Lúcio deixava a empresa após um produtivo dia de trabalho, calmamente, como quem vai embora sem querer ir, quando o chefe, que o observava do saguão, perguntou, com a amabilidade que lhe era tão própria: “por que a pressa?, vai tirar o pai da forca?”. Lúcio apenas sorriu, eram perguntas retóricas, e ainda antes de... Continuar Lendo →
Desejos extremos – Fernanda Caleffi Barbetta (Desafio Desejo de Ano Novo)
Carmem surpreende o marido remexendo a gaveta das camisetas. — O que foi? Procurando a listrada? Acabei de tirar da máquina. — A lâmpada, achei que tivesse colocado aqui. — As lâmpadas ficam na despensa, naquela caixa transparente. Por que teria uma lâmpada aí? Coloca o cesto de roupas limpas sobre a cama. — Não,... Continuar Lendo →
Desafio Desejo de Ano Novo
Regulamento Desafio Desejo de Ano Novo Fechado às integrantes do coletivo As Contistas A participação não é obrigatória (lógico). Tema Desejo de Ano Novo. Colocar a tag desafio desejo de ano novo. Conto ou poema de qualquer gênero. Postar com pseudônimo, usando o perfil desafiocontistas. Postagens até dia 4 de janeiro de 2023. Comentários até... Continuar Lendo →
Relatos III – Escritora Convidada Lena Ferreira
No alto, onde o silêncio não come, panelas vazias vão cheias de fome.Nos pratos, transbordam as contas de ontens alimentadas por homens bêbados de estrelas.Farinha e fumaça dão liga à fermentação.Aqui embaixo, não vejo nenhum indício do início das construções. Promessas que sempre surgem em tempos de campanha. “Em breve, creche-escola.”Mas, o agora urge…E, enquanto... Continuar Lendo →
Manifestação – Escritora Convidada – Francine Cruz
Era minha primeira vez numa manifestação. Nunca tinha ido, nem como civil, nem como militar, pois ainda sou cadete. Dessa vez o assunto era sério, todo o efetivo foi convocado: policiais militares da RONE, ROTAM, polícia florestal, cadetes, o pessoal do administrativo e, pasmem, inclusive a banda da polícia que geralmente só anima eventos sociais.A... Continuar Lendo →
Como chorar em público – Escritora Convidada – Lilian Lovisi
Existem tantas coisas que você não sabe. Como chorar em público. Você sabe chorar em público sem que ninguém perceba que você está chorando em público? Garanto que não. Uma técnica foi desenvolvida por mim com bases em experiência própria e amor próprio e mais uma série de fenômenos impróprios. Preciso te contar porque você... Continuar Lendo →
Indisposto – Fernanda Caleffi Barbetta
Naquele dia o papai noel acordou indisposto e não haveria problema algum ele não querer sair da cama nem tirar o pijama nem escovar os dentes nem tomar banho nem se trocar nem fazer o desjejum nem se reunir com os ajudantes nem traçar o plano de voo nem almoçar nem fazer um alongamento nem... Continuar Lendo →
Pólvora e silêncio – Escritora Convidada – Amanda Kristensen
Não se ouve o zumbido do vento na rua; no relento, a única coisa capaz de se fazer é senti-lo… sentir zumbidos e sabê-los entender é tarefa para poucos. Além de estar especialmente fresco, de uma frieza incomum para setembro – já que arranhava um pouco a pele – eu sentia um cheiro: cheiro de... Continuar Lendo →
Microcontos do pizzaiolo – Fernanda Caleffi Barbetta
I - Escreveu um livro tão saboroso, que o dividiu em oito partes. II - Diante dos aplausos, a pizza virou calzone. III - Toda À Moda da Casa alimenta o sonho de tornar-se pizza para viagem.
