Mechanismo – Iolandinha Pinheiro

 

O INÍCIO

Em 1940, um dia antes do embarque dos jovens selecionados para as batalhas da segunda guerra mundial, o melhor amigo de Benjamin Schuartzmann organizou uma noitada de despedida com muita bebida e dança. Durante a festa, o jovem aspirante foi esnobado pela loira Elizabeth Rivers, o que o fez beber além da conta e perder o trem para o quartel. Por sorte do rapaz, havia outro comboio com o mesmo destino, partindo uma hora depois e Benjamin conseguiu lugar no último vagão, onde também viajava um curioso senhor usando uma exótica roupa colorida, que se distraía mexendo em um relógio dourado.

Depois do embarque, ainda sob o efeito dos excessos na noite anterior, acabou dormindo e deixando de descer na segunda estação, onde pretendia tomar um café reforçado e comer alguma coisa.

Despertou algum tempo depois de maneira brusca. Um solavanco havia tirado o trem dos trilhos fazendo o interior do vagão sacolejar, jogando as bagagens de um lado para o outro. Conseguiu se equilibrar e se agarrou à haste de ferro que havia ao lado de seu assento exatamente na hora em que o trem caía no vazio e se chocava, segundos depois, contra o solo lá embaixo.

Quando voltou a si seu corpo inteiro doía, especialmente o quadril, que havia sido quebrado no acidente. Estava na parte de trás de uma carroça, junto ao homem do relógio dourado, chegando a um lugar no meio da floresta.

Benjamin olhou desalentado para a precariedade do lugar. Precisava de atendimento médico urgente e tudo o que via ao seu redor eram tendas de onde pessoas com longas vestes entravam e saíam. Mulheres de bata andavam de um lado para outro levando sacolas com ervas, homens maceravam sementes em grandes pilões de pedra.

Pediu a cada pessoa que se aproximava, que o levasse à cidade, mas simplesmente não respondiam. Não pensava apenas na própria situação, mas, principalmente, nos amigos e nos pais, Sarah e Samuel que certamente ficariam preocupados, sem ter notícias suas.

Não teve forças para impedir quando dois homens transportaram seu corpo quebrado para uma cama e um deles tocou com força no local em que o osso havia se partido. Uma dor insuportável o fez desmaiar.

Não fazia ideia de quanto tempo tinha ficado inconsciente, parecia que havia dormido por anos. Sentiu tontura quando levantou do leito e sem destreza alguma para caminhar, mas, para a sua perplexidade, não havia mais dor no quadril, que também não estava imobilizado.

– Bem, meu jovem. Parece-me que você já está em condições de ir embora. A estação não fica longe daqui. Vou levá-lo até lá, para que embarque.
– O que aconteceu? Quem é você?
– Está se sentindo bem agora? Estou realmente muito ocupado. Vamos?
Achou melhor seguir com o homem. Estava voltando para o seu destino e isso era o que importava no momento.

REBECA

O trem já apitava quando chegaram à estação. Coincidentemente, embarcou de novo no último vagão, que desta vez estava cheio. Durante a viagem distraiu-se com pensamentos estranhos que lhe ocorriam sempre que fechava os olhos. Via mulheres jovens e velhas movimentando-se despidas ao redor de uma fogueira. No centro delas, um homem sem rosto ria e falava palavras incompreensíveis. Voltou à realidade com uma criança sardenta cutucando o seu rosto.

– Ei, moço, chegamos! Levanta daí!
– Hum?
– David, venha já para cá. Saia de perto do homem! – Chamou a mãe do menino, envergonhada pela falta de educação do filho.
– Você está bem? – perguntou uma moça ruiva, sorrindo, e se aproximando do seu assento.

Benjamin tentou compreender o que estava acontecendo. A moça sorria para ele.
– Conheço a senhorita de algum lugar?
– Bem… Estamos viajando no mesmo vagão há horas. Felizmente, acabamos de chegar à minha estação. Talvez seja a sua também. Está precisando de alguma coisa? Você está pálido.
– Tem razão, vou descer e verificar se cheguei ao meu destino. Estou um pouco tonto e com fome, aceitaria tomar um chá comigo? – Perguntou, agradecendo à gentileza da garota.

Assim que saíram do trem, Benjamin sentiu um choque ao se dar conta de que havia chegado à mesma estação de onde partira. Estava de volta à própria cidade. Olhou a sua volta e não viu nenhum rosto conhecido. Não compreendia nada. Por que havia retornado? Caminhou até o escritório para esclarecer o acontecido. Procurou a passagem no bolso e como não a encontrou, abriu a mochila para ver se estava lá. Enquanto revirava o conteúdo, viu o relógio dourado do homem, estava solto sob o lençol cuidadosamente dobrado pela mãe. Embaixo dele o bilhete amarelo e amassado, já perfurado, indicando o seu uso.

O encarregado olhou demoradamente para o papel. Enquanto o homem verificava as informações, Benjamin se distraía passando a vista na estação, nas pessoas, na parede por trás do funcionário. Achou muito estranho o calendário fixado por tachinhas indicar estarem no ano de 1960, não sabia que faziam calendários de anos futuros.

Já ia perguntar por que o calendário estava indicando aquela data impossível, quando o funcionário levantou a cabeça e falou que a passagem já havia perdido a validade há 20 anos. O homem, que estava tão impressionado quanto ele, perguntou se podia ficar com o bilhete do rapaz e se retirou para o almoço, dando a conversa por encerrada.

