Ingredientes
1 colher (chá) canela
1 xícara de açúcar demerara
Café
Era cor de ouro.
O céu de fim de tarde lambendo as mesas, o silêncio momentâneo do mundo às seis prometendo algo que há tempos desconhecia. Alento. Paz. Um algo qualquer que calasse aquela mão que se enfiara em seu peito e que se fechara crispando as unhas em seu coração e garganta de dentro para fora em um dia como estes.
Cor de ouro.
Na mesa seis, os pezinhos balançavam, teimosos, alheios aos avisos da mãe. Vai derrubar. Derrubou. Viu só? Eu avisei.
Cor de ouro.
E ela corria para passar um paninho, evitando que o café sujasse o desenho do menino sobre a mesa, enquanto ele, sem se dar conta do mundo a sua volta, mergulhava o dedinho, não no açúcar, mas na canela, para em seguida, levá-lo à boca.
Não há problema. Eu faço outro. A voz disfarçando a alma, o grão moído na hora, o pó na máquina liberando aromas e memórias. Um garotinho sentado na bancada com a xícara pequenina entre as mãos. Vovó, me dá café? Com leite não. Não gostava. Canela, sim, adorava. Igualzinho a este agora, sentado com a mãe na mesa seis.
Cor de outro.
Modo de Preparo
O segredo é deixar esta mistura (canela e açúcar) pronta para adoçar seu café. Se quiser, experimente em outras receitas e sobremesas. O importante é criar!
Rendimento: 1 porção
Tempo de preparo: 5 minutos
Olá, querida Paula. Também adoro esta mistura de açúcar com canela. Nunca, todavia, usei assim sem outros ingredientes, só o café e a mistura, mas fiquei com vontade de provar.
Você criou um estilo de reconhecimento que dá aos seus textos uma marca inconfundível. Uma coisa muito sua, delicada e linda.
Seu café transitando pela xícara trazendo memórias de outro menino, o ouro da vida, o outro tão dela, perdido no tempo.
Parabéns, querida. Um abraço.
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Obrigada, minha querida, por ser sempre tão presente.
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Canela em pó é ingrediente especial ao trazer muito mais sabor para aquele café coado simples e sua quantidade pode ser adaptada de acordo com seu gosto. A criança aprendeu isso desde pequena e não se arrependeu!
Estilo inconfundível, com muita sensibilidade, um jogo inteligente de palavras e ideias e quanto às receitas, não preciso ser repetitiva. Aprecio demais essa sua marca. A beleza e a força do texto moram na magia do corriqueiro e na mudança que cada vivência opera em nós.
Parabéns. Um forte abraço.
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Obrigada, amiga querida. Você adoça minha vida com suas palavras. 😉 Beijos
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Quanta delicadeza, Paula. E quantas lacunas a serem preenhidas pelo leitor. O cheiro do café e o ocaso evocando passados e futuros ainda possíveis. Parabéns, querida. Beijos.
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Querida Elsia, este conto é de uma fase em que estava tentando espremer palavras… Que bom que gostou. 😉 Beijos
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Que sensível, Paula!
A leitura vai escorrendo suave, com esse belo jogo de palavras, e dá quase pra sentir nas narinas o aroma do café e no peito a saudade dessa vó.
Lindo demais! Amei!
Beijo!
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Obrigada, minha querida. FIco feliz demais que trnha gostado de meu café. Beijos
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Seus textos são sempre deliciosos como receitas com ingredientes de qualidade, todos na medida certa, misturados no capricho para nos encantar. Amo os seus textos e a forma como os prepara. Sou sua fã. Mais um belissimo texto. Parabéns.
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Somos fás uma da outra! Viva as letras das Contistas! Beijos, querid amiga.
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Oi, Paulinha.
Seu texto traz a sua marca, inconfundível, com um refinamento na simbologia e sem dar tudo de bandeja ao leitor, que tem de preencher as lacunas. As seis horas da tarde, a hora do ocaso do sol, que é também o ocaso da avó que, tão terna, preparava a mistura doce para ele saborear a vida. O tempo de preparo é só cinco minutos, 5 minutos para adoçar as horas que correm num passado-presente nesse texto delicioso a ser saboreado por qualquer paladar! Belíssimo, amiga! Parabéns.
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Querida Sandra, uma das belezas das letras e de como podemos criar com elas está nesta possibilidade de estender ou encurtar o tempo. Obrigada por seu carinho. Beijos
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Paula e suas receitas cheias de sensibilidade e encanto. O jogo das palavras, as cores, os sabores, tudo construído com muita habilidade. O seu estilo já conquistou espaço e reconhecimento. Muito lindo o texto, lembranças adoçadas com açúcar e canela… e nunca um café requentado. Beijos.
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Nunca café requentado! Obrigada, amiga querida.
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Ah… É uma delícia! Café com canela. E o seu conto passa muito bem essa gostosura. Acho que ele é bem assim, terno como um café quentinho, com aquele gosto da canela, aquecendo por dentro.
Parabéns.
Beijos e abraços carinhosos.
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Suas palavras me aquecem, querida. Beijos e obrigada.
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Ah, momentos que despertam lembranças… Já pelo título adorei, mais ainda depois de ver lembranças sendo despertadas por memórias passadas em contraste com o presente que se repete, de certa forma. Abraços ❤
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Querida Vanessa, isso mesmo, lembrar é repetir o momento através de sabores, sons, imagens. Obrigada por seu comentário lindo. Beijos
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