A linha tênue – Evelyn Postali

Arrastava a corda pelo chão. Descalça, sequer incomodava-se com a grama espinhenta, a brotar da terra por todos os lados, como lanças esperando pela queda de algum desavisado, estalando ao toque dos pés, crepitando como as labaredas da pequena fogueira a queimar parte da mobília e das roupas.

As sombras da noite já mergulhavam sobre a vegetação espantando as sobras douradas do dia quando ela se aproximou do umbuzeiro. Decidida. Estava decidia.

Contornou o tronco roçando os dedos, sentindo a textura da árvore centenária e escolheu o galho mais alto e forte, mas acessível, e escalou a planta pelos ramos mais baixos como se fossem degraus até chegar a ele. Equilibrou-se. Seu peso, sequer moveu a galhada próxima do telhado do galpão.

Ajeitou a corda, enrolando-a no galho e firmando-a, trabalhando, depois, com aprumo as sete espiras ao redor dela. Enfeitou seu pescoço com o laço e respirou fundo uma última vez antes de dar um passo à frente, em um mergulho para a escuridão final.

Dias atuais…

Mãos a seguravam. Ela debateu-se à exaustão. Rendeu-se quando a faca lhe foi tirada e uma pancada na cabeça a fez cair vertiginosamente em um abismo de escuridão.

1833…

As notícias do massacre de brancos nas fazendas mineiras chocou a sociedade portuguesa da época.

Paus, foices e machados. As armas dos insurgentes ergueram-se contra os senhores de engenho e suas famílias. Os brancos das fazendas foram todos mortos na invasão iniciada na lavoura. Os relatos oficiais descreviam os detalhes de cada morte. A revolta terminou com a pena capital, aplicada a todos os escravos capturados.

A imprensa oficial só não relatou as centenas de mortes negras anteriores ao levante. Essas foram esquecidas nas manchas de sangue, nas pedras e troncos dos pelourinhos, monumentos da submissão nas fazendas e cidades da região, nas correntes que suportavam os homens e mulheres dominados pela chibata, nos olhos das crianças nascidas escravas e violadas em seu direito universal à liberdade.

São Paulo, capital, um ano antes de agora…

— O que querem com você? — Lídia parou perto da mesa, de olho nas reações do marido que lia o jornal. A casa mergulhada no silêncio da manhã, antes das crianças levantarem. — Que perguntas querem fazer? Você andou metido com os estudantes de novo?

— Não é nada de mais, Lídia. Só um esclarecimento.

As mãos de Lídia seguravam firme o espaldar da cadeira.

— Sabe o filho da vizinha? Ele sumiu. Foram até a polícia. A polícia não sabe dizer onde ele está. Até agora não buscaram por ele. E nem irão. E você sabe o motivo.

— Não fique preocupada.

— Você sabe que estão prendendo gente. Se você os olhar atravessado, se levantar suspeita, se fizer qualquer movimento considerado suspeito…

Ela esperou por uma resposta.

— Você sabe e continua ajudando os manifestantes — Ela o acusava, mesmo sabendo que João fazia o que era certo.

Ele apenas levantou e deu a volta na mesa, abraçando-a.

Rio Novo, interior de Minas Gerais, tempo presente…

A paisagem verde passava devagar. As coisas andavam sem pressa para a família. Ao longe, os morros baixos de vegetação rasa passavam como a imagem da tranquilidade do interior. O sol escaldante e a morosidade do tempo da viagem, no entanto, exaltavam os ânimos até da criatura mais enfadonha. A estrada de chão batido, apesar do bom estado aparente, perpetrava os solavancos da Veraneio, vez ou outra, com o desnível de buracos e pedras. Em um dia de chuva, talvez apresentasse problema. Aquela terra toda se transformaria em lama.

Para João José de Mattos estava tudo certo – morros, vegetação, calor, solavancos. A decisão repentina de mover a esposa, a prole e o sogro para o interior de Rio Novo dera um fôlego na rotina, aquela que matava o desânimo, que fazia tudo sempre igual. O que mais poderia sair errado naquela mudança para o interior de Minas Gerais? Escapar da correria da cidade grande e aceitar um trabalho de diretor na escola local fora a salvação.

Sentada no banco de trás do veículo, Lídia observava a família caótica e desregrada que surgira da união com um professor de História. Filha de Antônio Cândido de Menezes, marceneiro aposentado, mãe de Sara e de Pedro, tentava encontrar na mudança de ares o equilíbrio que faltava para seu mundo voltar a ser suportável.

A música falhava. Ia e vinha, cedendo espaço à estática. Aquelas estações interioranas não acrescentavam nada de novo. João assoviava a melodia, mesmo nas interferências. Quando não assoviava, cantava sem se importar com a afinação ou com o ritmo. Era o início da década a ecoar na voz dos Novos Baianos e na de João, que sabia de cor.

