Amassa que faz o trigo p´ra massa que molda o pão I a pizza I na benção da mesa farta a arte faz-se oração Amassa, quem faz o trigo. p´ra massa, a molda, o pão. em benção, a mesa farta é arte. e é oração
Farinha – Elisa Ribeiro
Amansa a massa com a mãoalisatransforma em pão o que antes foi grãodepois farinha.Junta as palavras buscando a liga precisa.Poesia não mata fomemas inspira.
Rastros de Saudades – Escritora Convidada – Albaniza Ivanovichi
Rastros de Saudades Dirás que foi um sonho o que sentiste O que senti nada mais doce que um sonho Restou do sonho uma saudade leve Tão leve que já nem punge. Um dia braços trêmulos e um abraço mais trêmulo Lábios vazios e um beijo aconteciam Teve o beijo a vida de um minuto... Continuar Lendo →
Asas de Vidro – Evelyn Postali
Nota: Chorinea amazon é uma borboleta cujas asas são transparentes. A imagem que ilustra essa publicação foi construída a partir de filtros de forma e cor sobre a fotografia de uma borboleta Amazon angel. Elas são encantadoras por si só, por serem borboletas e não apenas pela transparência de suas asas. A borboleta eu fotografei... Continuar Lendo →
Experimentos poéticos – Paula Giannini
Experimentos poéticos de Paula Giannini
Vômito – Fernanda Caleffi Barbetta
VômitoSentinojoquando dissetudo o que quisdizer,gritando,tudo o que queriaque euouvisse.Nojo,não das palavras,mas da suaboca,como se o asco residisseem quemvomitae não na comidaregurgitada.
Probleminha – Amana
Um gosto um tanto mórbido pela Matemática. Vivia entre números, racionais e irracionais. Apoteose? Não, sambar mesmo era na hipotenusa. A máscara da Bháskara sempre lhe coubera bem. Os ângulos? Para os agudos nada, para os rasos, quase tudo. Quase, dependia do grau de interesse. A menina nutria um amor tangente (ou pungente?) pelo professor... Continuar Lendo →
Sem Saída – Fernanda Caleffi Barbetta
Construi uma casacom todas as janelas paradentro,do banheiro via a salado quarto via a cozinha.Não deixei portas para oexteriorpara que ninguém entrasse,e eu não conseguia sair também.De fora,faziam buracos nos tijolos,que eu tapava,apressada, ansiosa, nervosa.Hoje, quebrei as paredesinternasaté derrubar a que davapara fora.Mas a rua estavadeserta.
Vidro (Amana)
Abraçou o irmão, abraçou o pai. A mãe garantiu: haveria outras vezes, sempre que quisesse. A menina entrou no carro se agarrando a essa promessa. Do banco do carro acenou, sensação de algo se partindo, e não era o vidro da janela. Talvez um frágil bibelô. Homem e menino então foram sumindo, mais e mais... Continuar Lendo →
Rasga-Ossos (Resenha) – livro de Sabrina Dalbelo, por Evelyn Postali
"há pontos de luzno céu dos seus olhosa iluminação reflete nos meusinsólitosquando te vejoinsisto em acender fogueirasà luz das estrelasno desertofurtivo olharcomo paciência de pérolavindo à tona do fundodo mundo" Publicado pela Penalux, em novembro de 2020.Composto em Sabon LT Std, impresso em papel pólen soft 80 g/m².Edição de França & Gorj.Editoração eletrônica de Karina... Continuar Lendo →
Tropeço – Elisa Ribeiro
Porque olhava adiantenão no espaço — o chão abaixo,o imediato à frente —mas no tempo o mundo transfigurado as dores próprias e as dele que ainda não sabia, mas que viriam e a névoa que lhe embaçaria... Continuar Lendo →
As portas do inferno se abrem à meia-noite (Sabrina Dalbelo)
Uma criança sem religião definida reza para um santo sem rosto, sem nome, sem caráter de pai. A realização de um pedido tem força de milagre e a criança sem bíblia sabe agradecer. A cruz de alguém que deu a vida por todos está por toda parte. Mas a guia de contas coloridas não passa... Continuar Lendo →
O tempo que o tempo tem* (Amana)
O tempo que o tempo tem é o tempo de um sorriso, do leve movimento dos lábios até se abrir por inteiro como o desabrochar de uma flor. O tempo que o tempo tem É um tempo só dele, não adianta tentar fazer de conta que não percebemos sua contagem Ele brinca, ah, esse tempo,... Continuar Lendo →
O lixão do abutre. O lixão da Rute. (Sabrina Dalbelo)
Na terra acinzentada onde o abutre se alimenta e depois defeca, onde o resto é despejado, a menina Rute brinca, corre pra todo lado. Lá, para onde algo que alguém não quis mais é transportado. Lá, no fedor, na lama, no chorume, onde adubo é revirado, onde o homem pisa, cata e vende até o... Continuar Lendo →
Resenha: Todo mundo adora Saturno, de Fal Azevedo – por Amana
A prosa da Fal eu já conhecia desde antes do Orkut. Da época dos blogs, não sei se alguém se lembra. Os blogs já vinham desde antes, mas a febre mesmo foi entre 2000 e 2001. O meu primeiro se chamou "Roteiro Adaptado". Por quê? A minha filosofia era a seguinte: a vida era isso,... Continuar Lendo →
Tempo e espaço – Fernanda Caleffi Barbetta
Há espaços por entre as fendas do tempo,onde derramo, em cada vão, os meus instantes.Horas errantes a preencher todo Espaço,no vai-e-vem que torna o hoje como dantes. Será vão o tempo à espera de seus versos.Há de ser urgente o voo aguardado, jamais previsto.Que as asas sustentem o peso doce das palavrasSerão menos leves os... Continuar Lendo →
Mosaico – Amana
Tenho sorrido após as lágrimas Tenho chorado depois do riso forçado Muitos pedaços de mim estão perdidos Ou talvez só adormecidos Cansados esgotados Seria bom contabilizar quantos cacos? Qual é a forma do mosaico que hoje eu carrego? (27 set 2020) Esse poema é dedicado a todos os que não conseguiram juntar seus cacos... Continuar Lendo →
Meio-dia, em Brasília (Elisa Ribeiro)
Quero-queros passeiam como se nada se passasseatenta aos meus passos, circundo os ninhosnão quero que pese sobre meus ombrosa culpa pelos ovos partidos. Ante os coletivos que circulam solitáriosvejo brotar marmitas em esquinas que não existem(cada um sobrevive como pode)nenhum carro paraeu, a pé, hesito em correr o risco— o dinheiro, o cartão, o toque,... Continuar Lendo →
a maior metáfora fui eu (Sabrina Dalbelo)
Ao vivo e, ao evocar os meus demônios, eu ofertarei meus medos, meus filhos e meu saco de moedas. Não posso te prometer um final luxuoso, nem aplausos, mas te darei meu nome e tudo o que dele fizeram. Não tenho lembranças nem crenças. As verdades, as abandonei todas. Trilhei um caminho torto e indigno... Continuar Lendo →
A poesia do outro (Fernanda Caleffi Barbetta)
Não vejo graça em ler o que escrevo.Gostoso é pousar os olhos nos escritos do outro.Igual comida que a gente mesmo faz,não tem sabor,falta tempero.O problema é que ler o outroàs vezes me dá gastura.Quando a coisa é boa mesmodá uma sensação amarga de desejar ter escrito aquiloe não poder mais.Plágio é crime.Outro dia, pedi... Continuar Lendo →