Este ano vou comer muitos doces. E telefonar todos os dias para os meus filhos. Para o meus pais. Vou aprender a nadar. E a dançar. Este é o ano para ficar bonita. Então, vou comprar um suéter. E vou usar. Vou viajar para um lugar bem frio só para poder usar o suéter. Mudar... Continuar Lendo →
exercício de distanciamento – sabrina dalbelo
distanciamento. esse é um belo exercício, e não falo aqui de distanciamento entre as pessoas, mas das expectativas delas em relação à uma ação. é entender que a gente age conforme nossos princípios, aprendizados, vivências e que, ao provocar uma reação exasperada no outro (que esperava algo totalmente diferente de nós), o foco não está... Continuar Lendo →
(Um)A Rosa – Paula Giannini
UmA Rosa Meio-dia. Sobre a mesa do restaurante, na praça, o gelo derrete no copo de suco. Ao lado deste - do copo -, o prato, a fome e a pressa, dispostos simetricamente, não mascaram o foco dos olhos, que mudam rapidamente para o outro canto, o da própria mesa. O da própria mão, a... Continuar Lendo →
Estou indo embora – Fernanda Caleffi Barbetta
O habitual beijo, aguardado nos lábios, foi desviado para a testa, e aquele gesto, após os demais que a vinham inquietando, pareceu-lhe o derradeiro. Desfez o bico seco e o observou alcançar a escada, os pés pesados ganhando os degraus, a calça desbotada, os sapatos precisando de graxa. Suspeitou que aquele fosse o dia em... Continuar Lendo →
Sopa Paraguaia – Paula Giannini
Ingredientes 2/3 de copo (250 ml) de óleo 2 Cebolas médias em fatias finas 2 Ovos levemente batidos 500 ml de leite 250 g de Flocão de Milho Colher rasa (de sopa) de fermento em pó Xícaras de queijo picado em cubos (minas ou meia cura) Queijo ralado (parmesão) Sal e pimenta do reino a... Continuar Lendo →
Café com canela – de Paula Giannini
Ingredientes1 colher (chá) canela1 xícara de açúcar demerara Café Era cor de ouro. O céu de fim de tarde lambendo as mesas, o silêncio momentâneo do mundo às seis prometendo algo que há tempos desconhecia. Alento. Paz. Um algo qualquer que calasse aquela mão que se enfiara em seu peito e que se fechara crispando... Continuar Lendo →
De vento, farinha e água – de Paula Giannini
Primeiro movimento Depois O senhor pode se sentar... É assim que eu vou falar... O senhor fique à vontade que aqui a casa é simples, mas é um coração de mãe. Não... Ele vai perguntar cadê a mãe. Mãe? Cadê? Todo o santo dia as gêmeas me perguntam. Cadê a mãe? E eu sei? Não... Continuar Lendo →
Gênese – de Paula Giannini e Amauri Ernani
10... Silêncio. 9... Naquele ano não haveria fogos, tampouco explosões. 8... Cachorros dormiam tranquilos e crianças corriam entre os adultos com balões de Led em formato de coração... 7... 6... 5... No céu, projeções em laser. Paz, amor, solidariedade, esperança. E saúde, a palavra que todos desejavam. Por que ninguém pensara nisso antes? Uma dança... Continuar Lendo →
Desencontro II – de Sandra Godinho
Desencontro II Tim tim. Foi assim que tudo começou. Um jantar a dois. Tête-à-tête. Mão-na-mão. O amor dando o tom, o substantivo e o verbo. Ao fundo, um conjunto qualquer tocava MPB e os garçons dançavam pelas mesas com taças de champanha. Ou assim eu registrei, nada como ter na cabeça olhos míopes, vinhos baratos... Continuar Lendo →
Finalmente, protagonista! – Amana
Quando Beto avisou que tinha comprado as passagens, uma para mim e outra para ele, por um momento, um segundo, fiquei feliz como criança. Poderia ir com o rapaz para a Bahia? Sim, poderia. Não sou jovem? Sou. Não tenho o mundo todo pela frente? Claro, a casa dos trinta estava longe de acabar. Mas... Continuar Lendo →