O filho caçula não parava quieto, muito diferente da irmã que acompanhava a paisagem em total silêncio desde a partida, mascando chiclete. Um Ping-Pong atrás do outro. Quando o gosto se ia, jogava-o pela janela e outro seguia para a boca.

— Fica quieto, Pedro. Já estou tonta. — Lídia o puxou para perto dela, tentando conter o irrequieto.

— Quando vamos chegar, mamãe?

— Logo — João respondeu em tom seco. — Mais uns cinco minutinhos.

— Por que precisamos morar aqui? — Sara quebrou o silêncio. — Eu não quero morar no meio do mato!

— Não estamos no meio do mato. Estamos bem perto da cidade. — As cobranças perturbavam João, mais do que dirigir por horas no calor de janeiro.

— Você quer dizer vila, não é? Porque passamos por uma vila. Nem de longe aquilo é uma cidade. — Sara contestou em sua adolescência. Vivenciava uma fase desagradável.

— Não seja ingrata. Não vamos pagar aluguel. Tudo o que precisamos é manter o lugar em ordem. Essa foi uma proposta irrecusável — o marido retrucou, indignado com a filha. — Além do mais, vai poder ir à escola comigo. Não dependeremos de ninguém. E teremos uma horta. O vovô se comprometeu, não é mesmo, Seu Antônio?

— Olha! Olha, mamãe! — O menino apontou para a direita, sobressaltado. — Tem um cemitério aí! Aí!

— Eu não quero morar ao lado de um cemitério — a filha completou, esticando a cabeça para enxergar o campo santo desaparecer na curva.

— Parem de reclamar! — João diminuiu a velocidade e saiu da estrada vicinal, tomando uma ainda mais estreita.

Dois minutos depois, parava em frente à construção de alvenaria branca de formato retangular. Uma típica residência de fazenda, com as janelas de vidros quadrados emolduradas em tom azul desbotado, cuja varanda, coberta por uma meia água, sustentava-se por pilares quadrados. A balaustrada de alvenaria simplória ainda se mantinha firme frente ao tempo.

Lídia saiu logo depois de João, e Sara se colocou à frente dos dois.

— Não me admira que não seja cobrado aluguel. Está caindo aos pedaços!

— Lídia! — o marido a chamou atenção, enérgico.

Lídia conteve a decepção. A construção possuía um bom alicerce para não estar no chão.

— Olha, mamãe! — Pedro já corria longe do carro. Sempre apressado, querendo explorar os arredores. — O que é isso?

Antônio, que até então não se pronunciara, aproximou-se do neto, seguido por Sara, ainda sustentando a cara amarrada.

— É um pelourinho. — Antônio respondeu de pronto. O garoto corria ao redor do tronco e batia na corrente pesada que pendia da parte de cima. — Amarravam os escravos, aí. Depois…

— Pai! — Lídia interrompeu a explicação. O menor não tinha idade ainda para entender o que a tortura significava. Aquele monumento à escravidão arrepiou seus pensamentos. — Quem sabe, nós conversamos sobre isso depois. — Puxou Pedro pela mão. — Vamos conhecê-la por dentro. O que me diz?

— Posso escolher meu quarto?

— Isso é o que veremos. — Lídia seguiu para junto do marido. João já se encontrava na varanda, abrindo a porta central. — Tem certeza de que o Josival conhece essa região o bastante para não se perder com nossas coisas?

— Não se preocupe. Ele não deve estar longe. Daqui a pouco estará buzinando no nosso ouvido.

A primeira luz iluminou o enorme espaço da sala com três portas e várias janelas. Os poucos móveis que a família possuía preencheriam apenas uma parte dela. Lídia estancou na porta, incapaz de entrar. Pedro, como sempre, soltou-se de Lídia e invadiu o corredor, abrindo as portas.

— O que foi? — João questionou.

— Esse cheiro de passado… — Percorreu as paredes com o olhar, enquanto José abria as outras janelas. — Esse ar de coisa velha… — Reparou nas manchas no chão.

— Venha! Não seja tão negativa sobre o lugar. — Ele se aproximou e a arrastou para dentro. — Vamos olhar as outras peças.

O arrepio tomou Lídia de um golpe. A cada quarto, uma nova sensação incômoda. João e Pedro eram os únicos que pareciam estar se divertindo. Pedro porque corria de um lado para outro e João pelo fato de fugir das calúnias e perseguições políticas.

— Devíamos ter alugado algo na cidade.

— Vai dar tudo certo, Lídia. Olhe para essa cozinha! — Ele ficou no centro do cômodo. — Já viu cozinha tão grande?

— Por que o chão está todo manchado?

— Nada que um bom esfregão não resolva. Vamos cuidar de tudo com tempo. Foi por isso que viemos com antecedência.

— Estamos perdendo as férias de verão com essa mudança — Sara olhava para os dois, parada na porta. — Isso aqui é o fim do mundo.

