aqueles dois (ou outros, sei lá) voltarem a aparecer, vou fingir-me de morta, estou pronta para o nada ou o que seja.

Já tive a minha segunda oportunidade. Fui imensamente amada em ambas as minhas vidas e amei na mesma medida. Sofri e fui feliz. O ciclo está completo, não peço nada. Na primeira vida não tive oportunidade de me despedir, na segunda não consegui alcançar o meu propósito; se houvesse uma terceira mais objetivos ainda ficariam por atingir. Percebo agora que o nosso trabalho nunca fica completo, porque simplesmente não nos esgotamos no que somos.

Esta história serviu só para dar o meu testemunho, senti essa necessidade de vos dizer: seja qual for a forma em que chegamos a este mundo, vale a pena viver.

 

PERSONAGEM QUE INSPIROU ESSA HISTÓRIA

 

17 comentários em “Viver Duas Vezes – Ana Maria Monteiro

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  1. Bravo! Que conto mais belo, tocante, inspirado e inspirador.
    Talento imenso, posso ler a al na da autora em cada linha e termino com lágrimas nos olhos, diante de tamanha filosofia, reflexão e fantasia que faz pensar.
    Lição de vida, a vida de Princesa.
    Parabéns! 👏👏👏

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  2. Uau! Que conto incrível! Q destreza literária dessa autora, que conseguiu produzir algo tão forte, tão bem escrito, tão comovente em tão poucos dias!
    Me emocionei diversas vezes ao longo do conto. Quando eu tinha vinte e poucos anos e meu pai estava doente, eu tive um sonho muito maluco. Tudo era escuridão, eu não via imagem alguma, tampouco conseguia falar ou me mexer. Só escutava minha própria voz, como se estivesse vindo de um gravador mono. Aos poucos eu ia tomando consciência de que eu havia morrido e não enxergava nada porque não tinha mais córneas, não me mexia porque não tinha mais músculos, não falava porque não tinha mais cordas vocais. Primeiro tive medo. Depois percebi que essa era só uma nova condição de vida e que eu ia me acostumar. Então imaginem o que senti quando li essa passagem: “Não falámos, claro (como poderia fazê-lo sem caixa de ressonância?), mas também não foi necessário.”!
    Outra coisa que me tocou muito foi a relação de sensibilidade com os animais. Eu aqui tenho gatos. O amor que sinto por eles é absolutamente incondicional e sei que é recíproco. Ás vezes tenho dúvidas se não são anjos encarnados para cuidar de mim… Ao longo dos anos e das gerações de gatos que passaram pela minha vida, aprendi muito com eles. Aprendi inclusive a lidar melhor com a morte, tendo consciência de que é uma parte fundamental da vida, e que a vida sim é que deve receber as atenções do nosso coração, e aproveitar cada momento dela, da nossa vida e da vida de quem amamos, de quem temos por perto, pessoas ou animais, e sermos gratos por esse tempo, mesmo que nos pareça sempre curto demais.
    Agradeço à autora desse belíssimo conto, por ter tocado meu coração tanto assim. Parabéns.

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  3. Querida Contista,

    Tudo bem?

    Fiel à proposta não só do personagem como o da trama/conflito, a autora deste texto nos trouxe uma história linda, comovente e, eu diria, apaixonante.

    Os cachorros, os animais em geral, são assim como a Juliana disse acima. Também os considero um tipo de anjo. Só quem convie com os animais entende sua pureza e amor que dedicam em sua relação com o ser-humano.

    A narrativa em primeira pessoa foi a escolha correta e eriqueceu muito a trama, trazendo esse olhar particular de uma humana que já se foi, em contraponto à da cadelinha, que volta apenas para dar amor. Não serão todos assim mesmo? Fico aqui me perguntando, como resgatadora que já fui. Sei que são eles é que nos encontram, isso e certo, nos escolhem, porém, nem sempre estamos prontos para eles… Não posso nem ouvir falar em cães que choro, principalmente os abandonados, então, já imaginou o quanto chorei por aqui, não é?