Benjamin se sentiu tonto e confuso. Procurou a moça que havia conhecido no trem, mas ela havia desaparecido. Restava a ele ir à casa de seus pais e tentar descobrir o que, afinal, teria acontecido.

Seguiu o curto trajeto até lá, mas as ruas, as residências, os comércios, as gentes, nada era como no dia anterior, como se tudo tivesse sido substituído magicamente em 24 horas, por prédios novos e pessoas que nunca havia visto antes. Caminhou até chegar a sua rua. Ficou feliz ao constatar que a casa dos pais ainda existia, mas percebeu que a fachada estava bem mais gasta do que antes.

Abriu o velho portão de ferro e não viu ninguém. Andou até a porta que estava trancada. Tocou a sineta, bateu palmas, gritou o nome da mãe, andou pela lateral da casa e entrou por uma janela que sempre ficava apenas encostada. Assim que seus pés tocaram o chão, uma nuvem de pó subiu e encheu de partículas o feixe de luz que entrava pela janela aberta. Um cheiro de bolor e poeira emanava da sala mal iluminada e se espalhou pelo corredor. Deu uma volta pelos aposentos, todos os móveis haviam sido retirados. Apenas um pequeno oratório reinava solitário além das paredes tristemente nuas.

Abriu as portas duplas e dentro dele havia uma fotografia emoldurada com a imagem de um oficial batendo continência e sorrindo. Um homem tão parecido com ele próprio quanto seria possível ser parecido com alguém, porém alguns anos mais velho. Ao lado da imagem, um envelope com uma carta do exército em seu interior. Levou o papel até a luz para poder enxergar as palavras ali escritas. A carta era para os pais do oficial desaparecido em combate, e dado como morto. A data era de setembro de 1944, o oficial tinha o seu nome.

Não conseguia atinar o que estava acontecendo. Saíra no dia anterior para ir ao quartel e acordara no dia seguinte vinte anos depois, e agora havia descoberto que tinha morrido. Não lembrava de ter vivido nada daquilo. como havia vindo parar em outro tempo, ou como todo este tempo passara sem que ele próprio vivesse cada um dos seus dias? Como não era possível estar em dois lugares ao mesmo tempo? Acreditou que, de alguma estranha forma, outro Benjamin havia aparecido e ido para guerra em seu lugar. Uma vida sem o seu protagonismo, os anos passando enquanto um acidente de trem que quase causara a sua morte, serviu justamente para evitá-la.

Andou pelos aposentos da casa vazia, não se identificava com mais nada ali. Foi até a vizinha e bateu. Saiu de lá uma moça que nunca vira antes e o informou que os moradores daquela casa haviam morrido pouco tempo depois da notícia do falecimento do filho único deles, herói de guerra.

Benjamin saiu de lá transtornado. Seus pais haviam morrido. Enquanto chorava a caminho do cemitério, pensava em como a mãe deveria ter sofrido ao receber a notícia. Já não eram tão jovens, decerto ficaram doentes. Encontrou facilmente os túmulos dos três. Sabia que o seu caixão onde deveria estar o seu corpo estava vazio. Mas rezou também por esta perda. Sentiu a nostalgia singular de ter saudade daquilo que nunca vivera. Que alguém com seu nome e seus pais havia vivido no lugar dele. Aquele túmulo com seu nome gravado era a morte de sua felicidade, das suas lembranças, dos pais tão queridos que jamais voltaria a ver.

Ficou vagando a esmo pela cidade, tentando digerir todas aquelas dolorosas e inacreditáveis novidades. Era tudo tão surreal que ele pensava ainda estar sonhando dentro do trem.

A tarde já estava caindo e sequer havia almoçado. Naquele momento o seu principal objetivo era arrumar um local para ficar. Pensou em viajar para a casa de algum conhecido, mas não teria como explicar que ainda estava vivo e era tão jovem quanto em 1940. Lembrou do hotel da cidade e pensou se ainda existia. Ficou surpreso por encontrar caras novas entre os funcionários. A sensação de não pertencimento lhe causava ansiedade, não sentia vontade de se relacionar com ninguém, todavia não tinha mais para onde ir.

No balcão uma jovem anotava coisas no livro de registro, de cabeça baixa. Quando a ergueu para atendê-lo, ele a reconheceu de imediato e sorriu. Era a moça ruiva do trem.

– Acho que a perdi na estação. Ainda estou lhe devendo um chá.
– Não se preocupe. Vai se hospedar aqui?
– Sim. Gostaria de saber se também há alguma vaga para trabalho.
– Não sei, o que você sabe fazer? Sabe datilografar? Faz contabilidade? Está com seus documentos aí? Vou falar com o meu pai mais tarde. Se tiver alguma ocupação, eu aviso. A propósito, eu sou Rebeca. Como foi mesmo que você disse que se chamava?
Benjamin sorriu e respondeu.
– Não estou com documentos, mas vou providenciar. Sei datilografar e já fiz curso técnico de contabilidade. Tem quarto disponível para mim? Já posso me registrar?

Rebeca respondeu estendendo o livro de registro e colocando a chave do quarto 12 A na mão dele. Benjamin escreveu em letra inclinada para a direita o nome inventado na hora Samuel Schuartzmann Sobrinho. Depois pegou a sua mochila e subiu.