A buzina curta e sequencial do caminhão fez todos largarem a discussão e correrem para fora. A mobília e os mantimentos para o mês chegavam em boa hora. Josival desceu com um sorriso, acenando. Em meio ao cansaço da tarde, o caminhoneiro deixou escapar as informações que o borracheiro da cidade contara.

— O homem me disse que esse lugar não tem uma história boa, João. — Sentado em um caixote, retirou o boné e coçou a cabeça.

— Que tipo de história, Josival? — Lídia aproximou-se dos dois.

— São só histórias — João se interpôs. Sabia dos causos, mas não queria dar margem para que Lídia e as crianças se impressionassem. — Andei me informando também. — E desconversou. — Quando tiver um tempo, traga a patroa e as crianças para passar uma semana. Tem muito chão para correr por aqui.

Passaram horas carregando e abrindo caixotes. A tarde já terminava quando Josival pegou a estrada para voltar para a capital.

— Faça boa viagem — Antônio acenou.

— E vocês, se cuidem.

São Paulo, capital, seis meses antes de agora…

O anúncio da mudança aconteceu no final das férias de julho. Lídia ouviu João comunicar aos filhos a guinada: cento e oitenta graus. rumo ao interior, assumindo o cargo de diretor de uma escola em Rio Novo, Minas Gerais.

— Uma chance de melhorar o orçamento da casa — ele explicava e Lídia observava as feições dos filhos mudarem. Sara, com o cenho franzido e Pedro de olhos arregalados. Sabia que, para o menor, a vida ao ar livre proporcionaria vivências saudáveis, mas a mais velha já crescera urbana. — Teremos uma casa enorme, um pátio, uma horta. Natureza, canto de pássaros. A escola é grande e não pagaremos aluguel. Tem até um riozinho perto da propriedade.

— Posso tomar banho no rio, pai?

— Claro, filho.

— Não quero me mudar. E minhas amigas? — Sara contestou, como sempre.

— Você não vai perder suas amigas. Vai conquistar outras.

— Mas não tem cinema! — ela explodiu.

— Mas terão outras atividades, Sara. Vai acabar gostando muito mais de lá do que daqui.

Lídia a viu sair pisando fundo, seguindo para o quarto, batendo a porta com força.

Interior do município de Rio Novo…

Enquanto Pedro se ocupava em explorar a casa, metendo-se em cada fresta da construção com os brinquedos e apetrechos de acampamento, o avô Antônio executava pequenos consertos dentro dela, a pedido da filha. Embora não considerasse necessários, verificava as queixas de Lídia. Dobradiças, tábuas soltas, vidros quebrados, azulejos soltos.

— Essa casa está um lixo. Ou o chuveiro está entupido ou a fonte está suja. A água sai marrom.

— Eu já verifiquei — João respondeu com a voz cansada. — Não há nada de errado com ele.

— Eu posso dar mais uma olhada na fonte amanhã — Antônio levantou-se do sofá. — Assim, temos certeza de tudo estar funcionando, não é mesmo?

Sara passava grande parte do dia perto do grande galpão, onde sentava aos pés de um umbuzeiro. Gostava de ler e já tinha adotado o cantinho como seu. Para Lídia, no entanto, a casa não oferecia conforto. Sentia-se incomodada com o lugar. Não sobrevinha um dia sem encontrar algum defeito. As noites mal dormidas ligavam-se aos dias de calor e lentidão e o mau-humor estremecia a relação com João. Uma semana após outra.

— Por que não guarda as coisas dessas caixas? — João reclamou depois de tropeçar em uma delas.

— Do que está reclamando agora?

— Por que não organiza isso aqui? O corredor não é depósito. — Ele apontava para o restante da louça ainda empacotada. Coisas que considerava úteis no dia-a-dia. — Faz duas semanas que nos mudamos e as coisas ainda estão dentro de caixas.

— Se está incomodando tanto, faça você mesmo.

— Só estou dizendo…

— Tenho dormido mal e minha dor de cabeça não passa. Você deveria me ajudar também. O que faz de tão importante que não larga aqueles cadernos e livros?

— Daqui duas semanas assumo o cargo de diretor naquela escola.

— Você passa muito tempo dentro dessa casa. Não podemos sair?

— Preciso ter meus objetivos e metas estruturados. Não quero chegar lá como um joão-ninguém da pedagogia, órfão de filosofia e alheio às características da região. Estou estudando, Lídia. Além do mais, você tem os medicamentos para aliviar essas dores.

Não dar respostas para João quando os discursos começavam fora uma das decisões dela. A ausência de debate encurtava o caminho para uma paz aparente, evitando um desgaste maior da relação já capenga.

*  *  *

Naquela tarde, João sentou-se na escrivaninha e mergulhou nas leituras. O silêncio contribuía. Lia e anotava sem distrair-se. O sol já tocava o horizonte quando fechou o livro.

Antônio parou na porta da cozinha, vindo do banheiro.

— Tudo certo com as janelas.

Lídia, debruçada no peitoril da janela do meio, virou-se parcialmente.

