Era começo de dezembro
uma tarde nebulosa e fria
quando nos despedimos
os cinco
dissemos
depois que crescem os pequenos
o Natal perde o sentido
os cinco, sem família
não sem os ramos mais finos
cônjuges, filhos crescidos
esses, alguns de nós tínhamos
mas sem os galhos mais fortes
os que nos antecediam
nos conectando aos troncos
e ao solo, às raízes
expatriados
dando seguimento à vida
decidimos
reunir-nos, os cinco
e nossas modestas famílias
sem meninos nem meninas
cinco tradições distintas
na ceia de vinte e quatro
pra vinte cinco
celebramos com vinho tinto
a solidão desfeita
a saudade arrefecida
humanos-galhos entrelaçados
prescindindo das raízes.
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Que poesia linda, É em datas como esta que nos lembramos com mais força de nossas raizes e sentimos falta dela. Parabéns pelo belo trabalho e pela sensibilidade.
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Querida Contista,
Mais um texto perfeito. Poesia doída e cheia de verdades… É a vida passando, os filhos crescendo, o mundo trocando tudo de lugar. Parabéns!!!
Beijos emocionados e feliz 2022.
Paula Giannini
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Não sei se compreendi, mas enxerguei o drama das pessoas que estão longe de seus países de origem, vivendo um natal sem raízes em meio a desconhecidos. Lembrei de imediato das pessoas vagando atrás de algum país que as dê guarida, tantas vezes recusadas. Das pessoas fugindo da miséria, da opressão, da perseguição. Mas, ainda pior, que fala sobre as pessoas que se sentem estrangeiros em suas próprias nações.
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Também lembrei do filme QUO VADIS, AIDA, que assisti recentemente e concorreu para o oscar deste ano. Mas se aplica a várias outras situações, não apenas aos sérvios. Beijos.
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Deve ser bom ter raízes para onde voltar mesmo depois de tantos anos… Bjs ❤
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Pela minha interpretação esta poesia fala de cinco irmãos que perderam seu tronco – os pais – e foram criando novos ramos (cônjuge, filhos crescidos). A falta de crianças ainda fascinadas com a fantasia do Natal faz com que a data perca o sentido, e resolvem se despedir de uma tradição que não significa mais uma reunião de família, uma linda árvore com raízes, tronco, galhos fortes. Versos lindos e tristes como muitos sentem essa época do ano. Parabéns.
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Que linda interpretação, Claudia, muito mais bacana do que a minha para este texto. Parabéns.
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Um texto que traz o sentimento de fraternidade numa dimensão humanitária, digamos. Essa comunhão entre expatriados no Natal é uma imagem tocante nesse tempo estranho que vivemos. Parabéns! Feliz 2022, querida Contista.
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Oi, amiga contista, um Feliz 2022!
Os ciclos da vida, essas datas, nos trazendo, tragando, levando e lavando nossas almas….a palavra é saudade.
Um dia seremos, também, as raízes das árvores (creio <3).
Grande beijo, parabéns por tanta sensibilidade.
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