No dia seguinte foi até o cartório e se apresentou como um sobrinho de seu próprio pai. O Benjamin que aquela gente havia conhecido estava enterrado para sempre junto aos pais no cemitério da cidade. Ninguém duvidou que ele fosse mesmo quem dizia ser. Era a cara do primo, herói de guerra. Os novos documentos foram arranjados sem maiores complicações. Logo fez amizade com as pessoas, que, na verdade, o conheciam desde criança, vendeu a casa dos pais pois seria o único herdeiro e durante os próximos anos namorou, noivou e se casou com Rebeca. No fim das contas parecia que tudo ia dar certo.

Benjamin, que por força das circunstâncias, agora se chamava Samuel, usou o dinheiro recebido com a venda da casa para adquirir um imóvel menor na mesma rua onde funcionava o hotel de seu sogro. No dia em que se mudaram, enquanto arrumava seus pertences no guarda roupas do quarto principal, Rebeca pediu que o marido fizesse uma seleção das coisas que pretendia levar para o lar do casal. Enquanto separava os lençóis e toalhas, deparou-se com a velha mochila de viagem que não sido mais usada desde a sua volta. Lá dentro, brilhando solitário no fundo da mochila, estava o relógio dourado. Retirou-o com cuidado e o pôs no bolso. Era o mesmo objeto que o homem, que o tinha salvado, segurava. Esqueceu do assunto e só foi lembrar dele depois do banho, quando foi colocar a roupa suja no cesto.

Mais tarde, depois de Rebeca dormir, sentou-se à beira da cama, pegou o relógio e viu que estava sem funcionar, então o abriu com uma pequena chave de fenda. Os mecanismos estavam todos lá, como os de qualquer outro relógio. Tocou numa pedra brilhante entre as peças e percebeu que o botão de dar corda havia aparecido no lado direito. Girou o botão para dar a corda no sentido horário. Assim que o fez, a peça iniciou um movimento de giro bem ligeiro enquanto o ambiente ao redor de Benjamin flutuava e se modificava fazendo com que o tempo naquele quarto passasse bem mais rápido do que no ritmo natural. À medida que os ponteiros giravam, o sol nascia e se punha muitas vezes e os fatos futuros iam se revelando para ele. Fez o botão parar. Guardou o objeto numa caixa e o pôs sobre o armário para que ninguém o encontrasse.

O tempo para o casal passou ameno. Dias tranquilos e repetidos para quem desejava com ardor a rotina sem emoções turbulentas. Rebeca ficou grávida e Benjamin se sentiu o homem mais realizado do mundo. Quando faltavam poucos meses para o nascimento, a esposa começou a sentir tonturas e dor de cabeça, e o casal soube que a gravidez de Rebeca era de risco, As coisas caminharam aos sobressaltos até o dia do nascimento. O médico foi chamado, e o parto demorou bem mais tempo do que seria normal. Do quarto se ouviu apenas o choro de seu filho. Um silêncio cheio de certezas encheu a casa de lamento. Rebeca não chegou a ver o próprio filho. O menino nasceu sufocado e quase teve destino igual ao da mãe.

SAMUEL II

Benjamin estava triste demais para querer ver o filho. Ficou sentado na sua poltrona, enquanto pessoas entravam e saíam para providenciar o velório. No quarto ao lado do seu, o bebê dormia alheio a qualquer coisa. Benjamin não fechou os olhos um minuto sequer. Só queria sair dali e não ter mais nenhuma responsabilidade sobre nada. O que faria a seguir era uma incógnita. No dia seguinte a tia de Rebeca veio com uma moça pegar o menino para que Benjamin pudesse trabalhar. Andava com uma moça pálida e triste.

– Essa é Suzana. Ela perdeu o filho, mas tem muito leite. Vai vir aqui para tomar conta da casa e e cuidará do seu menino na minha. A propósito, como vai ser o nome dele ?

– Samuel Schuartzmann Sobrinho II.
Falou isso e saiu. Qualquer coisa que dissessem naquele momento para Benjamin, ele aceitaria sem reclamar. Não foi ao trabalho e tampouco ficou em casa. Saiu andando pela cidade sem saber como deveria agir. Pensava o tempo inteiro em Rebeca, e em como havia destruído a sua vida por tê-la conhecido. Culpava-se. Não conseguia sentir carinho pelo filho. Desejava até que a esposa jamais tivesse engravidado, ou mesmo o conhecido. Andou a esmo até entrar no primeiro bar aberto que encontrou. Um gole de conhaque o aliviou, mas o efeito foi rápido e ele achou que ajudaria pedir outra dose. Mais copos vieram e logo ele perdeu a conta. Ainda estava lá quando o dono resolveu fechar o estabelecimento, e saiu protestando que não tinha para onde ir. Não tinha vontade alguma de voltar para casa e ter que pensar naquele pequeno estranho que precisava dele.

A parte mais difícil era conciliar a vida que ele precisava ter com a negação na qual desejava se jogar.
No dia seguinte foi para seu trabalho no hotel e conseguiu fazer as coisas mecanicamente até a hora de sair para o almoço. No caminho para casa mudou de ideia e foi andando até o bar do dia anterior. Passou a fazer isso vários dias por semana. Quanto mais reclamavam dos seus sumiços no trabalho, mais vontade ele sentia de não ir.