— Consertou aquele trinco, pai?

— A casa está perfeita.

— Sei…

— Não tem nada de errado com o trinco da janela, filha.

— Não?

 — Não, mas para ter certeza, passei um por um. Agora vou juntar as lenhas que vi no porão.

— Vamos fazer essa coisa funcionar? — Ela apontou para o fogão rústico.

— Claro que vamos. Pode fazer toda a diferença. — Na cidade, eles usavam apenas o fogão a gás, mas ali, em meio ao mato, duvidava que o genro se lembrasse de trazer gás se fosse preciso. — O que preocupa você, filha?

Ela suspirou tão fundo que o peito chegou a doer.

— Gosta daqui?

— É tranquilo. É acolhedora. Aqui é muito melhor do que naquele apartamento onde estávamos. Não me sinto sozinho. — Ele se aproximou, buscando no olhar da filha algum entendimento. — Por que, Lídia?

—Não sei… Essa casa… Parece ter vida própria. Passei o pano nesse chão. Agora, as manchas voltaram. — Da janela, ela viu Pedro. O menino insistia em brincar no pelourinho. Corria ao redor do tronco. Fazia dois dias que ele não saía de perto daquela coisa horrível. — Eu quero que João derrube o tronco. Sei que não somos os donos, mas não gosto daquilo fincado no meio do pátio.

— Hummm… — Antônio deu uma olhada pela janela. — Está escurecendo rápido. Vou pegar as lenhas que vi no porão. Não demoro.

— Tenha cuidado, pai. O porão tem pouca altura. E leve a lanterna.

Lídia voltou a olhar para Pedro a brincar no tronco, cuja base era de pedras grandes, quadradas e batidas. Ela lembrou-se daquelas ruas de Ouro Preto, tão irregulares e encantadoras. O mastro, de um vermelho incômodo. Lídia deteve-se no elo cravado no topo. As imagens dos livros de História, aquelas ilustrações onde se via as pessoas acorrentadas, sendo torturadas, punidas de maneira injusta, dançaram e o tronco ganhou uma dimensão insuportável.

O filho pendurou-se a ele pela corrente e balançava o corpo usando os pés como apoio. Lídia viu sombras crescendo ao redor. Reparou na tonalidade de vermelho, contrastando com a escuridão. Vermelho viçoso. Os vultos dançavam e tomavam formas diferentes. Mãos a saltarem sinuosas, lançando-se para perto do menino.

— Pedro! Desce daí.

O menino continuava a se balançar.

— Pedro!

O chão do pelourinho tomava cor diferente. Lídia viu sangue vertendo das frestas das pedras. O líquido espalhava-se com rapidez, borbulhando para fora, vertendo como naquelas fontes de chão.

— Pedro vem para dentro! Pedro!

Ele não a ouvia.

— Pedro! — gritou ainda mais alto quando o filho caiu, batendo a cabeça no chão. — Pedro! — Viu o corpo ser engolido pelo sangue, as formas cobrirem o que havia ao redor do corpo do filho.

Lídia saiu da janela. O coração disparado. O peito ardendo e as pernas tremendo de um jeito assustador.

Dois passos na cozinha e resvalou, caindo para frente. Foi quando percebeu as manchas de sangue. Encontravam-se por todo lado. As mãos sentiram a umidade. O cérebro travou ao vê-las vermelhas. Quis gritar. Não conseguiu. Tentou erguer-se e cambaleou. A imagem de Pedro sendo agarrado pelas sombras a ergueu do chão. Bateu-se na mesa, derrubando a cadeira.

— João!

Saiu pelo corredor em direção da sala, na penumbra. Bateu-se no sofá. João a agarrou assim que ela chegou à porta da frente.

— Lídia?

— O Pedro! — Tentou se livrar das mãos do marido. — Me deixa! — Empurrou-o para o lado e forçou a porta. Não conseguia destrancar. — O Pedro!

— Lídia! Lídia! — Ele a sacudiu. — O que está fazendo?

— Eles vão pegá-lo!

— Eles quem, Lídia?

Ela saiu.

— Lídia!

Ela desceu as escadas pulando os dois últimos degraus e estancou em frente ao pelourinho.

Pedro desaparecera. Não havia sangue. Nem sombras.

Ela caminhou titubeante, rodeando a base do lugar. Viu seu pai se aproximar da frente da casa abraçado à lenha. Sara também chegou, ofegante. João parou na varanda e Pedro foi o último a chegar.

— Você me chamou, mamãe?

*  *  *

Não precisava muito para perceber que o incidente mexera com todos os nervos de João. Ele que se diferenciava pela paciência, naquele instante tinha o corpo tão tenso que era possível perceber a veia do pescoço pulsando.

— Precisa retomar o tratamento. — Ele caminhava de um lado para o outro no quarto. — Precisa parar com isso.

— Eu estou tomando os remédios, João. É essa casa!

