Sussurrou que lá de longe…
Sei lá eu onde isso fica!
Veio assim, não sei de onde
Carregando gente bem forte
Carrega caminhão carrega barco
Carrega até vaca e o mais que vier
Ventinho vindo tão ágil e ligeiro
Para ver quem voa primeiro
Ele às vezes carrega mulher
Mulher braba e encrenqueira
Que o sujeito já ‘num’ quer
Está já a dona Serafina livre
De todo e qualquer perigo
O chato do Bastos, seu marido
Vento sem tempo e sem idade
Leva embora o chapéu do doutor
E essa agora, distinto amigo
Segura a saia, dona Maria!
Só não viu foi quem não olhou
Mas concorde comigo, lhe digo
O mesmo vento que destrói
É o mesmo que traz as “flor”!
O mundo girando ao relento
Eu só por só querer ser só
Girando e girando com o vento
Ligeiro vento ligeiro mesmo
É o vento ventando verdade
Durando apenas um momento
Venha sempre de onde vier
Só não diga que vai embora
Sem que eu diga o que é que é!
Lentos somos nós no mundo
E por isso eu sigo cantando
Só não canta quem não quer
Eu canto acompanho o vento
Não desisto insisto e tento
Portanto já estou na estrada
Assim que mal clareia o dia
Me leva p’ra onde ele vai
Me leva pra onde ele quer
A minha vida é a montaria
E eu sigo é com a minha fé!
Renata Rothstein