Benjamin quase não via o filho. Quando Suzana vinha para limpar a casa, se queixava do desleixo dele para a tia de Rebeca. A frequência no bar aumentava, assim como as contas penduradas por trás do balcão. A vida dissoluta levava tudo o que tinha. Sem dinheiro para administrar a tristeza, passou a furtar do cofre do hotel. Seu sogro resolveu agir.

Uma manhã, Benjamin acordou e descobriu que estava trancado no próprio quarto com um jarro de água e um prato com pão e carne seca. Primeiro bateu na porta e chamou Suzana. Desistiu e dormiu novamente. Mais tarde, quando acordou, viu que a porta continuava trancada. Bateu mais forte, gritou. Nada. Foi ao banheiro, tomou um banho. Voltou e comeu o sanduíche. Bebeu a água toda. Procurou um livro para ler pelo quarto e foi aí que ele se lembrou do relógio.

O RELÓGIO

Lembrava exatamente onde o havia deixado. Resolveu fazer um teste. Voltou com delicadeza o botão que dava a corda e viu quando Suzana trouxe a garrafa com a comida e deixou sobre o criado mudo. Viu quando a moça saiu furtivamente do quarto e trancou a porta por fora. Voltou, então, mais um pouco e viu a si próprio no bar, se desequilibrando no banco alto onde estava sentado, enquanto outro frequentador tentava puxar dinheiro de dentro do seu bolso. Vacilou um pouco e deu um grande giro. Apertou o mecanismo quando chegou ao ponto que queria.

Voltou ao dia do casamento. Estava olhando para a entrada da capela. Do altar ele via cada um dos convidados vestidos em suas melhores roupas e agindo exatamente igual à outra vez. Dali a alguns instantes ela viria viva, rosada, de mãos dadas com o pai e segurando um buquê. A cada dia em que vivesse faria tudo para preservar Rebeca. Durante todo o tempo a partir do retorno da amada, Benjamin se esforçou para agradá-la em cada detalhe e cuidar com todo o zelo de sua saúde. Apesar disso, a esposa parecia triste e distante, como se pressentisse que não fazia mais parte do mundo dos vivos. Mesmo quando descobriu que estava grávida, não ficou feliz como da primeira vez, não bordou roupinhas e não se interessava por assuntos da maternidade.

Uma noite, antes do dia em que deveria parir, foi com a tia fazer umas compras de coisas para colocar no quarto do filho. Na volta, as sacolas e caixas nas mãos a impediram de ver o carro que acabara de dobrar na rua que estava atravessando. Foi levada ao hospital e agonizou por várias horas. Antes de falecer, retiraram o filho fazendo uma cesariana às pressas. O bebê já estava em sofrimento, mas sobreviveu. A hora da morte da esposa foi a mesma do falecimento anterior. Não conseguiu salvar a sua esposa. Todo mundo tem uma hora exata para morrer. Tantas vezes ele voltasse no tempo, quantas ela morreria exatamente na mesma data, cada uma por um diferente motivo e passaria pela dor de morrer inúmeras vezes, inevitavelmente.

Benjamin resolveu mudar tudo em sua vida. Vendeu o que possuía, depositou o dinheiro numa poupança que abriu para o filho, e o entregou para ser criado de vez pela tia Charlotte. Foi até a antiga casa dos pais que ainda estava desocupada e fez o relógio dar um salto de dez anos na vida.

Assim como acreditava, continuou com a mesma idade. As coisas, porém, estavam muito diferentes. Quase todas as pessoas que conhecia na cidade haviam morrido. O ano era 1972 e a impressão que tinha era que havia chegado a um outro planeta. Carros, roupas, pessoas, e, sobretudo, a música estavam diferentes.

Foi à rua onde ficava o hotel e esperou até ver um menino correndo feliz pela calçada com o rosto igual ao que ele mesmo teve aos dez anos. Seu menino, pelo horário, devia estar voltando da escola. Em poucos segundos havia perdido os melhores anos da infância do filho. Sentiu os olhos encheram-se de lágrimas, e o irresponsável impulso de reaparecer na vida dele, mas não sabia como haviam sido tantos anos de abandono. Também não teria como explicar como ainda estava com o mesmo rosto após todo aquele tempo decorrido. Não tinha mais o direito de ser pai daquele menino.

Despediu-se silenciosamente de Samuel e resolveu mudar para outra cidade onde não pudesse mais atrapalhar a vida de ninguém. Foi assim que se instalou na França. Conseguiu um bom emprego em um hotel relativamente luxuoso e decidiu que deixaria a vida seguir seu curso natural. Benjamin desejava viver sem lembranças, começar de novo a partir dali, mas sonhos sobre o tempo que havia passado no acampamento após o acidente de trem povoavam as suas noites.

Aquele intervalo de vinte anos apagado de sua memória sempre foi uma incógnita em sua cabeça. Não entendia por que continuava vivo, se o Benjamin original havia morrido em 1944, ou porque não conseguia lembrar ou ver nada relativo àquele período através do relógio. A conexão com o seu outro eu era feita em pesadelos recorrentes onde se misturavam cenas de rituais estranhos nos quais às vezes, era ele próprio e em outras ele se via como o Benjamin mais velho. Às vezes, durante o sono, os dois se encontravam enquanto tudo girava ao redor, como se estivessem num caleidoscópio das cenas da vida passada e futura.