— É mesmo? — Parou no meio do cômodo. O único movimento perceptível era o do peito. Para cima e para baixo.

— Não acredita em mim?

— O que foi isso que aconteceu?

— Você não acredita em mim… — Lídia fixou o olhar em suas mãos, lembrando-se de tê-las mergulhado no sangue, no piso da cozinha. Apertou os olhos. As imagens retornando. Pedro sendo engolido.

— Eu não consigo entender, Lídia.

— Estou dizendo a verdade. Eu vi Pedrinho da janela. Estava cercado por… — Não conseguia fixar os olhos em algo sem se lembrar do medo. — Sombras. Havia sangue no tronco. Nas pedras do chão. — Ela se levantou, indo até o marido. — Havia sangue no chão da cozinha. Eu escorreguei. Bati na mesa. Saí desesperada para salvar o Pedro.

— Está delirando! Escutou o que você mesma diz? — Parou para encará-la firme. — Você olhou bem o chão da cozinha? Não tem mancha alguma!

— Mas estava lá! Além do mais, essa casa está caindo aos pedaços. Só você não vê. Aliás, ninguém enxerga. Essa casa… Ela é…

— Essa casa é perfeita. Estamos bem aqui dentro. Ela é confortável e acolhedora.

— Confortável e acolhedora são as palavras que mais ouço nos últimos tempos.

A batida na porta interrompeu a discussão. Ao abrir, Lídia deparou-se com um filho de olhos pedintes.

— Papai prometeu consertar meu carrinho.

Não havia o que fazer. Ninguém iria acreditar nela. O que ela vivera não fora um delírio.

— Trate de descansar — ele ordenou ao sair. — Está bem?

Ele a beijou na testa e saiu, deixando a porta aberta. Ela ponderou as opções e decidiu seguir o conselho do marido. Desabou na cama. Talvez se dormisse, aquelas imagens se dissipariam e tudo voltaria ao normal.

Ajeitou a cabeça no travesseiro e fechou os olhos. Os grilos entoavam uma serenata discreta. Um ou outro coaxar vinha acompanhar o cricrilo dos músicos. Prestou atenção na própria respiração e foi mergulhando nas memórias recentes. A música veio de longe junto com os sons do mato próximo. Pensou ter escutado Sara. Resmungou um ‘estou aqui’ muito fraco.

— Mãe!

O chamado de Sara a fez abrir os olhos. Ergueu com dificuldade a cabeça e percebeu a luz que a fresta da janela deixava passar. Dormira muito, pelo visto. Ainda vestia as roupas do dia anterior e saiu à procura da filha.

Encontrou a maioria dos cômodos abertos. Janelas escancaradas. O vento entrava sem pedir licença. As cortinas balançavam. Perguntou-se quanto tempo dormira e por que ninguém a chamara.

Do corredor, Lídia viu a porta dos fundos entreaberta. Seguiu para fora, e só percebeu estar descalça quando desceu a escada de pedra lavrada. Não avistou nem Antônio, o pai, nem João. Sequer Pedro, a pendurar-se na corrente do tronco. O filho devia estar brincando no quarto.

Sara continuava a chamar. A voz ao longe, urgente.

O umbuzeiro espalhava os galhos; roçava o maior no telhado do galpão e cutucava a parede com o mais baixo. Ao seu pé, o livro que Sara lia e que a ventania repentina movia as folhas. As nuvens passavam rápido. Lídia precisava chamá-la. Armava-se um temporal.

Seguiu pela picada lateral.

Virou-se para trás. A sensação de estar sendo seguida a fez estancar. Ainda não explorara o terreno ao redor. A vegetação densa  não lhe dizia nada, senão a de que embrenhar-se naquele matagal, não parecia apenas perigoso, mas mortal.

— Sara! Onde você está?

Estreitou o olhar. Vasculhou com cuidado a mata de onde estava.

— Filha! — insistiu mais algumas vezes. — Filha!

Saiu da estrada estreita e desceu a pequena inclinação desviando-se da vegetação. Os pés descalços não sentiam as texturas do chão.

— Sara!

Avistou a filha dentro do pequeno e decadente cemitério, em meio às cruzes e lápides de acabamento arredondado. Sara permanecia lá, de pé, entre as gramíneas e os arbustos esparsos que cresciam invadindo os contornos das covas. O vestido, que ela não lembrava pertencer à filha, balançava ao vento como vestido de anjos, suaves e leves, a movimentar-se em câmera lenta.

— O que faz aqui? — Lídia abriu o portão de ferro e caminhou em direção à figura da filha. Olhou para o céu. Ele se cobriu de nuvens carregadas de tonalidades cinza escuras sobrepostas. O vento ergueu as folhas do chão e fez o portão bater. As árvores ao redor inclinavam-se.

Lídia só percebeu que Sara desaparecera dali quando buscou por ela outra vez.

— Sara! — gritou aturdida. — Sara! Onde está você? — A voz falhando desavergonhada.