    Obrigada por trazer-nos um texto tão cheio de amor.

    Beijos
    Paula Giannini

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  4. Olá, querida amiga Contista!Quando eu vi essa ficha, achei muito difícil, dar uma alma humana a uma cachorrinha parecia quase impossível, mas você conseguiu! O conto é profundo e intenso, cheio de amor e doçura, mostrando o que aconteceu com os membros da família e descrevendo tão bem o papel fundamental de uma mãe na harmonia e no desenvolvimento saudável de uma família. Está muito bem escrito e estruturado, com uma escrita simples e limpa que nos leva ao entendimento sem grandes firulas, é direta. Parabéns pelo belo conto e pelo brilhante desenvolvimento da personagem! Um abraço!

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  5. Que vida de princesa! Ao dobro… Texto dramático, emocionante, só mesmo quem foi muito feliz pode desejar voltar à vida, e,mesmo como um animal, manter a alma pura e cheia de amor, cheia de esperança. A história flui no imaginário do leitor, com uma composição mais ou menos complexa e perpassada por um tom poético, e vamos conhecendo as personagens (Amélia, Princesa e familiares) através de seus traços subjetivos.

    O envolvimento emocional do leitor, mediante o desenrolar dos fatos, cresceu com a narração em primeira pessoa, que, além do mais, trouxe maior credibilidade aos fatos criados.

    Outro ponto a ser observado e como foi seguida à risca a criação da protagonista e o enredo da proposta de Desafio. Parabéns pela habilidade inventiva e pela sensibilidade! Beijos!

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  6. Olá, amiga contista! Vc nos presenteia com um conto que é um relato emocional da humanidade. Da humanidade que há em nós e na humanidade que há nos cachorros, a parte boa de nós mesmos, que demonstra um amor incondicional que só uma mãe sabe dar e doar. Vi-me lá, no seu relato, apartando as brigas, colocando “panos quentes’ na ferida aberta, atando os nós das relações familiares, sempre tão intensas. E no final, a declaração soberba: seja qual for a forma em que chegamos a este mundo, vale a pena viver! Parabéns pelo belíssimo conto.

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  7. Eu amei! Simples assim. Amei muito essa história. Cumpriu muito bem o desafio. E me fez rir e refletir. A parte mais engraçada foi o encontro com o Aníbal, o cão da vizinha. Eu ri muito! E essa passagem… “Mas os humanos só veem o que estão preparados para ver. Faz parte da nossa condição, bem o sei, também eu era assim e nunca teria suposto que algum dos meus cães pudesse ser humano.” É para se pensar muito bem. Obrigada por compartilhar conosco essa visão do personagem proposto. Um grande e carinhoso abraço!

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  8. Uma narrativa encantadora para um personagem adorável. Parabéns para as duas contistas, a que concebeu o personagem e a que lhe deu vida. Os melhores momentos para mim foram quando Princesa malandramente seduz a neta fazendo-se adotada e quando Aníbal a reconhece cheirando-lhe o rabo. Gostaria de mais momentos como esses de pura cachorrice… Encheram-me de saudades dos meus queridos labradores estabanados e mau-caracteres. Muito agradecida por esse texto tão sensível e gostoso de ler! Beijo grande!

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  9. Fiquei protelando a leitura deste conto sem saber o porquê disso. Agora, entendo que foi como aquele sentimento que temos quando deixamos o melhor para depois, para assim prolongar o prazer que nos confere.
    A contista foi fiel à ficha recebida, tanto às características da personagem quanto ao dilema vivido. Por meio de um enredo que poderia até passar por infantil, a narrativa desenvolve-se revelando reflexões e sentimentos que emocionam. O amor incondicional da avó perpetua-se na dedicação da cadela Princesa, que nada pede, pois só pretende amar.
    Lindo o seu conto! Parabéns!

