O tempo que o tempo tem
é o tempo de um sorriso,
do leve movimento dos lábios
até se abrir por inteiro
como o desabrochar de uma flor.
O tempo que o tempo tem
É um tempo só dele,
não adianta tentar fazer
de conta
que não percebemos sua contagem
Ele brinca, ah, esse tempo,
Ganhar ou perdê-lo,
tanto faz
de qualquer forma
esse tempo vai passar…
Uma hora, o tempo se acaba.
O tempo que o tempo tem
Pode ser dividido ou multiplicado,
Somado ou subtraído,
Mas esse tempo, ah, esse tempo,
É tudo do jeito que ele quer,
Pois o tempo é de Chronos,
E só ele sabe como marcá-lo,
Iniciá-lo,
com um sopro,
ou terminá-lo,
ao cortar o tênue fio
da vida.
O tempo que o tempo tem
É só dele,
Por isso não cabe a nós
mensurá-lo,
Não, não…
A nós, mortais,
A nós só cabe mesmo
vivê-lo
como um acordo,
como um presente,
como uma dádiva.
* Poema criado para o projeto “O tempo que o tempo tem”, da disciplina de Vídeo do 2° semestre de Artes Visuais da UFMS, da acadêmica Beatriz Machado Henrique.
Imagem: “Hourglass”, créditos a FunkyFocus, site Pixabay
Assista:
Lindo! O tempo me trouxe a paz necessária para saber apreciar um poema assim, e como ele merece: com calma, com a leitura que precisa ir e então voltar, com entrega.
E o tempo passado nisso não é gasto, mas ganho…
Parabéns!
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Parabéns pelo poema, Bia, leve, delicado, mas que nos leva a uma reflexão tão profunda. Adorei. Bjs.
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Parabéns pelo legado literário que está deixando. As melhores coisas, querida Bia, elas não têm preço. Você é uma mãe maravilhosa e ensina aos seus filhos preciosas lições, mostra caminhos, que eles podem ou não seguir, mas quando os seguem o fazem brilhantemente. Sua Bea é linda, talentosa e inteligente. Grande abraço para vc e para ela. Diga que amei o livro dela.
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Ainda estou na luta constante para entender direito do que se trata esse tal de tempo. Lindo texto. Lembrou-me o documentário da Netflix “Quanto Tempo o Tempo Tem” com participação da Monja Coen, recomendo. Bjs ❤
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Seu poema, Amana, assume um certo caráter proverbial ao evocar a ideia de que o tempo é resultado da soma de esforços, da acumulação de experiências.
O jogo de palavras e as repetições prestam para simular a artculação do próprio tempo como produto de múltiplos atos que se cruzam e se complementam. E, os recursos fônicos recriam os sentidos engendrados no plano de conteúdo e ajustam-se a uma variedade de possibilidades de interpretação.
Parabéns pela poesia do seu texto: lindo, profundo e de comunicação fácil. Beijos.
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Olá, Amana!
O tempo que o tempo tem, o próprio título do poema já é uma aliteração que marca a cadência de um segundo marcado num relógio imaginário, é um recurso que já vai ditando o ritmo leve dos versos. Leves, mas profundos. Ligeiros, mas reflexivos, reforçando nossa impotência diante da inexorabilidade das horas. A nós, só cabe desfrutar, enquanto é tempo. Muito belo!
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Versos costurados em um tema sempre presente: o tempo. Tempo que escorre, tempo que parece passar rápido, e nunca temos tempo o bastante. O tempo talvez nem tenha tempo de ser. Um belo poema que nos faz pensar sobre como aproveitar melhor o tempo que pensamos ainda ter. Beijos.
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O Tempo é o senhor absoluto de tudo – da vida, da morte, do destino, ou chame lá como quiser. Mas a percepção do tempo é mesmo a cereja do doce. Para cada um de nós ele se apresenta diferente em diferentes momentos em nós. Brinca, feito criança, conosco. Nós, brinquedos a desejar sua parada, o momento estanque, a infinitude.
Parabéns pela construção.
Beijos e abraços carinhosos.
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Sim, o tempo que a gente tem é uma dádiva!
Que poema gostoso de ler.
Parabéns, Amana!
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Oi, Amana,
Ah, o tempo… Linda reflexão, ainda mais para quem o lê hoje, no penúltimo dia do ano.
Feliz 2021, querida amiga.
E que o tempo nos traga muitos tempos. 😉
Beijos
Paula Giannini
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