A força do vento arrancou o pó do chão num zunido estranho. Um uivo estridente aproximou o céu do chão. A chuva desceu intensa. Lídia olhou para o arvoredo dobrando-se ao vento. A pequena estrada escurecendo em sua direção.

— Sara!

A terra tornou-se lama em pouco tempo. Lídia caminhou em meio aos túmulos. Precisava encontrar Sara.

— Filha!

O chão estremeceu com o primeiro estrondo. As sombras da noite caíram ao redor. Lídia sentiu-se afundar na terra, sendo puxada por mãos. Estava sendo tragada por uma força maior que a dela. De súbito, as pernas mergulharam até a metade. Uma lama escura e fétida a prendia.

— Não!

Tentou mover-se diversas vezes. Não conseguia erguer nenhuma das pernas. Sequer conseguia arrancar-se do chão usando mãos e braços. A força que a puxava a queria para dentro da terra, para mergulhar nela, para nunca mais existir.

— João! — gritou com todas as forças. O único que poderia salvá-la, se a ouvisse. Aquela terra era amaldiçoada, assim como a casa, sinistra e fúnebre.

— João! — Gritou pelo único que sempre a salvava. Virou o corpo, com dificuldade, para a entrada do cemitério. — João! —Gritou mais uma vez enquanto seu corpo era engolido. Deu-se por conta que afundava até a cintura. A lama escura a puxava para baixo. O cheiro de podridão invadia as narinas. — Não!

A chuva e a ventania se misturavam e o peso das nuvens podia ser visto em uma aproximação acelerada. A escuridão vinha de todos os lados.

As lágrimas já desandavam pela face, misturadas com a chuva. Fechou os olhos e cobriu a cabeça com os braços até ouvir a voz de João.

— Lídia!

Ao abrir os olhos ainda chovia. Ainda permanecia no meio do cemitério, ajoelhada sobre os calcanhares.

— O que faz aqui? — O marido, encharcado, segurava-a pelos braços, agachado a sua frente. — Procurei você por todos os lados. O que deu em você? Você está machucada? O que veio fazer aqui?

— Eu… Sara! — Sentiu o desespero retornar. — Onde está Sara?

— Está chovendo, Lídia. Precisamos ir para casa.

— Não! Sara está aqui! Eu preciso encontrá-la!

— Deixe de tolices. Sara não está aqui.

Sentiu-se erguida por João, que também se erguia, mas não podia partir sem a filha. Livrou-se das mãos do marido.

— Preciso encontrar Sara. Me largue!

Foi nesse momento que a bofetada veio. Curta. Dura.

— Pare com essa sandice! — gritou. — Está na hora de ir para casa. Vamos! — Insistiu, segurando-a ainda mais firme. — Vamos para casa.

*  *  *

Pensou estar sonhando acordada. Apalpou-se. Olhou para os pés. Calçou o chinelo mandando para longe o pensamento duvidoso. Talvez a falta de sono estivesse alterando o entendimento de mundo. Lídia buscava razões para as coisas estranhas. Saindo do quarto, depois de um sono de muitas horas, encontrou o corredor frio e úmido.

Tocou nas paredes para certificar-se, sentindo o líquido. Escorria água. Chovia lá fora.

— João! — Ela esperou pelo retorno do marido. João, no entanto, lia, sentado próximo da janela da escrivaninha. Passava horas naquele espaço. Se não fosse chamado para as refeições, esquecia-se de tudo. — Tem infiltração, aqui! A chuva escorre pela parede.

Lídia circulou verificando cada cômodo. Perambular pela moradia à procura de alguma irregularidade tornara-se uma espécie de ritual. O pai, acomodado ao sofá, cochilava tranquilo, embalado pelo tempo. A água continuava, no entanto, a escorrer das paredes.

— Você precisa verificar o telhado quando estiver seco. Não é possível deixar a água escorrer das paredes desse jeito — insistiu, mas não obteve sequer o olhar reprovador do marido.

Seguiu até o quarto de Sara. A filha estirada sobre a cama, de bruços, mascava chiclete e rabiscava no caderno.

Pedro continuava a brincar. De um lado para outro, não parava de levar com ele os carrinhos de madeira. A nova residência o mantinha entretido. A casa divertia e confortava a todos, exceto a Lídia.

Sem atenção, voltou para a cozinha. Alguém precisava fazer o jantar. Ela, pelo menos, ainda sentia fome. Retirou os legumes e a carne do refrigerador. Há tempos não fazia um refogado. Olhou pela janela a chuva torrencial assolar o gramado. Uma cortina branca cobria a vista da colina mais próxima. A calha não dava conta de tamanha água e a friagem já penetrava pelas frestas. Descascou as batatas e cortou as cenouras. Separou as cebolas e pelou-as. Gostava quando elas não deixavam vestígios junto dos outros componentes do prato. Então, picou-as finas. Um gotejar e outro, e mais um, vindos do corredor, desviou sua atenção. Por pouco a faca não cortou o indicador. Irritada saiu em direção do som insistente.