Chamada permanente de contos e poemas para o blog As Contistas
Quer ter seu conto ou poema divulgados aqui no blog As Contistas? Confira o regulamento e participe. Aguardamos seu texto! a participação é gratuita todos os textos serão avaliados por membros do coletivo As Constistas. apenas os textos selecionados serão postados aqui neste blog (https://ascontistas.wordpress.com/). podem ser enviados contos e poemas. não há limite de... Continuar Lendo →
Estou indo embora – Fernanda Caleffi Barbetta
O habitual beijo, aguardado nos lábios, foi desviado para a testa, e aquele gesto, após os demais que a vinham inquietando, pareceu-lhe o derradeiro. Desfez o bico seco e o observou alcançar a escada, os pés pesados ganhando os degraus, a calça desbotada, os sapatos precisando de graxa. Suspeitou que aquele fosse o dia em... Continuar Lendo →
Os 10 vencedores do Concurso Rapidinhas
Confira os dez microcontos vencedores do Concurso Rapidinhas As Contistas, realizado no mês de maio. Parabéns aos campeões!!! CampeãoLuciana MerleyCarros revirados e trilhos sobre os homens em meio aos blocos de construção. Ao lado, meu filho movia o tórax levemente. Tomei-o nos braços, beijei-o, orei ao seu ouvido e puxei a cobertinha do Spiderman até... Continuar Lendo →
O Velho – Fernanda Caleffi Barbetta
(Fabíola vai até a cozinha, onde a mãe lava a louça) Fabíola – O que o Tião queria a essa hora?Mãe – Tião?Fabíola – É. Ele não tava na sala com o pai?Mãe – Era o velho. (Fabíola senta-se à mesa) Fabíola – Que velho?Mãe – Parece que encontraram um corpo.Fabíola – Corpo, que corpo?Mãe... Continuar Lendo →
Regulamento Concurso Rapidinhas
Concurso de Microcontos Rapidinhas - As Contistas REGULAMENTO Participantes é aberto a todos os interessadosintegrantes do coletivo As Contistas estão impedidas de participar. Micronarrativas escritas em língua portuguesa.o tema é livre.todos os microcontos deverão conter a palavra-chave que será divulgada apenas no dia 1 de maio.máximo de 300 caracteres com espaços.os textos não precisam ser... Continuar Lendo →
Vômito – Fernanda Caleffi Barbetta
VômitoSentinojoquando dissetudo o que quisdizer,gritando,tudo o que queriaque euouvisse.Nojo,não das palavras,mas da suaboca,como se o asco residisseem quemvomitae não na comidaregurgitada.
Sem Saída – Fernanda Caleffi Barbetta
Construi uma casacom todas as janelas paradentro,do banheiro via a salado quarto via a cozinha.Não deixei portas para oexteriorpara que ninguém entrasse,e eu não conseguia sair também.De fora,faziam buracos nos tijolos,que eu tapava,apressada, ansiosa, nervosa.Hoje, quebrei as paredesinternasaté derrubar a que davapara fora.Mas a rua estavadeserta.
Uma noite de Insônia – Fernanda Caleffi Barbetta
Abro os olhos, e o quarto ainda está escuro. Olho para o rádio-relógio. São 3 horas da manhã e o sono já foi embora. O Paulo dorme placidamente. Sinto inveja. Viro pro outro lado. Começo a pensar nas coisas que preciso fazer quando acordar. Isso se eu acordar mais uma vez ainda hoje. Espanto os... Continuar Lendo →
O pegador – Fernanda Caleffi Barbetta
A Marinalva chegou com a saia curta e o olhar longo, espichado para onde eu estava. Atrás do balcão, meu corpo estremeceu. “Hoje vou beber todas, Túlio”, disse o Marreco, batendo a mão espalmada no tampo de madeira melecado de whisky barato. “Já sei, uma coca-cola”, falei, um olho nele o outro na Marinalva, talvez... Continuar Lendo →
Quanto falta? – Fernanda Caleffi Barbetta
Estava chegando, mas ela não entendia distâncias. A idade tão pouca, a vida tão tenra. O ar ficando pesado, a respiração mais difícil, o corpinho se molhando de suor. Sim, estava chegando, mas ela não entendia o tempo. Era difícil aquietar um corpo ansioso por viver. Inclinando-se para frente, tentou encarar a mãe, mas viu... Continuar Lendo →
Visita natalina – Fernanda Caleffi Barbetta
— Quem é o senhor?— Opa, a senhora tá ai!— O que o senhor faz aqui?— É o dia de eu vir, então eu vim.— Dia de vir?— É o que dizem.— Dizem? Quem dizem?— Muitas pessoas.— Aqui na minha casa? Veio ver o Beto? — Em várias casas, na verdade.— Quem é o senhor?—... Continuar Lendo →