Naquela época as crianças ainda brincavam na rua. Era costume juntar a molecada para jogar bola sem medo ou preocupação. Mas isso não significava que não havia perigo. Foi em um dia nublado e sem graça que Renata teve a ideia de chamar seu irmão Gabriel para ir de bicicleta à casa de seus avós.... Continuar Lendo →
Culturar (Juliana Calafange)
Cultura popular, oriental e haikai Samba do brasileiro ensandecido e seu forró arretado de doido Cultuando o culturar Pela via do dia-a-dia Que é a rotina ardente não descontente Dos descamisados desnecessariamente úteis Dos yogues urbanos ufanos Dos mestres de rua do mundo da lua Culturar é mistura do barro do morro do choro Da... Continuar Lendo →
pASSADO é pASSADO (Fheluany Nogueira)
Procurei num dia remoto as paragens da infância. Lá estavam, porém sem vida. Pensei bobamente, como adulta: o tempo é a alma do espaço. Lembrei da moça do poster a olhar para mim o dia todo, intemporal, sem idade, indesgastável. Tão linda... e eu? Ela ocupava o centro do poster, seria o ponto... Continuar Lendo →
deus da mitologia – Sabrina Dalbelo {inapropriado para menores}
Segunda-feira almocei na praça de alimentação do shopping. Não estava com muito apetite, comi pouco. Cheguei cedo para pegar lugar, escolhi um buffet. Tomei um copo d’água, como o usual e deixei o restaurante. Do lado oposto ao dali, avistei um cartaz colorido, que me chamou a atenção. O filme estampado era “Thor Ragnarok”. A... Continuar Lendo →
Gritos silenciosos – Priscila Pereira
Que noite doida! Que mulher doida! Saí de casa ontem sem expectativa nenhuma de me dar bem e acabo pegando a gata mais intensa que vi ou ouvi falar. Foi tudo tão rápido… boate, álcool, dança… parece que ela me escolheu... e que beijo foi aquele? Caí de quatro por ela na hora. “Sua casa... Continuar Lendo →
Amigos inseparáveis (vizinho) – Desafio
Quando foi morar na casa da Dedé, Pipo ainda era bem pequeno, um cachorrinho com apenas algumas semanas de vida. No início, ele não sabia onde fazer o xixi e o cocô e levava bronca sempre que sujava a sala. Era muito difícil entender o que seus donos queriam que ele fizesse. E o que... Continuar Lendo →
Resistência (Renata Rothstein) – desafio
Perdida, outra vez, nesse meio tempo meio descaminho, outra vida, quase morte. Ressurrecta. E era teu, o único e necessário carinho. Permitido, até .E um quase eu, torto, sorri, pisoteando imaginárias nuvens violáceas, um resto triste de sonhos, tão nítido quanto fugaz. É doloroso esperar., ante a desesperança.Ultrapassado, o ultrajante futuro cospe meu nome num... Continuar Lendo →
SAUDADE, PALAVRA SEM FIM – Claudia Roberta Angst
Sentia a falta dele, como quem consome mais palavras do que cabem na boca, aos bocados, sem trégua. Rompia-se em saudades, em implosões contidas, subterrâneas sensações que a levavam a um ócio doentio, ao meio de todas as dúvidas que amanheciam junto a ela. Por que não falara toda a verdade quando o céu ainda... Continuar Lendo →
Em voo – Paula Giannini
Enquanto em queda Livre Não ela Mas o buraco que se lhe abre em boca A dor é tamanha É tanta Que não ousa gritar que é quase O instante que já No baque de dentes prontos Momento derradeiro O fundo do asfalto O poço seco por que tanto anseia Meu desafio: Escrever... Continuar Lendo →
Então é Natal! (Amanda Gomez)
1 2 3 4 ... Fechei os olhos, encostei a cabeça no volante e contei mentalmente até dez. Geralmente isso nunca funcionava comigo, mas o que eu poderia fazer? Respirei fundo e chequei as horas no celular, a pontada de tristeza era imediata sempre que olhava pra ele. Um Samsung com o nome de alguma... Continuar Lendo →
Biscoitos de Natal para o Ano Novo (Bia Machado)