— Uma goteira…

Saiu da pia em direção ao som insistente.

O corredor já continha várias poças.

Aproximou-se da canelura e aparou os pingos teimosos no sulco da mão. Logo, a tonalidade barrenta tomou outra cor. Escura. E mais densa. Outros pingos despencaram do teto em pontos distintos.  A parede caiada se retorceu como se a argamassa tivesse vida. Bolhas movimentavam-se atrás da coberta da alvenaria. Lídia deu um passo para trás, empunhando ainda mais firme a faca. Formas indefinidas lançavam-se para frente querendo sair, romper a barreira.

Aterrorizada, por alguns segundos, a covardia não deixou Lídia mover-se. Depois, retomada a coragem, investiu contra a parede com golpes secos, arremetendo a faca às cegas naquele inimigo assombroso. As paredes dançavam à sua frente. As mesmas formas escuras que emergiram da base do tronco apareciam aí, querendo agarrá-la, carregá-la para longe. Ela sabia.

Ao ser tocada, não hesitou. Desferiu golpes longos, acertando cada uma daquelas criaturas sobrenaturais.

*  *  *

A cabeça latejava. Os olhos foram abrindo devagar e o foco foi retornando aos poucos. Quis se levantar, mas não conseguiu. Estava presa em uma maca. Braços e pernas imobilizados. E um sujeito mal encarado a olhava atento.

— João! — gritou o mais alto que pode. — João!

— Não se agite, senhora.

— João! Pai! Pai! — chamava por ambos. — Me solta! — Debatia-se tentando sair de cima da maca. — Me deixa sair! João!

Um segundo homem entrou carregando uma seringa. Lídia gritou em vão.

Depois que o líquido entrou, o calor tomou conta do braço e ela foi perdendo as forças.

Os dois levaram a maca para fora. O teto do corredor apresentava-se limpo. As paredes haviam recebido tinta fresca. A sala, toda aberta e iluminada mostrava tudo em seu devido lugar. Impecável. O lugar sofrera uma reforma.

— Seguirei logo atrás.

A voz de João soava muito distante, distorcida.

Lídia olhava descrente e transtornada. Passou pelos filhos, por João e pelo pai. Gritou ao vê-los. Em sua percepção, tinham um aspecto fantasmagórico. Desfigurados, quebrados, em estado de decomposição.

Ao entrar na traseira da ambulância, o cérebro de Lídia já não conseguia estruturar um pensamento lógico. A família na sacada foi a última coisa que viu.

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  1. Menina, que tenso. Muito interessante a forma como escreveu seu conto, andando pelo tempo e pelo espaço. Gostei da ideia de usar a fazenda onde antes houve escravos para o cenário da história. Gosto de enredos onde a casa guarda um passado sombrio que passa a atormentar quem lá habita. Muito bem escrito e muito tenso na parte do terror. Parabéns.

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  2. Como o próprio título dá a entender, a protagonista da narrativa ultrapassa a linha – fantasia e realidade / sonhos e lembranças / natural e sobrenatural. As casas assombradas habitam a consciência popular e para leitores, como eu, apaixonados pela arte da ficção, “A Linha Tênue” proporcionou mais que entretenimento. Os fãs de casas mal assombradas e espíritos amargurados têm um prato cheio nas mãos.

    O foco de Evelyn, pareceu-me, não foi assustar o leitor. Na verdade, ela quis comprovar que o medo, regido por traumas e dramas familiares, é o resultado de outros sentimentos, que podem ter raízes mais profundas do que simples espíritos no tronco velho do pelourinho.

    A velha casa não representa um perigo iminente aos novos moradores, mas serve como palco para que dores mal resolvidas sejam enfrentadas. As idas e vindas no tempo trazem uma mistura de passado e presente. Gosto de narrativas não lineares, que formam uma espécie de quebra-cabeças para que o leitor vá montando o enredo por si.

    O horror aqui é sutil, interior e poético. A trama, no epílogo, é tratada como uma tragédia, o que é bastante efetivo pelo desenvolvimento dos personagens, enquanto foca na atmosfera opressiva de um local repleto de mágoa.

    É um estilo afiado, que consegue inserir uma série de ensinamentos, mostrando caminhos que podemos seguir e possibilidades de resolução de problemas nas relações pessoais.

    Parabéns, amiga pelo ótimo trabalho. Grande abraço.

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  3. Oi, mocinha. Estava te devendo uma análise deste conto faz tempo, mas, enfim, cheguei. A linha tênue, título completamente apropriado ao enredo deste conto, é aquela linha espaço temporal que separa o real do imaginário mas não apenas isso. A casa realmente tem um passado, por lá aconteceram assassinatos,torturas, vinganças. Há toda uma carga emocional de ódio e revolta que está impregnada na água escura que sai dos canos, na lugubridade das paredes, no monumento de sangue e horror representado pelo tronco do açoite e pelo chão da cozinha. Mas por que apenas Lídia vê? Talvez porque por causa de seu notório problema mental ou porque ela tenha uma sobrenaturalidade que mantenha abertos os canais para estas energias pesadas, e ela enxergue o que de fato ocorreu. Em alguns momentos tive a impressão de que ela também tenha vivido este passado.

