Vamos aos resultados do primeiro desafio do ano de 2023? Foram onze textos inscritos, todos dentro do tema proposto, todos dignos deste coletivo maravilhoso. As participantes fizeram seus comentários amorosos e respeitosos, citaram pontos positivos, falaram sobre suas experiências durante a leitura e sugeriram, quando julgaram necessário, alguns pontos de melhoria. Ou seja, mandamos muito... Continuar Lendo →
Silêncio – Renata Rothstein (Desafio Desejo de Ano Novo)
O copo vazio flutua despedidas, num canto da sala.Ausências tão presentes.A árvore de Natal. Presentes.Eu. Ainda presente, perdida na minha futura-ausência-talvez-sentida por alguém, pressinto no invisível sutilezas de um tudo que virá, enquanto o mundo gira sem parar, no tique-taque do antigo relógio de parede, marcado pela passagem do tempo.Cicatrizes. As do relógio. As minhas.Ele... Continuar Lendo →
Se um viajante em uma noite de verão – Paula Giannini – Desafio Desejo de Ano Novo
Este ano vou comer muitos doces. E telefonar todos os dias para os meus filhos. Para o meus pais. Vou aprender a nadar. E a dançar. Este é o ano para ficar bonita. Então, vou comprar um suéter. E vou usar. Vou viajar para um lugar bem frio só para poder usar o suéter. Mudar... Continuar Lendo →
Desejos extremos – Fernanda Caleffi Barbetta (Desafio Desejo de Ano Novo)
Carmem surpreende o marido remexendo a gaveta das camisetas. — O que foi? Procurando a listrada? Acabei de tirar da máquina. — A lâmpada, achei que tivesse colocado aqui. — As lâmpadas ficam na despensa, naquela caixa transparente. Por que teria uma lâmpada aí? Coloca o cesto de roupas limpas sobre a cama. — Não,... Continuar Lendo →
Take away – Elisa Ribeiro
Redonda, coberta por um Marde mozarela derretidaa pizza-caravelanavegaà terra firme dos encontrosentre amigos.
ENCONTRO MARCADO – (desafio) – Claudia Angst
Observa os gestos, o modo como ele inclina o corpo enquanto acende outro cigarro. Sente uma curiosidade desconcertante por aqueles olhos que desconhecem fronteiras. Ele apenas olha, impaciente, sem conseguir camuflar a voracidade de predador. Olha. Insistentemente, salivando intenções. O xale desliza pelos ombros, descobrindo os seios. A nudez embranquece a cena criada, espalhando pontos... Continuar Lendo →
Resistência (Renata Rothstein) – desafio
Perdida, outra vez, nesse meio tempo meio descaminho, outra vida, quase morte. Ressurrecta. E era teu, o único e necessário carinho. Permitido, até .E um quase eu, torto, sorri, pisoteando imaginárias nuvens violáceas, um resto triste de sonhos, tão nítido quanto fugaz. É doloroso esperar., ante a desesperança.Ultrapassado, o ultrajante futuro cospe meu nome num... Continuar Lendo →
Em voo – Paula Giannini
Enquanto em queda Livre Não ela Mas o buraco que se lhe abre em boca A dor é tamanha É tanta Que não ousa gritar que é quase O instante que já No baque de dentes prontos Momento derradeiro O fundo do asfalto O poço seco por que tanto anseia Meu desafio: Escrever... Continuar Lendo →
Luz e Sombra – Renata Rothstein
Terras de Ythisi, século VII D.C. Yanna caminhava resoluta pela encosta íngreme rumo ao cemitério de Tagar, sentindo o vento frio e cortante, tão frio e cortante quanto aqueles últimos tempos, feitos de surpresas e responsabilidades impostas, para as quais não havia se preparado. Continuou a subir a montanha cada vez mais rápido, e... Continuar Lendo →
Doença de Família – Sabrina Dalbelo
Primeiro lugar no vestibular na Faculdade de Medicina da USP 2007. Grande mérito, resultado de igual dose de responsabilidade. Isabela Alonso entrava na faculdade como a melhor da turma e logo se tornaria a preferida do professor de anatomia, Ricardo Pádua, um reconhecido médico paulista. As investidas, após as aulas práticas sobre o sistema cardiovascular,... Continuar Lendo →