Sentia que precisava, de alguma forma, resolver esta pendência antes de se livrar definitivamente do relógio, pois só estando com este assunto resolvido para sempre não sucumbiria à tentação de mover as peças da sua vida e da vida dos outros, por consequência.

OUROBOROS

Benjamin iniciou uma investigação por conta própria e depois contratou um detetive para descobrir o paradeiro do seu duplo após saber pelo exército que o corpo do primeiro Benjamin jamais fora encontrado. A informação que tinham era de que ele estava em uma trincheira que havia sido atingido por uma bomba e que todos que estavam lá haviam morrido, e que por este motivo haviam mandado uma carta os pais do oficial.

Passou alguns anos viajando pelo mundo, perseguindo as pistas que o detetive lhe dava, até que, finalmente, encontrou o homem do relógio dourado jantando em um restaurante próximo à estação de metrô. Foi fácil identificá-lo pois ainda usava roupas bem coloridas, como as que usara no primeiro encontro entre os dois. Descobriu o hotel onde o sujeito morava, e usou sua amizade com o gerente do estabelecimento para saber o nome do hóspede.

– Olha só, Samuel, o homem deve ser seu parente. Sabe qual é o nome dele? Benjamin Swartzmann, acredita nisso?

Benjamin estava perplexo. O tempo inteiro andara no encalço dele próprio, muito mais velho do que na foto que vira na casa dos pais. Não sabia como não se reconhecera. Talvez porque a velhice o havia coberto de marcas da idade. Percebeu que aquele encontro no trem havia sido cuidadosamente planejado, por ele mesmo. Precisava saber por quê.

Infelizmente, depois daquele dia o homem nunca mais voltou ao hotel. Benjamin se sentia perdido, sem saber como encontrar o fio da meada e continuar na sua busca. A única maneira de resolver aquele ciclo de desencontros era voltar ao dia em que tudo começou.

Quando achou que estava preparado, acertou o relógio para 1940, um dia antes da viagem. Foi para a festa do seu melhor amigo, mas não tirou Elizabeth Rivers para dançar. Levantou cedo e tomou café com os pais. Aproveitou para abraçá-los muito e matar em poucos e caros minutos, a saudade após tantos dissabores. Andou até a praça e ficou esperando o horário certo. Saiu atrasado para perder o trem que o levaria para o quartel, onde jamais iria chegar. Embarcou de propósito no último vagão e pouco depois o homem do relógio chegou. Sentou-se exatamente no mesmo assento da outra vez e seguiram a viagem sem puxar conversa. Já estava preparado para o acidente e desta vez se segurou com firmeza no assento. Viu quando tudo se soltou e voou pelo ar. Levantou o corpo e dobrou as pernas para reduzir o impacto do vagão com o solo sobre o seu quadril. Desta vez não desmaiaria e nem quebraria osso algum. Desembarcou com o homem que também sobrevivera ao acidente e assim como ele, aguardou que a carroça chegasse. Quando o homem subiu, ele já estava lá. Ninguém falou nada e seguiram o caminho até o acampamento.

Desceram juntos. Sem falar nada, seguiu o sujeito até uma das tendas.

– Olá, Benjamin. Demorou mais do que eu esperava para chegar aqui. Imagino que ainda tenha muitas dúvidas, não é? Com certeza você nunca percebeu que não é uma pessoa de verdade, mas uma projeção de mim mesmo que não era para  existir. Você não existe de verdade, é apenas uma falha no mecanismo que precisa ser eliminada.
– Como assim não existo? Lembro da minha vida desde criança. Dos meus pais, da minha casa, da escola…
– São as minhas memórias. Não sei por que depois de tantas idas e vindas, o mecanismo falhou e no lugar de me trazer jovem novamente, me fez continuar com esta idade e fez você aparecer. Programei o relógio e mandei você para antes do meu nascimento, mas ao invés de ir para trás, ele o jogou para frente. O resto você já sabe. Agora eu preciso matá-lo, talvez isso conserte tudo. Foi por isso que deixei que você me encontrasse, precisava atrai-lo para cá.

O jovem Benjamin sorriu. Ele também havia planejado aquele encontro. Por uma estranha coincidência, havia escolhido também voltar no tempo para resolver tudo aquilo. Sabia que o caminho dele terminaria ali. O retorno para a sua origem. Mas também havia decidido dar uma chance para sorte, de ser ele o escolhido para nascer, ao invés do outro, ser uma vez um bebê inocente, sem lembranças e sem dores, e estava preparado para isso.

Viu quando o velho colocou a mão no paletó para pegar o revólver. então antecipou-se ao desfecho e antes que o tiro fosse disparado, rolou o botão de corda para vinte anos antes. Logo em seguida tudo começou a flutuar diante deles, enquanto os dois se desfaziam rapidamente até que sumissem por completo.

No chão, apenas um relógio dourado com os ponteiros girando rapidamente para trás, retrocedendo vinte anos até ao momento exato em que uma  senhora inglesa dava à luz àquele que viria a ser seu único filho.

– Olha, Sarah! É um menino! Como vamos chamá-lo?
-Que tal ele se chamar Samuel, como você, querido?
– Não. Nada disso. Ter duas pessoas com o mesmo nome na mesma casa vai dar confusão. Eu prefiro que se chame Benjamin.

