Essência.A vida, ruas e labirintos e minha alma púrpura, correndo em algum lugar, dentro de mim, sangue e lágrima e o fogo, suave.Alegrias e tragédias tantas, e já um outro eu, perdido entre tantos eufóricos encontros e dolorosas despedidas.Sonhando uma breve felicidade eternizada nos muitos (des)caminhos, uma magia qualquer, que torne temporário o lamento do... Continuar Lendo →
Silêncio – Renata Rothstein (Desafio Desejo de Ano Novo)
O copo vazio flutua despedidas, num canto da sala.Ausências tão presentes.A árvore de Natal. Presentes.Eu. Ainda presente, perdida na minha futura-ausência-talvez-sentida por alguém, pressinto no invisível sutilezas de um tudo que virá, enquanto o mundo gira sem parar, no tique-taque do antigo relógio de parede, marcado pela passagem do tempo.Cicatrizes. As do relógio. As minhas.Ele... Continuar Lendo →
Mea Culpa (Renata Rothstein)
O sino da igreja deu as seis badaladas. Acordei e levantei, já era hora.Calcei minhas pesadas botas de couro. Gastas, de um preto acinzentado pelo tempo: chuva, geada, terra e a água do rio, que diuturnamente corroíam aquelas que diga-se de passagem, eram minhas únicas companhias nos últimos tempos.Olhei para o velho fogão de ferro... Continuar Lendo →
Lua Cheia (Renata Rothstein)
1851 Naquele outono de 1851, Samira e Tobias casaram-se às escondidas, tendo como testemunhas o céu, as estrelas e a lua. Amavam-se de verdade, corpo e alma, desde o primeiro instante em que se viram. Tobias Feijó era um forasteiro, viera dos lados do sul para fazer a vida em Santana de Matapi. Samira era... Continuar Lendo →
Março. Mês da Mulher. E todos contra a violência. – (Renata Rothstein)
(Renata Rothstein) De: Helena Assunção Para: Pastor Edilson Pastor, Sua bênção. Levei tanto tempo para escrever por simplesmente não encontrar uma forma até de iniciar tudo o que preciso falar, por esperança de que tudo pudesse melhorar e até por comodismo mesmo, provavelmente. Escrevo cada linha chorando e com muita vergonha também. Tentarei ser breve... Continuar Lendo →
Chove (Renata Rothstein)
Chove E eu, que já não sei chorar Deságuo desato e derramo Nas ruas de cetim, o sonho Último, escasso, quase laço No fim, eu sei, melhor assim Canções ao breu. E eu? Luar Parte é perda, parte é ganhar Parto - calo, e violo as regras E cega, mutilo, sigo as setas Todo inverso,... Continuar Lendo →
Última palavra (Renata Rothstein)
A palavra última Silencioso apelo O sangue rubro No chão desfolhado E a primeira vez Desaba um céu torto Violada hora e sei Descortinado o véu E a última palavra É vaga, incompleta Exagero, erro, eu Uma versão inversa Morta, imersa em caos Vã revolta, inócua Maltrata e esmaga Sibila sem pressa Olhos no invisível... Continuar Lendo →
Feliciano Teixeira (Renata Rothstein)
Detestável amigo, Há tanto tempo não te vejo, primeiramente quero falar do prazer imenso que é, não ter notícias tuas. É péssimo. Trata-se a carta que não segue de um relato sobre fatos que jamais existiram, mas que por isso mesmo não considero descartáveis, ao contrário dos fatos e circunstâncias acontecidos que, estes sim, merecem... Continuar Lendo →
Audaces fortuna juvat (Renata Rothstein) – Desafio Contos
(Renata Rothstein, Desafio) Antes que o despertador tocasse já estava acordado, olhando o teto. Iniciava aquele dia com ânimo novo. Entusiasmado, até: um misto de ansiedade, euforia... um pouco de medo, talvez. Havia tempo que cansara das privações, da vida difícil, de trabalhar anos a fio sem reconhecimento ou chance de crescimento, sem retorno. Aí,... Continuar Lendo →
Celestino Vieira – Renata Rothstein
Acordou, corpo cansado e dolorido, sobre o papelão sujo que fazia de cama, nas ruas. Dia quente, fim de setembro. Primeiro pensamento: “foda-se tudo” - sorriu, triste e determinado. Já nasceu causando desgosto. Celestino Vieira, preto e favelado, filho de pai desconhecido e estuprador, um peso nos ombros da mãe. Era o que ouvia... Continuar Lendo →