    O final não poderia ser outro. Depois de um episódio violento em que pensei que Lídia teria matado o marido, mas me parece que não,ela parte para um desligamento com a realidade com difícil retorno.

    Um conto com algumas inserções de cenas imaginadas ou passadas que servem para explicar a influência da casa nos sentimentos de Lídia.

    Muito bom, menina. Palmas.

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    1. E eu continuei de onde eu tinha parado e dei um fechamento para ele. Foi bom eu ter descansado meus olhos e retomado depois. Você fez uma leitura da trama muito bacana. Gratidão. Espero poder melhorar nesse tema tão difícil que é o suspense, o terror. Mesmo de forma sútil. Obrigada. Beijos e abraços carinhosos.

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  4. Queria tanto saber escrever contos assim. Eu tenho uns 4 desse gênero parados na metade, pq não consigo provocar esse suspense, essa sensação de que estamos num trem fantasma, ou numa montanha russa, esperando a próxima surpresa. Sério, fiquei com uma agonia na garganta aqui a cada parágrafo que lia. As idas e vindas no tempo ajudam a dar dinâmica ao texto. Muito bom trabalho, Evelyn!

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    1. Eu ainda estou aprendendo, Juliana. Eu sei que é complicado dar esse clima. Não foi fácil e levou tempo para finalizar. Obrigada por seu comentário gentil e pela leitura. Abraços carinhosos.

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  5. Eu já tinha lido este conto antes ou boa parte dele, não? Impossível esquecer certas passagens como a presença da casa, personagem que abriga tantas lembranças, tantos desmandos do tempo. Interessante a divisão em épocas que acabam se fundindo como uma trama que se esgarça e traz a loucura da protagonista. Ou terá sido de alguma forma real tudo o que ela viu? Até que ponto a imaginação trabalhou na criação do horror? Já nem sei se a família que olha Lídia da varanda é composta de pessoas ou de fantasmas? Deu medo, angústia e ansiedade de chegar ao final. Parabéns pelo resultado obtido do tear de um enredo tão denso e rico. Beijos.

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    1. Sim. E na avaliação do desafio, a nota foi 3 de 5. As contistas participantes daquele desafio não avaliaram bem esse conto. Ele não mudou muito do que era. Apenas cresceu em tamanho e troquei a ordem da linha do tempo.
      Gratidão pela leitura e comentário.
      Abraços carinhosos.

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  6. Oi, Evelyn. Penso que uma das intenções aqui foi criar uma casa personagem. Nunca escrevi um conto como essa abordagem, está nos meus planos. Aqui, sua casa ficou bem interessante, ancorá-la em um momento sinistro da nossa história foi uma grande sacada. As cenas de loucura de Lídia ficaram ótimas, a atmosfera é de uma angústia crescente que absorveu completamente minha atenção. Na cena final, a visão da família como uma fantasmagoria ficou excelente. Finalizo dizendo que para mim o ponto alto do conto foi a atmosfera angustiante que você conseguiu imprimir no agravamento da loucura da personagem. Parabéns. Ótima leitura. Beijos.

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  7. Olá, Evelyn!
    Você conseguiu imprimir um toque de suspense e terror nesse conto (muito imagético, por sinal!) que sustenta o interesse da leitura até o final. À medida que eu lia, podia vê-lo ganhando profundidade e capítulos, o que me faz crer que ele funcionaria muito bem como uma romance ou novela, devido à serie de nuances e camadas que poderiam ser desenvolvidas e abordadas dentro dele. A casa-personagem, a loucura, o passado de escravidão que se misturam num enredo adorável e forte. Parabéns pelo belo trabalho!

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  8. Oi, Evelyn!
    Nossa, que angústia este conto me deu! Você foi muito bem sucedida na construção do suspense: ficou suspensa minha respiração a partir do momento em que começam os delírios da personagem!
    Parabéns pela habilidade de conduzir esta trama, o resultado foi muito envolvente!
    Beijos!

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  9. Querida Evelyn,

    Lembro muito deste conto no desafio do Entre Contos. Na época, gostei muitíssimo. Agora, gostei ainda mais.

    Parabéns por sua verve tão marcante.

    Beijos
    Paula Giannini

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  10. Caramba, sim! É este tipo de texto que me prende, que me envolve e eu não quero parar de ler! Amei cada detalhe, do antes, do durante e do depois. Olha, queria mais! Poderia muito bem ser um romance e eu passaria a madrugada lendo! Gostei bastante, o suspense é crescente e prende a gente cada vez mais. Adorei, de verdade. Bjs ❤

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