Iolandinha Pinheiro

29 comentários em “Mechanismo – Iolandinha Pinheiro

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  1. Impressionante, Iolanda, eu achei que demoraria um tempão para ler, pelo tamanho dele, mas li de um fôlego só, esse ritmo que deu à narrativa ficou muito bom e por mais que tenha sido um ritmo rápido de leitura, acompanhei cada detalhe, vendo as cenas na minha mente. Esse texto poderia render ao menos uma noveleta de viagem no tempo, parabéns!

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    1. Querida Bia, muito obrigada pela leitura entusiasmada e entusiasmante. Estou agora entrando nesta vibe de ficção científica e estou fazendo isso de modo paulatino, já que não é minha praia. Que bom saber que agradei assim uma editora de livros que além de tudo é amiga e conselheira. Amei o seu comentário. Tudo de bom.

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  2. Isso me lembrou de um dos livros da trilogia Fronteiras do Universo, onde há mundos alternativos e, no primeiro livro há uma bússola dourada. Além disso, existe o trem… O que me encanta é que trens são mesmo veículos mágicos. Não só na sua história. Em outras que li. Trens me parecem passagens para outros universos. A maluca, aqui, amaria viajar de trem. Ano retrasado, li um livro do Haruki Murakami – O Incolor Tsukuru Tazaki e seus anos de peregrinação – com uma história incrível e delicada sobre um ferroviário japonês e sua busca pela verdade de um único fato de sua juventude. É incrível como trens estão ligados a histórias que me emocionam.
    Eu sabia que amaria. Lá, nos primeiros parágrafos eu sabia que amaria seu conto até a última palavra escrita. Não tem o que dizer.
    Não há outra coisa a se dizer a não ser PARABÉNS! EU AMEI MULHER! ADOREI A HISTÓRIA especialmente porque há uma falha no mecanismo. Isso é inédito de certa forma porque apesar de ter lido muitos contos e romances sobre o tempo, não me lembro de algum que fale sobre uma falha no mecanismo. Então, valeu duplamente. Obrigada por permitir todos os surtos da leitura.
    Beijos no seu coração.

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    1. Acho trens os veículos mais charmosos do mundo. Falo daqueles que possuem cabines individuais e carros restaurantes. Seria perfeito se pudéssemos voltar ao tempo dos homens de chapéu de mulheres com pó de arroz no rosto, mas se um dia conseguir andar num trem chique destes, já ficarei realizada.

      Acho que vc é um excelente termômetro para medir a qualidade dos textos que produzimos. Além do conhecimento e sensibilidade, também podemos encontrar em suas análises uma forte dose de sensatez e crítica bem fundamentada. Adoro!

      Muito obrigada, vc acompanhou todo o processo de criação do meu Mechanismo e suas dicas fizeram muito a diferença. Grande abraço de amizade a admiração.

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  3. Como não poderia ser diferente, adorei o conto! Um mistério atrás do outro, até o fim. Não imaginei que o homem seria o próprio Benjamin! Será que agora tudo volta ao seu curso normal? E o relógio, quem o encontrará? Passaria a noite lendo mais desta história.
    Bjs ❤

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    1. Vanessa, minha linda. O objetivo era que ao voltar para o ventre da mãe, o Benjamin legal tivesse uma chance de nascer no lugar do verdadeiro. Agora eu deixo para o leitor escolher porque eu amo finais abertos. Fico muito feliz que tenha curtido. Tento causar muitas emoções nas minhas histórias e parece que com vc esta tentativa virou realidade. Adoro ter amigos escritores e tão generosos, porque o feedback a cada vez que publico algo, é imediato. Muito legal ser lida por gente que entende de literatura. Obrigada pela leitura e pelo comentário. Beijos e abraços.

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  4. Iolandinha, que show!! Fiquei intrigada todo o tempo, adoro viagens no tempo mesmo que elas dêem um nó ne minha cabeça. 🙂
    Elas , as historias de viagens assim, nos fazem pensar na vida e nas possibilidades e no que não tem conserto, como a hora da morte.. hehe
    Mas, quem sabe, tem conserto a hora do nascimento, não é?!
    Muito bom!
    Parabéns

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    1. Verdade, minha querida. Apesar do Benjamin 2 ter sido criado numa falha do sistema, ele era um rapaz bom, sério, carismático e preocupado com a família. Em resumo, era o oposto do egoísta Benjamin original que simulou a própria morte para poder se livrar ao mesmo tempo da guerra e dos pais. Este conto foi imaginado completamente diferente do que ficou a versão final, mas acabei apreciando o resultado, inclusive de dar ao Benjamin 2 a possibilidade de vir a nascer no lugar do mau. Quem sabe, né? Mesmo deixando o final aberto, eu escolhi no meu coração que quem iria nascer de novo era ele. E que todas as confusões causadas pelo relógio iriam desaparecer, pelo menos naquele universo, pois, quem sabe não haveria vários outros no mesmo conceito de multiverso que virou modinha agora? Um grande abraço e fico muito feliz que tenha gostado.

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  5. Histórias sobre viagem no tempo estão no imaginário há muitos, muitos anos. E você, Iolandinha, conseguiu contar em poucas palavras as complexidades do tema e ainda ter cuidado para não deixar pontas soltas e, sobretudo, sem a primariedade dos clichês.

