O padre Ulisses amaldiçoou o açougueiro Lucas que esfaqueou o eletricista Mauro que eletrocutou o jardineiro Martin que afogou o padeiro León que assou o paraquedista Beto que asfixiou o professor Cristian que atirou no técnico de informática Diones que explodiu o bombeiro Matias que tacou fogo no empacotador Lourenço que desnucou o auxiliar de escritório Alex que envenenou o advogado Bruno que torturou o médico Tobias que estuprou o engenheiro mecânico Pedro que enforcou o apicultor Antonio que guilhotinou o árbitro Giovani, em pensamento.
No dia a dia, eles se cumprimentavam.
Todos eles, pelo menos uma vez, comentaram ter desejo por Helena, militar condecorada, que nunca pensou em matar ninguém.
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* poema em prosa do próximo livro, Rasga-ossos, que lanço ao desafio de micro contos.
Meninas,
Por que esse poema em prosa em um desafio de microcontos?
Hoje vi Marcelino Freire dizer que o texto é o que queiramos que ele seja. Eu acredito que sobre esse texto paire uma energia de micro.
Agora é com vocês.
Um abraço. Beijos.
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Já dizia Mário de Andrade… Ou seria o Oswald? 😉
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Oi, Sá. Que ideia maravilhosa. Gostei muito da forma como desenvolveu seu texto. De uma forma diferente da usada por mim, que peguei como base o enredo, você usou a forma, o que tb não deixa de ser uma fanfic… bem interessante. Começa com um parágrafo com situações reais, mostradas de modo criativo, um dedo na cara de muita gente… por si só já bastaria. A frase seguinte, de que eles se cumprimentavam dá uma outra informação importante que torna o primeiro parágrafo ainda mais legal. O final arremata tudo e nos arrebata. Parabéns. Se é um microconto eu não sei, tenho certa dificuldade em definir, mas é muito bom.
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Oi, Sabrina! Esse teu texto me arrebatou. Usando como intertexto o poema de Drummond, vc fez uma releitura soberba que traz também uma crítica social às relações humanas dos nossos dias, intolerância e hipocrisia ao reverter os consagrados papéis: um padre amaldiçoar? Um advogado torturar? (talvez esse nem seja tanto uma transgressão, tal qual o médico estuprar! kkk). A criatividade é dádiva e a sagacidade, a cereja do bolo. Parabéns pelo belíssimo texto. Vc está afiada, como nunca!!!
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Ah, que delícia ler isso! Simplesmente perfeito.
E é assim, a roda da vida, dos nossos desejos, das nossas vontades mortais. E que fique apenas em pensamento.
Parabéns pelo texto.
Beijos e abraços carinhosos.
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Li ontem e fiquei perplexa.
Nossa, esse foi o conto seu que eu mais amei. Uma sacada genial, Sabrina. Fico aqui batendo palmas pelo seu trabalho magistral. O texto do Drummond inspirou algo bem mais instigante que o original. Parabéns e estrelinhas.
Beijos.
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Ah, que divertido! Muito bom. Todos nós matamos, pelo menos em pensamento!
Muito original, Sabrina. Drummond, onde quer que esteja, aplaude com orgulho!
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Muito Bom! Sua inspiração lindamente fundamentada nos versos de Drummond. Que afinal sempre achei mais com jeito de conto do que poema. Que bom que ninguém se matou . Só compartilhavam o desejo de eliminar um possivel rival. Belo trabalho de composição!
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Oi, Sabrina!
Sim, concordo, todo texto é o que se desejar, e certamente seu poema é um micro, sim.
E que baita micro!!
A vida, e seus muitos modos, para seguir em frente, mãos limpas, mentes nem tanto rs
Adorei
Bjokas!!
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Já encontrei definição de mini como “o gênero que consiste, mais ou menos, numa fusão de um conto curto com um texto de conteúdo poético”. E este texto, Sabrina, “rasga-ossos” com perfeição, na crítica social contundente e na releitura de Drummond (simpática homenagem).
Parabéns pela ideia e execução; texto despojado, fruto de artesanato intenso.
Abraço carinhoso.
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Querida Sabrina,
Sensacional.
Se o livro for todo nesse nível, não há mais quem segure você, rasgará ossos e (pré)conceitos, se é que você me entende. rsrsrs
Outro que merece destaque na sua intertextualidade é o Saramago, em suas experiências sem pontuação.
Parabéns. (Quero narrar)
Beijos
Paula Gainnini
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hahaha, quem nunca matou alguém em pensamento? E por incrível que pareça, todos eles amavam uma pessoa que não queria matar ninguém, rsrsrs. Muito bem pensado. Bjs ❤
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Acho genial essa ideia de sublinhar a distinção entre homens e mulheres pelo que lhes vai por dentro, pelo pensamento. O intertexto com Drummond aponta para a chave poética de leitura e o desencontro, sempre, a desconexão. Muito engenhos, querida. Adoro.
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Muito bom, Sabrina!
Quem nunca, não é? com exceção de Helena…kkkk
Muto divertido e inteligente, estas duas coisas juntas são um sucesso!
bjs
❤
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