Diversão possível – desafio -Anorkinda

 

Eu me diverti até mais do que esperava. O Baile de Máscaras em tempos de pandemia exigiu criatividade. Mas não era isto mesmo que se propõe num baile de máscaras?
Fiquei num grupo com mais cinco pessoas em uma sala ampla e arejada, a música era boa e não muito alta a ponto de atrapalhar a conversação on-line com as outras salas e entre nós da sala Lilás. A decoração, obviamente era lilás em suas variantes, roxo, violeta… nunca soube definir bem qual era uma qual era outra. Era bonito.
Um telão quase do tamanho da parede inteira mostrava as outras salas simultaneamente, eram outras seis. Os participantes não podiam se tocar mas conversávamos bastante, enquanto dançávamos, observei na tela, não havia aqueles sujeitos que ficam paradões pelos cantos só observando, sabe? Não. Todos se movimentavam de alguma forma.

Havia a vigilância dos organizadores para que ninguém se tocasse. Um som, parecido com uma sirene mas não tão irritante quanto, soava e todos já se observavam para ver se, por acaso, não fora ela quem esqueceu da proibição. Eu não sei se é tão seguro, se as máscaras evitariam o perigo invisível com tanta eficiência, mas arrisquei porque precisava. Necessidade. Precisava ver gente, falar e ouvir e balançar o corpo também. Éramos todos desconhecidos para evitar que abraços de empolgação fossem manifestados, abraços ou beijos.. Que vontade de dar uns beijos!
Havia duas pessoas interessantes, nos comunicamos muito com os olhos E que olhos! Dois pares de olhos enlouquecedores! Que vontade de beijar! A imaginação de uma boca carnuda por trás de cada máscara era excitante. O baile acabou antes do que se desejava mas no momento certo. Saímos e fomos cada um tomar um drink individual em nossas casas, protegidas de um novo mundo estranho e letal.

Anorkinda

24 comentários em “Diversão possível – desafio -Anorkinda

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  1. Um conto muito visual e atual. Consegui enxergar o seu baile de máscaras (adorei o sentido duplo da expressão) em todos os detalhes. É bem legal quando encontramos um autor com esta habilidade de nos colocar na cena, como participantes do relato. O conto é leve, é jovem e nos leva com a protagonista a viver as sensações de estar num local de diversão sem poder se divertir da maneira como estamos acostumados.

    Novos tempos, novo normal, né Kinda?

    Beijão e boa sorte.

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    1. Oi, baby.. pois é.. esta ideia pulou no meu teclado, nem pensei e fui escrevendo, eu estava vendo o local mesmo, por isso o descrevi rsrs
      É meio o retrato de uma agonia, as necessidades sociais postas em cheque,de repente.
      Obrigada pela leitura ❤

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    2. Por conta da pandemia, o desejo fica em suspenso. A máscara esconde o sorriso, a língua acomodando-se entre lábios úmidos, talvez um torcer de reprovação. Mas os olhos dizem tudo é manifestam o querer. O brinde será solitário. Mas a imaginação sempre será livre. Muito Bom, Kinda!

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  2. Interessante a sua proposta de falar sobre esse momento tão novo em nossas vidas. Ainda nao me aventurei nessas festas virtuais. Até agora, o mais longe q fui foram uns papos pela chamada em vídeo acompanhados de cerveja. Mas lendo seu texto me deu curiosidade pq sua escrita é muito visual. Bacana, Kinda!

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    1. Obrigada, Ju!
      Eu nem sei se tem festas assim!! o mais moderno q eu vi foram as lives de artistas cheias de QRCode hauihuia
      vamos fazer uma festa das Contistas no google meets? 🙂

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  3. Kinda,

    Adorei. Esse conto é também uma crônica atual, super atual, pois fala de uma questão vivida por todos que gostariam de estar com alguém, que procuram um relacionamento, mesmo que instantâneo, mas estão impedidos, por regras de controle de pandemia.
    Tudo muito esquisito.
    Um conto que pode parecer distópico, não fosse ele tão real.

    Beijos, querida

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    1. Estamos vivendo uma distopia. De tanto q o pessoal escreve e filma sobre isso.. óh.. aí está … rsrs
      Obrigada pela leitura e q bom q adorou!! \/
      bjs

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  4. Oi, Kinda, muito criativa essa sua ideia de baile virtual, uma visão diferente e um viés inédito para falar da pandemia. Muito se escreve sobre o que estamos vivendo, mas estava mesmo faltabndo alguma ideia bem fresquiha e interessante. Ambiente muito bem desenvolvido, tanto que fez com que eu me imaginasse ali em uma das salas. Parabéns.