    Os vários loopers e tentativas de alterar o passado/ futuro trouxeram ação e deixam a trama ainda mais empolgante além de dar muitas questões filosóficas para reflexão. E o desfecho aberto: quem é o bebê? Qual dos dois Benjamins? Resultado muito interessante. E ainda trata com sensibilidade a “falha do Mechanismo”.

    Parabéns pelo trabalho fluido e curioso! A narrativa se firma com perspicácia, desenvolvendo o sentido do conto, dando ao assunto a aura de grandeza que o tema carece. Muito bom trabalho. Continue por essa vertente, mas não abandone o terror em que é brilhante.

    Dizer que sou uma fã seria repetitivo. Beijos!

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    1. Adoro seus instrutivos e inteligentes comentários, Fheluany. Sempre me acrescentam coisas essenciais e fazem de mim uma escritora mais acurada. Obrigada, querida. Ando afastada das escritas e com vários começos sem continuação.

      Até um dia destes um rapaz muito querido me deu uma dica simples mas muito eficiente. Ele falou:

      -Siga escrevendo, mesmo que vc não esteja gostando do resultado. Termine a história e depois volte para transformá-la no que vc quer.

      Assim eu tenho tentado fazer mais a minha desordem mental (rs) me atrapalha demais.

      Menina, espero que esteja tudo bem por aí. Vamos escapando nesta pandemia, não é?

      Moça, mais uma coisa, vc entendeu certinho o que eu queria que entendessem. Parabéns. Mas como esperar algo diferente? Você sempre mata as charadas. Beijos.

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    2. Vc é sempre tão gentil e generosa! Já havia lido lá no recanto e leu novamente. Adoro isso. Queria ser assim, fazer maravilhoso comentários que nos ensinam a escrever melhor. Muito obrigada.

      Agora eu estou indo para o velório do amigo lá, e quando eu voltar vou terminar de responder e tb responder à Paula. Até mais, querida.

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  6. Olá, Iolandinha! Eu não consegui parar de ler o teu texto, eu o li de uma sentada, energizada pela ação, pelo personagem que sempre me parece perder alguém que ama, então há uma imediata conexão com ele, o leitor torcendo para seu final feliz, e pela curiosidade sobre o que estaria acontecendo e quem seria o homem de casaco colorido que ele encontra. Há reviravoltas impressionantes e que fazem avançar a história de maneira instigante. Está saindo do terror para a ficção científica? Não sei, mas essa é um belo texto de ficção. Parabéns pelo conto!

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    1. Oi, boneca. Minha vida ficou meio louca estes dias. Muito trabalho, a perda de um familiar como vc sabe e problemas domésticos que envolveram a inundação do meu banheiro e de parte do meu quarto com a água que vinha de uma ducha. Foi tenso mas até que resolveu rápido.

      Felizmente quando se trata de literatura e amizade a vida sempre fica melhor. Este momento que vivemos entre leituras e comentários é uma rica troca. Este intercâmbio de comentários é a recompensa pelo prazeroso esforço de escrever.

      Como a sobremesa que se espera para comer por último, o comentário (especialmente estes muito bem feitos que vocês fazem) nos alegra, ensina, encanta. É um prazer que só quem se esforçou na hora de escrever e gostou do resultado pode aproveitar. E como eu aproveito!

      Sigo a sua carreira e é com orgulho que eu vejo o quanto vc é vencedora e talentosa.

      Muito legal vc reservar seu tempo para vir aqui compartilhar seus dotes com a gente. Agradecemos. Agradeço.

      Beijos e flores.

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  7. Querida Iolanda,

    Tudo bem?

    Já havia lido o conto, lembra-se? Até falamos de Ouroboros ou Oroboros… Porém, foi muito bom reler. Como disse da outra vez, este é um tema que me intriga e apaixona. Um tema que gostaria de explorar mais como autora. Presente, passado, futuro, vidas se permeando nessa viagem temporal. Gostei novamente, e, insisto também novamente: você deveria investir em escrever roteiros. Ou, em publicar todos esses seus contos maravilhosos. Esse aqui até daria uma novela ou romance. Estou certa de que muitos gostariam de lê-los.

    Um grande beijo.
    Paula Giannini

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    1. Oi, mulher. É verdade. Vc já havia lido,mas é tão linda que veio ler de novo. Aliás, é bom destacar que três pessoas me ajudaram muito no processo de escrita deste conto.

      Como todo mundo sabe, a minha praia é (ou era) os contos de terror, mas me deu uma vontade de variar e investir em dois gêneros que sempre foram apaixonantes para mim: Realismo Fantástico e Ficção científica. Meu filme favorito é de FC e o meu autor preferido é o Gabriel García Márquez. Então, porque não escrever o que eu mais aprecio?

      Toda primeira vez sempre é difícil e foi com a sua ajuda, a da Evelyn e a da Priscila Pereira que eu consegui desenrolar o texto e não fazer tão feio assim. Então, muito obrigada, viu?

      Vcs são mesmo maravilhosas.

      Beijos.

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  8. Que conto mais delicioso de se ler. Pensei que encontraria uma história de terror, mas foi uma viagem no tempo.
    A trama prende muito a atenção e a forma como você escreve faz a narrativa fluir em um ritmo muito agradável.
    Também adoro trens, me lembram as viagens em família lá na Suíça… e a forma como você descreveu tudo foi sensacional.
    Apesar de longo, o conto não cansa nem um pouquinho.
    Parabéns, adorei mesmo!

