"há pontos de luzno céu dos seus olhosa iluminação reflete nos meusinsólitosquando te vejoinsisto em acender fogueirasà luz das estrelasno desertofurtivo olharcomo paciência de pérolavindo à tona do fundodo mundo" Publicado pela Penalux, em novembro de 2020.Composto em Sabon LT Std, impresso em papel pólen soft 80 g/m².Edição de França & Gorj.Editoração eletrônica de Karina... Continuar Lendo →
Tropeço – Elisa Ribeiro
Porque olhava adiantenão no espaço — o chão abaixo,o imediato à frente —mas no tempo o mundo transfigurado as dores próprias e as dele que ainda não sabia, mas que viriam e a névoa que lhe embaçaria... Continuar Lendo →
As portas do inferno se abrem à meia-noite (Sabrina Dalbelo)
Uma criança sem religião definida reza para um santo sem rosto, sem nome, sem caráter de pai. A realização de um pedido tem força de milagre e a criança sem bíblia sabe agradecer. A cruz de alguém que deu a vida por todos está por toda parte. Mas a guia de contas coloridas não passa... Continuar Lendo →
O tempo que o tempo tem* (Amana)
O tempo que o tempo tem é o tempo de um sorriso, do leve movimento dos lábios até se abrir por inteiro como o desabrochar de uma flor. O tempo que o tempo tem É um tempo só dele, não adianta tentar fazer de conta que não percebemos sua contagem Ele brinca, ah, esse tempo,... Continuar Lendo →
O lixão do abutre. O lixão da Rute. (Sabrina Dalbelo)
Na terra acinzentada onde o abutre se alimenta e depois defeca, onde o resto é despejado, a menina Rute brinca, corre pra todo lado. Lá, para onde algo que alguém não quis mais é transportado. Lá, no fedor, na lama, no chorume, onde adubo é revirado, onde o homem pisa, cata e vende até o... Continuar Lendo →
Resenha: Todo mundo adora Saturno, de Fal Azevedo – por Amana
A prosa da Fal eu já conhecia desde antes do Orkut. Da época dos blogs, não sei se alguém se lembra. Os blogs já vinham desde antes, mas a febre mesmo foi entre 2000 e 2001. O meu primeiro se chamou "Roteiro Adaptado". Por quê? A minha filosofia era a seguinte: a vida era isso,... Continuar Lendo →
Tempo e espaço – Fernanda Caleffi Barbetta
Há espaços por entre as fendas do tempo,onde derramo, em cada vão, os meus instantes.Horas errantes a preencher todo Espaço,no vai-e-vem que torna o hoje como dantes. Será vão o tempo à espera de seus versos.Há de ser urgente o voo aguardado, jamais previsto.Que as asas sustentem o peso doce das palavrasSerão menos leves os... Continuar Lendo →
Mosaico – Amana
Tenho sorrido após as lágrimas Tenho chorado depois do riso forçado Muitos pedaços de mim estão perdidos Ou talvez só adormecidos Cansados esgotados Seria bom contabilizar quantos cacos? Qual é a forma do mosaico que hoje eu carrego? (27 set 2020) Esse poema é dedicado a todos os que não conseguiram juntar seus cacos... Continuar Lendo →
Meio-dia, em Brasília (Elisa Ribeiro)
Quero-queros passeiam como se nada se passasseatenta aos meus passos, circundo os ninhosnão quero que pese sobre meus ombrosa culpa pelos ovos partidos. Ante os coletivos que circulam solitáriosvejo brotar marmitas em esquinas que não existem(cada um sobrevive como pode)nenhum carro paraeu, a pé, hesito em correr o risco— o dinheiro, o cartão, o toque,... Continuar Lendo →
a maior metáfora fui eu (Sabrina Dalbelo)
Ao vivo e, ao evocar os meus demônios, eu ofertarei meus medos, meus filhos e meu saco de moedas. Não posso te prometer um final luxuoso, nem aplausos, mas te darei meu nome e tudo o que dele fizeram. Não tenho lembranças nem crenças. As verdades, as abandonei todas. Trilhei um caminho torto e indigno... Continuar Lendo →
A poesia do outro (Fernanda Caleffi Barbetta)
Não vejo graça em ler o que escrevo.Gostoso é pousar os olhos nos escritos do outro.Igual comida que a gente mesmo faz,não tem sabor,falta tempero.O problema é que ler o outroàs vezes me dá gastura.Quando a coisa é boa mesmodá uma sensação amarga de desejar ter escrito aquiloe não poder mais.Plágio é crime.Outro dia, pedi... Continuar Lendo →
Em Praga, um cisne (Elisa Ribeiro)
Branco é o animal ferido,as asas de anjo encolhidas,prostrado no asfalto frio.Seu parceiro de uma vida,o coração partido,desliza sozinho no rio. Isso, o amor desfeitoantes do anjo caído,intriga o turistaque escorrega pelas ruas da cidadetambém sozinho,em despedida. Pensa em salvá-lo— tão alvo, tão liso —com aquele bico indefinidose de tédio, maldade ou riso.Mas vai molhar... Continuar Lendo →
Desejo – Fernanda Caleffi Barbetta
Postou-se ao meu lado,a respiração acelerada, ansiosa.Desejava que eu lhe notassea presença,que eu erguesse a cabeçae lhe encarasse os olhos,lhe fitasse os lábios.Mas retive minha atençãoaos seus sapatos,que, pouco a pouco,se afastaram,deixando para trása respiração acelerada, ansiosa,que talvez fosse minha desde o início.Ignorando o desejo,que talvez fosse somente meu,de que me notasse eme encarasse os... Continuar Lendo →
Varal de Lembranças (Soneto e Conto) – Iolandinha Pinheiro
Ao longo desta tarde, uma vida passaE leva junto lembranças de um diaum dia de vento, vento que embaraçaos loiros cabelos da noiva que sorriaAo longo desta tarde, a anciã recordase lembra e se perde entre passado e fantasiasobre o colo, no tecido que ela bordaas imagens daquilo o que viveu um diaLá fora... Continuar Lendo →
Prólogo a um epílogo – Ana Maria Monteiro
Nadam nos teus olhos peixes azuis E há neles um profundo imenso. Olhos oceânicos em pequenos globos onde os peixes azuis deslizam no impulso de movimentos imperceptíveis. Mergulho nesse olhar, fico una a ele diluída eu em tudo e tudo em mim. Há memórias imprecisas, vagas noções de quem sou - um peixe azul... Continuar Lendo →
Da água que rega o corpo – Sabrina Dalbelo
Envolto a um coração amargurado em que não brota nada, como solo árido, constante e frívolo, o corpo vagueia como zumbi sem destino. Coração seco não dá pernas firmes para o sujeito. Coração duro abatuma sentimento. Vê-se um corpo sem semente, em que não brota nada. Lá no solo do sertão, dizem, não brota nada... Continuar Lendo →
Noite de estreia – Elisa Ribeiro
Nenhuma vontade de sair do sofá, Entretanto, não havia como escapar. Conforme tacitamente previsto no trato (Esperava que um dia virasse um contrato) Se não fosse, alguém ocuparia seu lugar. Banho quente para dar coragem Xampu e oração: que os cabelos assentassem Vestido bem justo. Vermelho, a cor Sapato que na certa causaria dor Pretinho... Continuar Lendo →