No trem da poesia – Anorkinda Neide
A proposta de uma viagem de trem nada convencional… Um sarau em trilhos de ferro, animação e poesia, música e festa. Personagens desenrolam suas tramas, pelo cenário sempre em mudança. O destino? Seguir sempre. Aos poetas passageiros não lhes interessa o desembarque, mas apreciar a paisagem…E um divertido romance surpreendeu e agitou aquele expresso! Capítulo... Continuar Lendo →
Última palavra (Renata Rothstein)
A palavra última Silencioso apelo O sangue rubro No chão desfolhado E a primeira vez Desaba um céu torto Violada hora e sei Descortinado o véu E a última palavra É vaga, incompleta Exagero, erro, eu Uma versão inversa Morta, imersa em caos Vã revolta, inócua Maltrata e esmaga Sibila sem pressa Olhos no invisível... Continuar Lendo →
#vidasnegrasimportam – Sandra Godinho
#VidasNegrasImportam
ALTER EGO primeira parte – Iolandinha Pinheiro
Cheguei caminhando à minha casa. Acabara de levar uma forte pancada na cabeça e estava zonzo, mas exatamente por causa da pancada, não conseguia lembrar de como aquilo havia acontecido. Aliás, lembrava muito pouco sobre qualquer coisa, mas tinha certeza de que morava ali, não apenas porque havia reconhecido aquela fachada, mas também porque quando... Continuar Lendo →
Acrílica sobre Tela – Fheluany Nogueira
Não quero me adiantar. Tenho que começar do começo e deixar que os acontecimentos falem por si mesmos. Não os enfeitar, distorcê-los, nem contar mentiras. Avançar passo a passo, lenta e cautelosamente. Por onde começar? O agenciador perguntou-lhe como estava indo a pintura: — Não está indo... — Não se atrase. Estamos às vésperas da... Continuar Lendo →
Idiota – Giselle Fiorini Bohn
Ela fica dias e dias remoendo ressentimentos e rancores e repassando tudo o que vai dizer. Ele tem que saber o que ela sente, o quanto sofre, o quão terrível é seu descaso. E ela pensa e pensa e anda pela casa falando sozinha o dia inteiro e quando a noite chega ela não dorme... Continuar Lendo →
Notícias do limbo – Catarina Cunha
Querido amor, Trago notícias do limbo. Aqui não faz sol e nem chuva, frio ou calor. Os dias são iguais às noites assim como estas letras simétricas. Peço, desde já, desculpas pela forma sonolenta do relato, mas outra forma não haveria como chegar aos teus olhos, quiçá ao coração. Gostaria imensamente que recebesse esta... Continuar Lendo →
Infecção A Cura – Paula Giannini
Infecção A Cura Avast, Norton, Windows, malware, antivírus. Defender. A palavra funcionava nas duas línguas. Defender. E vírus também. Blindou o celular. Serviço completo. Agora era passar álcool em gel, colocar capa no aparelho. E em si. Capa, máscara, luvas, tudo o que tinha direito. Desinfetar. Limpar. Higienizar. Sanitizar. Era assim que se dizia no... Continuar Lendo →
Vingança e paixão – Capitulo 1 – Priscila Pereira
A primeira coisa que Júlia viu, ao entrar na igreja de braço dado com o pai, foi a cabeleira ruiva de seu futuro marido. Agradeceu pelo véu que cobria seu rosto e ocultava sua expressão de surpresa. Via o patriarca espiando, tentando descobrir o que pensava. “Como ele pôde escolher um homem ruivo?”, quase deixou... Continuar Lendo →
A Fábrica de Sonhos – Anorkinda Neide
A Fábrica de Sonhos Está fechada. Inimaginável, diziam alguns, os mais otimistas, que foram pêgos de surpresa diante do cancelamento das atividades de sua principal produtora de matéria-prima. E agora? Como ser feliz sem sonhos?Eles, os otimistas, não conseguiram se conformar. Como que do dia para a noite, numa breve distração e num piscar de... Continuar Lendo →