O Olho de Abadiy – Evelyn Postali

“Contam os mais antigos que no coração da Montanha Azulada, no centro da Ilha de Dunya, existe um dragão. Seu nome é Abadiy.  Ele guarda a Eternidade. Controla o tempo e o que nele transcorre. Ele possui o poder de despertar o Fim. Por isso, dorme com um dos olhos abertos.

 O olho, de azul turquesa cintilante, é multifacetado e é a segurança da Vida. Cada pedaço cristalino da orbe é a alma de alguém e, cada uma delas é única e possui um único nome. O conjunto, compõe o Infinito e é protegido pela criatura.

Quando o olho de Abadiy fechar, tudo o que possuir uma alma, toda a criatura, todo o ser vivo, fará parte dele e dormirá para sempre.”

— Existe um mapa para se chegar até essa ilha, vovô?

— Muitos procuraram, mas em vão.

— Abadiy possui a minha alma?

— A sua, a minha, a de todos.

— Quando eu crescer dominarei esse dragão.

O avô cobriu de peles o pequeno Nakhob, resmungou um ‘vá dormir’ e levou com ele o Fogo. Do lado de fora da tenda, as estrelas pontilhavam o céu e as luas se alinhavam no horizonte.

Créditos da imagem: Evelyn Postali

5 comentários em “O Olho de Abadiy – Evelyn Postali

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  1. Esse dragão é do tipo que nem mesmo se pode combater, pois vivo ele fecha os olhos quando quiser e morto, o olho apodrece e todos nos finamos do mesmo jeito. Tá puxado. Ainda bem que é uma história linda e terrível de fantasia da sua abençoada imaginação. E seguimos sobrevivendo enquanto o dragão permite. Beijos.

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  2. Amo montanhas, dragões, céu e lua, vovôs, crianças, magias e sobretudo as histórias que você, Evelyn, cria combinando todos elementos e mais doçuras, surpresas e muita fantasia. Parabéns pelo texto encantador e tão em cima da imagem de ilustração. Beijos!

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  3. Olá, Evelyn!
    Um belo texto de fantasia que, para mim, na minha construção de sentidos do texto, guarda uma relação com a realidade. No caso, o dragão é o avô, com o olho azul de catarata que tudo viu, que guarda o tempo de dormir e o das brincadeiras, que guarda nele a ascendência e a descendência da família. O neto o vê assim, mágico. E é assim que interpreto seu texto cheio de magia que me encantou sobretudo pela delicadeza de imagem. Amei. Parabéns!

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  4. Delicadíssimo miniconto. A fantasia sempre proporciona muitas interpretações, mas o lado imagético por si só já é suficiente para encantar.
    Parabéns!

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