Estava chegando, mas ela não entendia distâncias. A idade tão pouca, a vida tão tenra. O ar ficando pesado, a respiração mais difícil, o corpinho se molhando de suor. Sim, estava chegando, mas ela não entendia o tempo. Era difícil aquietar um corpo ansioso por viver.
Inclinando-se para frente, tentou encarar a mãe, mas viu apenas seu perfil, não alcançou seus olhos. Refez, mais uma vez, a pergunta que parecia não lhe garantir uma resposta justa: “falta muito, mamãe?”. A mãe nem precisou responder. Naquele exato instante haviam chegado à praia.
Oi, moça bonita! Parabéns pelo microconto. Você nos vai conduzindo para algo muito dramático, pensei numa situação limite, numa doença, num acidente, na luta pela sobrevivência, mas era apenas a ansiedade da pequena. Normal, quem nunca ficou atacada por alguma coisa quando era criança? Lembro do quanto enchia o saco do meu pai quando queria coisas banais como uma caixa de lápis de cor, daquelas de 36 cores. Criança é o fute. Ninguém pode com elas. Você é uma escritora maravilhosa, e uma pessoa sensacional. Sou fã. Beijos.
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Oi, Iolandinha, que delicia seus comentários. Sim, a intenção era justamente essa, criar um ambiente pesado e acabar com uma brincadeira. Os sintomas dela lembram sim uma ansiedade de criança, mas a intenção era que tb lembrassem o que o corpo sente quando nos aproximamos da praia. Muito obrigada por ter vindo aqui tão rapidinho e com palavras tão doces nas pontas dos dedos. Tb sou sua fã. Beijos.
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Vc deixou pistas: o corpo suado, e só ver o perfil da mãe que é a visão de uma criança olhando da parte de trás do carro. Você consegue esconder coisas num texto muito pequeno, isso é talento.
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Pensei numa situação limite também, sede ou insolação. Fui enganado. Sensacional, parabéns!
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Que coisa mais delicada, li três vezes – sempre leio repetidamente uma coisa quando gostou muito!
Lindo conto, Fernanda, delicado, ambientação perfeita e o clímax maravilhoso no final! Amei, tudo perfeito!
Parabéns!
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Então vou te dar três: Eba! Eba! Eba!. Muito obrigada, minha querida. Vc é demais. Bjs
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A ilustração e a primeira parte do texto conduzem o leitor para uma cena melodramática, de angústia e suspense. Trata-se de uma doença? Estão a caminho do hospital? Mas não, claro, é só uma menina ansiosa pela praia. Atitude comum de uma criança contada de uma forma original.
A autora optou por “pregar uma peça”, o que implica em envolver o leitor antes de entregar a brincadeira. Como micro, o texto está perfeito. É engraçado, e tem uma reviravolta verossímil. Emociona e faz rir, o que é quase a mesma coisa, só que do outro lado da moeda.
Parabéns, Fernanda, pelo texto simples, direto, impactante. Amo o seu estilo. Abraços.
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Felizona aqui com seu comentário, Fátima. Era esse mesmo o clima que queria criar para “enganar” o leitor. Que bom que deu certo rsrs. Muito obrigada e adorei isso: “Emociona e faz rir, o que é quase a mesma coisa, só que do outro lado da moeda.” Bjs
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Texto encantador! Me faz lembrar de como tudo é relativo, de que angústias podem se encontrar em meras banalidades e, por sua vez, prazeres também!
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Muito obrigada pela leitura e comentário. Abraço
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Seu texto é daqueles que se lê com cuidado, com medo de assustar os pássaros da inspiração e eles escaparem em revoada. Também fiquei com receio de descobrir o véu e me deparar com um final triste. Aí está a habilidade da escritora: conduzir o leitor por um caminho, que apesar de breve, tem tanto a mostrar, sem perder a magia e o suspense tecido com palavras escolhidas com maestria. Lindo recorte cotidiano desenhado em pura poesia. Adorei.
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que lindo seu comentário, Claudia. Um presente. Muito obrigada.
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Minha filha costuma fazer essa pergunta o tempo todo! Falta muito? Hoje, a resposta é sempre mais precisa, porque ela tem noção de tempo em horas, minutos, mas antes, era algo complicado. Apesar de a ansiedade continuar pulsando entre um segundo e outro.
Parabéns pelo texto.
Abraços carinhosos.
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Exatamente isso… eu e minhas irmãs tb fazíamos, muitos anos atrás. Lembranças boas q viram inspiração 💋 Muito obrigada.
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Oi Fe. Acho q já comentei esse no Insta. Achei uma delicia. Fiquei imaginando a carinha de “tá chegando?”. Um amor!
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E quem nunca fez essa perguntinha básica? rsrsrs. Obrigada pela leitura, Ju. Bjs
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Que graça de conto, Fernanda. Li ouvindo-o na sua voz, rs. Um delicioso impacto de alívio no final. Adorei! beijos
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Olá, Fernanda!
Como é agradável as interpretações, não é mesmo? Eu entendi que se tratava de um feto sendo submetido ao aborto. Julguei – pelo primeiro parágrafo – tratar-se disso, quando então, ao fim do segundo, surpreendo-me com a ‘enganação’.
Mas ainda assim, a praia poderia ser uma metáfora, de modo que fiquei entre cá e lá. KKKKKKK. Muito bom. Sua escrita é cheia de sutilezas e isso engrandece seu texto! Muito bom!
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Sempre generosa, obrigada. Sim, várias interpretações possíveis, mas o principal era justamente a “enganação”. A minha ideia era a criança no banco de trás do carro, sentindo a proximidade da praia em seu corpinho, perguntando pela chegada, fazendo parecer que ela estava doente, perto da morte… Obrigada e beijos.
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Querida Fernanda,
Ótimo texto!
O temo para uma criança e a frase que, certamente todo leitor já disse e ouviu. Empatia certeira, surpresa coroando o miniconto. Bom demais. Como sempre, não é?
Parabéns.
Beijos
Paula Giannini
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Generosa comigo… como sempre, não é? Bjs minha querida.
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Ufa… ainda bem que chegaram à praia. Pensei que fosse ao hospital… Ótimo! Bjs ❤
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kkkk que alívio, né? Obrigada pela leitura. Bjs
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