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    1. Que bom que gostou, baby!! Bem fresquinha, é? Adoro!! hehe
      Apesar de eu estar pessimista em relação ao vírus eu nao gosto de escrever pessimismos, mas a agonia da situação fez-se necessário q estivesse presente.
      Bjs!

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  5. Olá, Kinda! Seu texto é contagiante, com o perdão da brincadeira, mas não há como o leitor não se reconhecer nele, vivenciando também essa onda de pandemia que se alastrou e invadiu, e nos invadiu, obrigando-nos a um novo pensar e agir, obrigando-nos a refletir sobre o novo normal. Quando deixamos de apreciar os olhares? Imaginar a boca atrás das máscaras, dos véus, dos panos? Seu microconto nos lança a reflexões. Ele é muito imagético e o apelo contemporâneo é sem dúvida um forte chamariz para dentro da leitura. No seu texto, nos reconhecemos. No seu texto, refletimos. Que tipo de máscaras sempre usamos sem dar conta disso? Elas nos protegem de quê? Texto instigante e reflexivo!

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    1. Nossa, ganhei o ano agora!! Fa refletir? Te fez refletir? Pronto. atingi meu alvo 🙂
      Não importa que reflexões mas oxalá meus textos sejam leves sopros que levantem alguns véus!
      Sua leitura é sempre muito valiosa! Obrigada!

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  6. Agora, além das máscaras habituais, alguns usam máscaras físicas – pretas, brancas coloridas. Seu baile é atual porque as máscaras estão para o envolvimento assim como nossos disfarces de antes. E que vontade de beijar de novo aquilo que os olhos, dessa feita, percebem com mais ênfase!
    Parabéns pelo conto.
    Beijos e abraços carinhosos.

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  7. Não gosto de festas, não gosto de contato. Gosto de usar máscara e não ter que sorrir o tempo todo, rsrs. A pandemia mudou muita coisa, mas será que essas mudanças perseverarão? Sei não, hein. Logo tudo volta a sua rotina de antes. Bjs ❤

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    1. Confesso que eu tb estou muito à vontade em ficar em casa, não saí do meu normal e o lance de não receber visitas muito me agrada hahaha
      Mas, há um perigo real, enfim.. que passe!!
      Bjs, obrigada pela leitura.
      ps: não estou nem um pouquinho sentindo falta de baladas… isso é coisa da personagem

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  8. Por conta da pandemia, o desejo fica em suspenso. A máscara esconde o sorriso, a língua acomodando-se entre lábios úmidos, talvez um torcer de reprovação. Mas os olhos dizem tudo é manifestam o querer. O brinde será solitário. Mas a imaginação sempre será livre. Muito Bom, Kinda!

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    1. Guria vc fez poesia e nao um comentario, tá ok?! kkk
      Obrigada, é isso ae mesmo, quem sabe volta ao passado dos amores ‘proibidos’ dos corpos escondidos, do não poder tocar.. gente , que suplício! :p
      Bjs, baby

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  9. Precisamos aprender a lidar com o coronavirus, porque ele pode nunca desaparecer.

    O texto captou bem esse novo modo de viver. Atual, dinâmico, reflexivo, o conto retrata o espírito desta época.

    Parabéns! Gostei de como usou as descrições, os movimentos, os detalhes de uma nova situação. O conflito criado ficou muito interessante e deu para saber quais as preocupações em um relacionamento social.

    Obrigada pela leitura. Beijos.

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    1. Pois, é, Fátima! E são muitos detalhes a serem re-analisados, re-feitos, todos re-féns de uma tragédia!
      Obrigada pela leitura atenta e carinhosa!
      bjs

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  10. Querida Kinda,

    Ótima analogia essa a das máscaras. A máscara que protege contra o vírus e a que oculta os desejos em uma noite de Carnaval.

    Estranho e novo mundo este em que vivemos, porém, vamos nos adaptando, não é?

    Ótimo texto, dinâmico e muito sensorial, visual. E, claro, tão atual.

    Parabéns.

    Beijos
    Paula Giannini

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  11. Um conto criativo e super atual. O que podemos fazer além de nos adaptar, não é mesmo? Achei seu conto leve e jovial, e gostei de ele abordar de uma forma positiva a situação estranha que estamos vivendo nesse ano tão atípico. Um beijo, querida.

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