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    1. Ô, minha linda e querida amiga. Quanta generosidade. Fiquei meio bolada de estar escrevendo sobre um tema que não domino mas a receptividade de vcs com estes comentários tão maravilhosos funciona como um estímulo para seguir me atrevendo nestes novos gêneros. Realmente, muito obrigada.

      Conviver com vcs, muito mais veteranas na literatura do que eu que só comecei a escrever em 2015 tem sido uma experiência enriquecedora.

      Os comentários então, como ajudam, ensinam, incentivam. Essa troca é muito enriquecedora.

      Obrigada por toda essa generosidade.

      Beijos,

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  9. OI, Iolandinha, adorei seu conto. Que história criativa e interesante! Uma delícia quando pego um texto gostoso e empolgante que me faz ler ávida por conhecer toda a trama, por ver onde vai chegar, o que vai acontecer. Mandou muito bem. Obrigada por nos presentear com essa maravilha. Parabéns.

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    1. Obrigada, Fernandinha. Leio sempre os seus e gosto de todos. Esse negócio de escrever no gênero ficção científica é uma novidade para mim. Este e Flutuação são os únicos que escrevi. Estou testando.

      Escrevo tentando não cair nas armadilhas da FC, que fazem as pessoas ambientarem os contos em outros universos e escreverem vários parágrafos só para mostrar como é o local, como são os seres. Isso acaba distanciado o leitor do texto, então, malandramente, a minha FC é sempre terrena, e vai ser assim até que eu consiga desenvolver uma maneira de fazer textos em outros planetas sem que fiquem desinteressantes.

      Que bom que gostou deste conto. Que venham mais leituras pois sua opinião é importante para mim.

      Beijos.

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  10. Esse conto é magistral, Iolandinha.
    A leitura é fácil, mesmo com idas e retomadas de situações temporais, a busca pelo desenrolar da história e de finalmente encontrar uma possível explicação nos acompanha do início ao fim.
    Achei corajosa e única, acredito, A solução encontrada por Benjamin.
    Já havia lido esse conto, e a emoção é a mesma.
    Parabéns, muito parabéns!

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    1. Vc é super amiga e muito generosa, Renata. Sempre que eu digo que escrevi algo vc é uma das primeiras a querer ler, vc realmente lê, e ainda faz comentários maravilhosos. Adoro. E ainda continua comentando quando eu publico em outras plataformas,como estou fazendo agora. É muito desprendimento. Isso me encanta, sabia? Isso, claro, além de todas as evidentes qualidades de ser humano lindo que vc tem. Vc é uma das minhas preferidas.

      Beijos.

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  11. Eu já te disse como é impressionante essa sua capacidade de criar histórias mirabolantes, com esse monte de reviravoltas. Sabe, vc devia escrever roteiros, temos poucos bons roteiristas no Brasil. Vc escreve com uma linguagem tão fluida e visual, eu fico acompanhando como se estivesse no cinema, diante da tela. Mesmo já tendo visto dezenas de histórias sobre viagens no tempo, a sua ainda consegue ser muito original e cativante, parabéns amiga!!!

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    1. Juju, pois quando eu vou pensando no conto eu o imagino mesmo como se fosse um filme, talvez por isso vcs não o leiam como se fossem palavras em sequência. Que bom que estou conseguindo transmitir minhas coisas com esta facilidade. Eu até me acho muito confusa quando escrevo, por isso vivo relendo e consertando. Mas acho que ainda não achei o meu melhor, sabe? Falta algo, ou talvez faltem muitas coisas. Um dia pode ser que o anjo das escritoras descasadas me dê uma luz. kkkk.

      Vc é uma pessoa leve e divertida e é sempre um prazer dividir as conversas contigo.

      Beijão, hein?

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  12. Oi querida. Demorei mas enfim cheguei para comentar o seu conto. Havia lido assim q vc publicou e reli agora para comentar.
    Embora não seja um conto de terror, sua praia, as características que caracterizam sua prosa estão presentes: a suspensão da narrativa, a intensidade emocional e plasticidade imagética meio cinematográfica que nos coloca dentro das cenas. Achei o conto muito bom. Acho, também, que você facilmente poderia transformá-lo em uma novela ou até mesmo em um romance. Bastaria estender os desdobramentos da vida de Benjamin, que já estão todos no conto.
    O que achei mais interessante no conto foi o sentimento de perder a vida que acomete Benjamin quando ele avança no tempo. Foi o sentimento que me capturou durante a leitura. Essa nostalgia do não vivido. Seu romance poderia ser sobre isso.
    É isso, minha amiga. Em outro gênero, mas em grande forma. Beijo grande e abraço apertado em você, minha irmãzinha virginiana esquisitona.

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  13. De fato, sou esquisita mesmo. Acho que por um suspiro de gato eu não nasci autista, mas sobra enfado, hahaha. Ainda bem que vc me entende. Pois é, dava para ser um romance mesmo, motivos não faltam. Há muito a ser explorado na história assim como em muitos contos meus, mas a preguiça me domina e sai um conto espremido, querendo explodir. Obrigada pela segunda leitura. Acho tão lindo gente que tem a generosidade de ler os contos dos outros! Realmente, ser assim gentil é um luxo. Eu tenho consciência que meus contos são longos, então agradeço duplamente, pela paciência e pela amizade. Muito obrigada, Elisa. Saudades das conversas. Beijos,

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