Take away – Elisa Ribeiro
Redonda, coberta por um Marde mozarela derretidaa pizza-caravelanavegaà terra firme dos encontrosentre amigos.
Sorve(r)te – Elisa Ribeiro
A tarde escorrendocaldasecos, os lábios trememum estalo: a língua nos dentesa nuvem-creme deslizaarco-íris no céuda bocaescorregao sorvete, às entranhas.
Farinha – Elisa Ribeiro
Amansa a massa com a mãoalisatransforma em pão o que antes foi grãodepois farinha.Junta as palavras buscando a liga precisa.Poesia não mata fomemas inspira.
Prece – Elisa Ribeiro
Antes que os olhos abramo café desperta as narinas— bom-diaa língua saliva— há de ser, há de sero corpo responde num saltoas mãos postas na xícara.
Imagens do Amor – Fheluany Nogueira
Deixei tudo acontecer, bem assim como devia ser... Olhando o céu como criança, mirando as estrelas como poeta, amava as árvores como pássaros, e sentia o vento como viajante... Impossivelmente... o Amor chegou: caminhos recém molhados, uma calma quente, flores vermelhas. Longe música de ontem misturou-se ao cristal de sua voz! Ah! Nenhuma distância entre... Continuar Lendo →
(sem título) – Fheluany Nogueira
e as fadas se entendem com os grilos e vaga-lumes, falam às pedras; mas eu, perdida em contradições, vestida de malhas, calçada de galochas, escovando os cabelos, tomando posições, me enveneno de angústias... gostaria de estar entre as fadas e me permitir tirar os sapatos. deitada no chão sorriria para a magia, falaria com as... Continuar Lendo →
Asas de Vidro – Evelyn Postali
Nota: Chorinea amazon é uma borboleta cujas asas são transparentes. A imagem que ilustra essa publicação foi construída a partir de filtros de forma e cor sobre a fotografia de uma borboleta Amazon angel. Elas são encantadoras por si só, por serem borboletas e não apenas pela transparência de suas asas. A borboleta eu fotografei... Continuar Lendo →
Toda água – Elisa Ribeiro
Cavaste um poço em mim e deleembora secoiçaste um óleo que sobre meus olhos-lentefez brilhar dourada a tarde a meio e pressurosa E desse poço agora brota o impulsoa dança sinuosa e o saltoa pirueta líquidaa borboleta esguia que evapora [Inversão antideterminística dos polos: o que era pouco e frágil e vagose fez potênciae não... Continuar Lendo →
Experimentos poéticos – Paula Giannini
Experimentos poéticos de Paula Giannini
Torrente Alimentada – Fheluany Nogueira
A chama salta e começa o doce-fogo. Inútil ter pressa. Outros rostos mal delineados em minha volta, Também euforia, passivos expectadores. Não pôde nunca se explicar como tão pequeno recipiente possa iluminar com tanta intensidade baça. Pego a garrafa que lança chamas em todas direções. Elas vão formando uma torrente sempre alimentada. As águas de... Continuar Lendo →
Vômito – Fernanda Caleffi Barbetta
VômitoSentinojoquando dissetudo o que quisdizer,gritando,tudo o que queriaque euouvisse.Nojo,não das palavras,mas da suaboca,como se o asco residisseem quemvomitae não na comidaregurgitada.
Ponto G, de Gineceu – Sabrina Dalbelo
* Poema visual que integra o volume toda-mulher-vaga-lume, obra conjunta do Coletivo Contistas, selecionado para publicação pela Editora Urutau, pelo selo Hecatombe. O livro está em pré-venda e precisa do seu apoio para se tornar uma realidade: Apoie o projeto em https://benfeitoria.com/contistas
Vestígio – Elisa Ribeiro
VESTÍGIO Penetra a trama do meu vestidodesfaz o liso dos meus cabelosqualquer brecha é caminhoarrepia-me os pelos. Sibila nos meus ouvidosdelícias que eu não entendocerra meus olhos, prefiroalongue-se e seja lento. Dança comigo, aproveitameu corpo servil ao seu ritmopor um tempo até que a chama se extingasem deixar qualquer vestígioao sopro do próximo vento. (*)... Continuar Lendo →
Sem Saída – Fernanda Caleffi Barbetta
Construi uma casacom todas as janelas paradentro,do banheiro via a salado quarto via a cozinha.Não deixei portas para oexteriorpara que ninguém entrasse,e eu não conseguia sair também.De fora,faziam buracos nos tijolos,que eu tapava,apressada, ansiosa, nervosa.Hoje, quebrei as paredesinternasaté derrubar a que davapara fora.Mas a rua estavadeserta.
Tropeço – Elisa Ribeiro
Porque olhava adiantenão no espaço — o chão abaixo,o imediato à frente —mas no tempo o mundo transfigurado as dores próprias e as dele que ainda não sabia, mas que viriam e a névoa que lhe embaçaria... Continuar Lendo →
As portas do inferno se abrem à meia-noite (Sabrina Dalbelo)
Uma criança sem religião definida reza para um santo sem rosto, sem nome, sem caráter de pai. A realização de um pedido tem força de milagre e a criança sem bíblia sabe agradecer. A cruz de alguém que deu a vida por todos está por toda parte. Mas a guia de contas coloridas não passa... Continuar Lendo →
O lixão do abutre. O lixão da Rute. (Sabrina Dalbelo)
Na terra acinzentada onde o abutre se alimenta e depois defeca, onde o resto é despejado, a menina Rute brinca, corre pra todo lado. Lá, para onde algo que alguém não quis mais é transportado. Lá, no fedor, na lama, no chorume, onde adubo é revirado, onde o homem pisa, cata e vende até o... Continuar Lendo →
Tempo e espaço – Fernanda Caleffi Barbetta
Há espaços por entre as fendas do tempo,onde derramo, em cada vão, os meus instantes.Horas errantes a preencher todo Espaço,no vai-e-vem que torna o hoje como dantes. Será vão o tempo à espera de seus versos.Há de ser urgente o voo aguardado, jamais previsto.Que as asas sustentem o peso doce das palavrasSerão menos leves os... Continuar Lendo →
Mosaico – Amana
Tenho sorrido após as lágrimas Tenho chorado depois do riso forçado Muitos pedaços de mim estão perdidos Ou talvez só adormecidos Cansados esgotados Seria bom contabilizar quantos cacos? Qual é a forma do mosaico que hoje eu carrego? (27 set 2020) Esse poema é dedicado a todos os que não conseguiram juntar seus cacos... Continuar Lendo →