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  10. Hoje estou emotiva. Ontem perdi minha cachorrinha que ficou comigo por nove anos. Adotei-a já adulta, abandonada. Este conto é muito bom, e parece tão real que me pergunto se isto não poderia realmente acontecer, quem pode saber?
    Parabéns pela escrita, incorporou perfeitamente o personagem.
    Bjs ❤

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  11. Olá!

    Seu conto é muito bem escrito e tem força. Não sei bem como explicar mais gosto muito quando há um tom, uma sonoridade, um modo que permite ouvir a voz, sabe?
    Particularmente me encanta muito mais a forma que o conteúdo, e sua forma de narrar, de amarrar os fatos e seguir mantendo o tom foi o que mais chamou a minha atenção.
    Bem escrito, personagem narrador cativante, crível, com carga emotiva e pitadas de humor.
    Parabéns!

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  12. Imagino que sei quem seja a autora e se for quem eu penso sempre poderemos esperar dela grandes feitos. O conto é um mergulho em lembranças e sentimentos, todos contidos num coração ansioso para se revelar. De certa forma, se não conseguiu dizer quem era, legou preciosos momentos para a família que a manteve, em sua condição reencarnada. O texto tem uma mistura muito interessante de consciência humana e as descobertas da Amélia ao viver na pele de um animalzinho que, por não falar, expressa as emoções através da ternura, do cuidado e do amor devotado aos seus “humanos”. Li o conto enquanto conversava com o meu Ralph. Agora fico imaginando se ele não será alguém que amei e que me amou, e que voltou para cuidar de mim. Abraços e boa sorte.

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  13. Olá, Contista! Obrigada por participar do nosso desafio!

    Que conto lindo, apenas isso, a autora estava verdadeiramente inspirada e nos mostrou todas as nuances da personagem. Uma personagem rica em todos os detalhes. O texto há uma sonoridade, talvez seja o sotaque, não sei, mas é algo que eu gosto muito quando encontro em um texto. Amei princesa, seus devaneios, suas lembranças a forma sabia ao mesmo tempo que simples com o que vê a vida. Ela sabe das coisas, ela viveu duas vezes e nas duas aprendeu a mesma coisa, que vale a pena viver. Há lições muito bonitas, frases inspiradoras. Enfim, um conto perfeito, atendeu a ficha de forma certeira e deu o toque especial de alguém que sabe muito o que está fazendo.

    Parabéns!

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  14. Que vida bonita a de Amélia!
    Em duas versões, dedicou seu amor e isso é tão precioso!
    Vc seguiu fielmente a ficha e o que resultou foi um lindo relato de amor…
    destaco esta frase que muito me tocou:
    ‘…não nos esgotamos no que somos.’
    Parabéns contista e obrigada pela partilha.

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  15. O primeiro que estou lendo e já me emociono assim, de cara. Que linda narrativa! Pude visualizar muito bem tudo o que a personagem contou de duas vidas tão plenas… Me deu até vontade de esse conto ser um romance, ter muitas e muitas páginas, mostrar tudo com mais detalhes, porque eu leria sem problema algum, sem reclamar, levaria o livro comigo pra tudo que é lugar, pra ter tempo de ler sempre que pudesse, nem que fossem dois ou três minutinhos, duas páginas por vez… Parabéns, contista, arrasou! Obrigada por esse conto tão lindo!

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  16. Olá querida contista,

    Parabéns, a narrativa em primeira pessoa nos fez sentir o amor, a saudade, a culpa, a alegria e a tristeza da personagem.
    Conseguiste se manter fiel à proposta da ficha, mas nos deu uma história bastante comovente e muito bonita.

    “porque simplesmente não nos esgotamos no que somos.”

    Esse conto é uma lição, um recomeço e uma verdade. Nós nunca conseguiremos fazer e cumprir tudo, agradar a todos, e completamente a nós mesmos.

    Parabéns pelo belo conto!

    Curtido por 1 pessoa

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