Deixei tudo acontecer, bem assim como devia ser... Olhando o céu como criança, mirando as estrelas como poeta, amava as árvores como pássaros, e sentia o vento como viajante... Impossivelmente... o Amor chegou: caminhos recém molhados, uma calma quente, flores vermelhas. Longe música de ontem misturou-se ao cristal de sua voz! Ah! Nenhuma distância entre... Continuar Lendo →
um lugar só seu
Abriu a porta e parou na soleira. Mãe do céu! Que furacão passou aqui... Fani ficou ali, inerte por segundos, a ouvir os ruídos que vinham da cozinha: o ranger da porta do armário, o tilintar das panelas, o chiar da água dentro delas, o cicio do fósforo riscado. Um pontapé fechou a porta, enquanto... Continuar Lendo →
(sem título) – Fheluany Nogueira
e as fadas se entendem com os grilos e vaga-lumes, falam às pedras; mas eu, perdida em contradições, vestida de malhas, calçada de galochas, escovando os cabelos, tomando posições, me enveneno de angústias... gostaria de estar entre as fadas e me permitir tirar os sapatos. deitada no chão sorriria para a magia, falaria com as... Continuar Lendo →
A ladra em mim – (Fheluany Nogueira)
Meus olhos descreveram círculos e varreram as paredes, até que pousaram no Jesus da folhinha a me vigiar o dia todo, intemporal, indesgastável. Eu não tinha o corpo fixado na eternidade como ele; eu envelhecia. Na comparação, esqueci que a folhinha era para ser usada como calendário, ver as datas. Esta finalidade havia se perdido...... Continuar Lendo →
Torrente Alimentada – Fheluany Nogueira
A chama salta e começa o doce-fogo. Inútil ter pressa. Outros rostos mal delineados em minha volta, Também euforia, passivos expectadores. Não pôde nunca se explicar como tão pequeno recipiente possa iluminar com tanta intensidade baça. Pego a garrafa que lança chamas em todas direções. Elas vão formando uma torrente sempre alimentada. As águas de... Continuar Lendo →
Acrílica sobre Tela – Fheluany Nogueira
Não quero me adiantar. Tenho que começar do começo e deixar que os acontecimentos falem por si mesmos. Não os enfeitar, distorcê-los, nem contar mentiras. Avançar passo a passo, lenta e cautelosamente. Por onde começar? O agenciador perguntou-lhe como estava indo a pintura: — Não está indo... — Não se atrase. Estamos às vésperas da... Continuar Lendo →
aos 7, 14, 21… (Fheluany Nogueira)
Mário não estava em casa. Coisa que a incomodou. Ao mesmo tempo, sentiu alívio, coisa que a incomodou mais ainda. Aí ouviu a mensagem na secretária eletrônica: meu bem, continuo às voltas com “você sabe quem”. Agora o publicitário dela quer que eu fique para tirar mais fotos — e ensine a modelo a segurar... Continuar Lendo →
Epifania – Fheluany Nogueira – (desafio)
Um estranho (apenas de cuecas), no seu sofá da sala, bebendo sua cerveja, assistindo futebol pela sua tevê?!! Com esforço e olhos esbugalhados, ele conseguiu perguntar: — Cadê minha mulher? — Está na cozinha preparando um tira gosto — (Mostrava uma naturalidade desconcertante). Foi conferir: a mulher de roupão, cortava queijo em cubos e dispunha-os... Continuar Lendo →
Cartas na Mesa – Fheluany Nogueira – (desafio)
A única luz, difusa e fraca vinha das cortinas entreabertas. — Está dormindo? — O marido sentou-se em um lado da cama. Fechou os olhos por um instante, deixando-se impregnar pelo odor ácido que o corpo dela exalava. Ele pegou a mão direita da esposa, enfrentando um olhar de indiferença. A ideia de que aquela criatura... Continuar Lendo →
…a tempo – Fheluany Nogueira
Estou só, só, só, só, só. Só. Estou só. Nem um bicho para me acompanhar. Desejo que apareça uma daquelas aranhas que quase sempre aparecem por aqui. A gente vê de repente, leva susto, mas tem uma companhia. Fico adiando a morte dela só para ter uma presença. E mato, mesmo porque não tenho outro... Continuar Lendo →
O confronto entre a menina e o bicho (Fheluany Nogueira)
Só diante do bicho a menina fica livre da timidez. É. Algumas pequenas fugas e o bicho para. É uma lagartixa. Não, muito grande para lagartixa. Ou um lagarto? Pequeno também para lagarto. A menina e a lagartixa esperando o ataque. Um desafio ou uma contemplação? Para a lagartixa a menina é uma... Continuar Lendo →
Reflexos (Fheluany Nogueira)
A obsessão na busca pela beleza acaba por levar a jovem à morte.