Pulso – Evelyn Postali
Como chegara àquela encruzilhada? Com a arma em punho apontada para Max, ouviu a própria respiração enquanto o pulso tremeu de leve ao experimentar o peso da pistola. Aquele seria o momento propício para romper a linha tênue entre o que já vivera e a estrada desconhecida que se abria adiante? Era assim, num estalo,... Continuar Lendo →
O Caminho é o Caminhar (Fheluany Nogueira)
— Acredito em Carma, mãe! Carma é física, ação e reação. Aceitar tudo como um fardo imutável? Isso não. Se nada muda, mudo eu! — Eu acredito, sim, no destino. É lógico, sem confundi-lo com pachorra ou acomodação. Nada acontece por acaso. Tudo é uma questão de estar na hora e no lugar certo. Coincidências,... Continuar Lendo →
Viver Duas Vezes – Ana Maria Monteiro
O passaporte para a liberdade é não teres nada a perder. Nessa situação, depressa compreenderás que, na pior das hipóteses, ficas na mesma. Foi o que me sucedeu – a mim e a eles. Quando morri, assim de repente sem nem eu esperar, fiquei muito espantada por continuar a pensar e a sentir, percebi que... Continuar Lendo →
Cravos vermelhos – Sabrina Dalbelo
Eu a conheci quando tínhamos apenas nove anos. Éramos crianças inocentes e não tínhamos a menor noção do que o destino nos reservava. Ela tinha um cheiro de cravo. Eu amo cravo até hoje por isso. Ela e seu cabelo vermelho, radiante, de andar apressado e pouco assunto. Ela queria mais era brincar, pular e... Continuar Lendo →
Musa – Paula Giannini
Existe uma teoria que suspeita o universo como uma bolha. Não o meu, não apenas, mas todos. Sim, outros, pois que para esta suposição, há tantos mundos no cosmos quanto bolhas em uma garrafa de espumante. Para ela, a tal teoria, meu universo, nada mais é que uma destas incomensuráveis e frágeis bolinhas, vagando errática,... Continuar Lendo →
As Folhas de Alumúria – Iolandinha Pinheiro.
Anna Lúcia sabia que era adotada. Descobriu sozinha olhando os velhos álbuns com capa de ursinho na parte de cima do armário. Ao contrário dos irmãos mais velhos, não havia fotos da sua mãe grávida dela, ou foto sua ainda bebê. Não bastasse este fato, sempre se sentiu deslocada na família, na escola, no mundo.... Continuar Lendo →
A Árvore Que Emoldurava A Lua – Evelyn Postali
Felixiana morava numa casinha no pé do morro da Benedita, beijando o céu, perto do córrego do Boca. Um lugar nada propício para alguém que viajava o mundo nas páginas dos livros juntados no lixão. Livros jogados fora, cujas imagens encantavam e conseguiam movimentar aquela vida mínima quando a roubavam da cama feita de estacas... Continuar Lendo →
E O PALHAÇO O QUE É? – Claudia Roberta Angst
Parecia sina ou alguma artimanha mal ajustada do destino. Os minutos começaram a desabar como uma sequência de peças de dominó, produzindo um triste, mas preciso espetáculo. − Aqui há desesperos de todos os tons. Tia Leninha tentava sorrir para não afligir ainda mais o pai que se debruçava sobre o leito onde jazia Diana.... Continuar Lendo →
Em Segurança – Catarina Cunha
Ruas limpas, com árvores frondosas, emolduram casas coloridas. Em algum lugar o fugidio aroma de torta fresca corre entre as janelas. Pássaros, indiferentes, constroem ninhos. Uma criança passa de bicicleta acenando para o grande cão sonolento, enquanto o gato se alonga na grama fresca. Gotículas cintilam nas folhas da exuberante horta. A mulher acaricia o... Continuar Lendo →
Back to home – Evelyn Postali
Bichinhos de pelúcia. Caixinha de música. Livrinho de histórias. Ela cresce até fazer-se carne e osso, até ganhar altura, até marejar os olhos pela primeira vez. É um choro de vida de contagem regressiva, ali: começo, meio e fim. Dela, não se pode escapar, nem fingir estar em outro lugar, apesar de querer. É... Continuar Lendo →