Iberê – Renata Rothstein
Mais um dia chegava ao fim, naquele distante Brasil. Tão distante, quanto belo e sofrido. Na terra das chuvas o pouco era sempre muito, pra bem, ou pra mal.Misto de cor, dor e beleza, que fugia a qualquer compreensão. Até mesmo os destinos, mais que noutro lugar qualquer, pareciam seguir um roteiro escrito por mãos sábias e um... Continuar Lendo →
Luz e Sombra – Renata Rothstein
Terras de Ythisi, século VII D.C. Yanna caminhava resoluta pela encosta íngreme rumo ao cemitério de Tagar, sentindo o vento frio e cortante, tão frio e cortante quanto aqueles últimos tempos, feitos de surpresas e responsabilidades impostas, para as quais não havia se preparado. Continuou a subir a montanha cada vez mais rápido, e... Continuar Lendo →
Para Inspirar: Maternidade (Kátia Muniz)
Quando uma mulher diz que optou por não ser mãe, eu respeito a escolha e não estendo o assunto com questionamentos ou ponderações. Nem todas nasceram para a maternidade. Carregamos o potencial de gerarmos a vida, mas nem sempre se tem a vocação. Porém, a opção pela “não maternidade” deve ser pensada e repensada para... Continuar Lendo →
Luz (Renata Rothstein)
Caminho. Meu passo - tão invisível quanto solene sela sua autoridade na manhã que nasce, explosão de cores e esperanças.A porta a ponte o muro e o mundo abrem seus ansiosos olhos, e pouco a pouco exigem, permutam falaciosos sonhos banhados no ouro perdido do que já foi - e embora exaurida estendo minhas mãos... Continuar Lendo →
Magali Batista, Magá (Renata Rothstein)
A vida bolorenta nas vielas de barro e cheirando a chorume continuava, como sempre, a mesma merda, depois da morte de Julinho Esmola. Miséria chama miséria e a necessidade de pobre é aquela coisa - nunca tem fim. Quando depois de trinta meses de trabalho, bico, aperta aqui e esse mês paga-se a água, no... Continuar Lendo →
Vinte e nove de julho (Renata Rothstein)
Acordou decidida, naquele vinte e nove de julho. Ninguém mais ia guiar seus passos, indicar o caminho, como se fosse comandada por um general invisível, ou eletrônico, uma espécie de GPS dos infernos que só aparecia para deformar seus pensamentos, seus antigos planos, seu sonho de viver. Viver. Verbo tão vasto, que já se transformara... Continuar Lendo →
A Puta Pobre (Renata Rothstein)
Ela existia. Existia e só sabia disso porque sentia, de vez em quando, bofetões e algumas varadas que a faziam urrar, detestando o próprio corpo, o copo de cachaça barata, o bafo dos homens nojentos, hipócritas e mal-amados. Incapazes de conseguir uma mulher para trepar por vontade, iam ali, pagar pouco do pouco dinheiro bandido... Continuar Lendo →
Presenças – Renata Rothstein
Vitória Fernandes <vitoriafernandes@yahoo.com.br> Para Doutor Pedro Caro Doutor Pedro, Conforme o combinado, aqui vai o resumo do meu inferno em vida, na instituição para pessoas de pino frouxo em que minha amada família tão prontamente me enfurnou. . Bom, confesso que poderia ser pior, como daquela vez que fiquei pelas ruas. Ali eu quase consegui... Continuar Lendo →
Feliz Ano Novo! (Renata Rothstein)
Feliz 2018! E então chega o primeiro dia de um novo ano: novinho, leve e transparente como Thêmides, em preparação para o grande momento do esplendor. Tudo novo, de novo... E eu, que sempre pensei que só tivesse mesmo que jogar fora o calendário do ano passado e começar a utilizar o desse ano, fico... Continuar Lendo →
Júlio César (Renata Rothstein)
O tempo quase parado no ar cinzento fazia voltas em torno de sua mente confusa e estranha, sempre fazendo Júlio questionar se ele existia, de fato. Tudo o que ele conseguia lembrar era muito pouco. O suficiente para aumentar seu sofrimento e a vontade frustrada de acabar de vez com aquele suplício, que vinha de... Continuar Lendo →