Tatá na Jaquaribe – 20 (Márcia Maria Anaga) – Para Inspirar
Tatá na Jaquaribe - 20 (Márcia Maria Anaga) No encontro com a equipe multifuncional, composta por médicos, cardiologista, nefrologista e geriatra, assistente social e psicóloga, a família mensurou o grau da evolução da doença do avô. Naquela linguagem única de médico, depois de muito tentarem apaziguar o impacto do comunicado pelas palavras, o... Continuar Lendo →
O Caminho é o Caminhar (Fheluany Nogueira)
— Acredito em Carma, mãe! Carma é física, ação e reação. Aceitar tudo como um fardo imutável? Isso não. Se nada muda, mudo eu! — Eu acredito, sim, no destino. É lógico, sem confundi-lo com pachorra ou acomodação. Nada acontece por acaso. Tudo é uma questão de estar na hora e no lugar certo. Coincidências,... Continuar Lendo →
Resultado Difícil de Prever (Fheluany Nogueira)
O que quer que tivesse esperado viver naquela noite escura e fria em que saíra de casa de pijama, não era aquilo. — Para o Shopping! — a mesma voz que me chamou dizendo que ele e o amigo estavam voltando do restaurante para casa. Nove horas de uma noite chuvosa. Como assim? Agora... Continuar Lendo →
Amiga, de verdade! – Fheluany Nogueira
— Eee turmaa!! Voocêexxx goostaam meexxxmo doo meuuu jeito, hein?!!! – Elisa entrou no Mormaai Surf Bar, com segurança e carisma peculiares. Sentia-se candanga verdadeira, de peito e raça, como se fosse uma pioneira na construção da capital, um símbolo da força do país... A engenheira, vinda de uma família numerosa, optou por não... Continuar Lendo →
Desforra do Bibelô – Fheluany Nogueira
Desforra do Bibelô A primeira vez que estive com D foi em circunstâncias até agora não muito bem esclarecidas. Um choque descobrir que estava sendo observada quando acreditava estar só. Alguém me chamou com voz macia, filtrada destacou-se do grupo e começou a dizer: - É Sara? É Sara? — pegou-me pelo braço, espanto.... Continuar Lendo →
O Lugar Certo (Fheluany Nogueira)
O Lugar Certo — Não vou! — parei na porta, disse com um pouco de calma e muita psicologia. Dei alguns passos para frente, estaquei e repeti: — Não vou! —fiquei nesse vou e não vou, reprisando a lastimável cena algumas vezes. Notei que em minha volta perdiam a paciência e... Continuar Lendo →
Fada Madrinha (Fheluany Nogueira)
Fada Madrinha — Nara, Nara Lúcia! Não acredito! Há quanto tempo... — uma voz máscula se aproximava. Olhando com mais atenção ela percebeu que já conhecia aquele homem, os traços eram familiares, o andar, os cabelos, os olhos. — Raul! O que faz aqui? — o rosto da mulher se alargou em um sorriso... Continuar Lendo →
Paladar do Amor (Fheluany Nogueira)
Paladar do Amor Um homem quer uma mulher. O homem é forte. É forçoso que a mulher ceda? A vida é um jogo. Quem dá as cartas? Déa olhou para a janela. Gosto de maio, doce gosto, gosto e torpor. Maria, noivas, mães... Tudo vige e freme, maio é denso, determinado, personalista, faz acreditar na natureza, no imponderável... Havia... Continuar Lendo →