Quando ouviu as batidas na porta, foi difícil levantar da cadeira com aquela artrite toda. Resmungou a cada passo, pois também precisava segurar as barbas longas e brancas, para que não tropeçasse nelas. Claro que já estava preparado para o hóspede que chegaria, sabendo que em poucos dias o hóspede seria ele, e não quem... Continuar Lendo →
Feliz Natal – Vanessa Honorato
O primeiro natal sem Artur. Não sabia porque ainda insistia em fazer essa ceia. Não tinha vontade de nada, tampouco convidados. A mesa estava posta como sempre esteve: abastecida com comida, bebida, enfeites coloridos de vermelho e verde, velas, guirlandas. Para quê? Qual motivo de tanto empenho se ninguém desfrutaria com ela? A taça de... Continuar Lendo →
PAIS NOVOS (Sabrina Dalbelo)
“Odeio vocês”, gritava Lucas. “Odeio vocês”, resmungava Letícia. Os irmãos não tinham ouvidos. Reclamavam da ordem para escovar os dentes, para arrumar a cama, para organizar as próprias coisas, de tudo. Os pais, Renato e Marlene, não sabiam mais o que fazer. Focavam em manter um nível mínimo de paciência para dedicar orientações sobre educação... Continuar Lendo →
Cova de Lama (Iolanda Pinheiro)
Já moça, lembrava do tempo em que o mundo era cinza e a vida flutuava no terreno lodoso de segredos e mentiras. Quando a velha e eu nos enfurnávamos pelas manhãs atrás das covas onde os caranguejos sonhavam. Do braço de minha vó enfiado até o ombro no berço de terra mole, os dedos procurando... Continuar Lendo →
Um presente para reconectar – Anorkinda Neide
Era noite de Natal. Depois de uma modesta e aconchegante ceia com seus pais, Letícia dormia em sua casa, saciada de carinho e bons desejos. No meio da madrugada a moça acordou com a sensação de ver uma luz piscando. Era verde. Mas ela pensou ter sonhado. - Não posso ter visto luz alguma se... Continuar Lendo →
Cravos Vermelhos (Renata Rothstein)
Desço do táxi, estendo duas notas amarrotadas ao motorista, balançando a cabeça em agradecimento.O taxista diz que as notas não valem mais, olha para mim com dó, me devolve o dinheiro, e segue seu caminho.Respiro fundo o ar frio do fim de tarde, o que me custa uma dor violenta aos pulmões doentes. Continuo tossindo... Continuar Lendo →
A imponderabilidade de tudo – Ana Maria Monteiro
Sobre o corpo da menina deitada, jazem agora todos os sonhos que nem chegou a sonhar e os futuros que não irão acontecer, cada dia, cada momento, cada natal. São tantos! Quem dira? Quem diria, ao chorá-la no agora, a que distância lhe estaria no futuro - ou talvez não. Morreu na véspera de natal,... Continuar Lendo →
CONTO DE OUTRO NATAL – C.R.Angst
Mais um Natal. O mesmo Natal? Procuro em vão por novidades a minha volta. A árvore parece cada vez mais mirrada, exilada no canto da sala. As luzes, com seu pisca-pisca irritante, que na infância pareciam estrelas cadentes, agora se revelam meros vagalumes decadentes. No chão, o vazio de promessas. Limpo, quase reluzente. Reajo ao... Continuar Lendo →
Um presente especial – Priscila Pereira
− Mamãe, a gente pode comprar um shortinho novo pra Letícia? −Minha filha disse enquanto tomava leite e comia bolachas de chocolate no café da tarde. − Pra Letícia? Ué, por quê? − Respondi admirada. − Porque lá na escola ela pediu na cartinha para o Papai Noel um shortinho novo, é que o dela... Continuar Lendo →
Somos Esquisitos Juntos (Fheluany Nogueira)
Somos Esquisitos Juntos Hoje é o último dia de aula. Isso significa que estou oficialmente de férias. É difícil acreditar que as festas estão chegando. Tudo acontece tão absurdamente depressa que não há jeito possível de se preparar para a velocidade. Estamos prontos? Não estamos prontos... Todo mundo está querendo afirmar que é... Continuar Lendo →