Homenagem ao desafio Elementais – Neusa Fontolan

“Vem, linda boneca! Bela neneca! Querida minha!

  Leve é o vento e leve é a pluma da andorinha.

  La embaixo sob a montanha, ao sol brilhando,

  À luz da lua, na soleira já esperando,

  Minha linda senhora está, filha da mulher do rio,

  Mais clara do que a água, esbelta qual ramo esguio.”

— Ei! – gritou “Diana”, fechando o livro com tudo e levantando-se do gramado onde estava deitada e lendo. – Estes versos são do livro O Senhor dos Anéis! – encarou o homenzinho que parou de saltitar pelo bosque para atender.

— E daí? Tom Bombadil não se incomoda! E nem “(A) Outra”. A bela filha das águas. E tudo que está em livros pertence “A Arca das Palavras”.

— Você conhece o Tom? – a menina perguntou e reparou nas roupas do pequeno ser. Chapéu gasto com uma longa pena azul, casaco azul e longas botas amarelas. – Você não é ele, é?

— Claro que não sou ele! Tom Bombadil é bem maior do que eu, e sim, eu conheço o Tom.

— Que legal! E “A Doce Ondina”? É tão linda como dizem?

— Ela não é uma ondina, é a Senhora das chuvas.

— Tanto faz! “Somos um círculo, dentro de um círculo”, todos nós. Ela é linda como os versos dizem?

— Eu não conheço ela, é exatamente isso que estou querendo fazer. Estou a caminho para conhecê-la.

Diana sentiu um Flesch como a “Luz de mil lâmpadas”, essa era “Uma história apenas começando”. Tinha que saber mais.

— Você conhece o caminho? Onde encontrá-la?

— Mais ou menos… vou encontrar “Sal & Amanda”, eles sabem onde é a parada do trem que vai para “Dandelions”, é onde a linda senhora vive com Tom. Mas só vamos pegar o trem se não estiver lotado de “Passageiras”. Nesta época do ano elas ficam eufóricas para embarcar no trem. Acho que na primavera todos querem amar.

— Mas… e se o trem estiver lotado?

— Nós aguardamos o próximo.

Diana sentiu o cheiro de aventura no ar e fez “O Pedido”.

— Posso ir com você?

— Você não é muito criança para sair por aí sozinha?

— Eu não sou criança! – disse, indignada. – Vou completar doze anos o mês que vem. E não vou sozinha, vou com você.

O gnomo que nada entendia de contagem das idades dos humanos, deu de ombros e pensou, esse pode ser o começo de mais “Uma História de Amizade”. Olhou para a garota e falou levantando um braço.

— “De frente… enfrente!” – vamos pegar “O Trem dos Apaixonados”.

Este é o fim ou o começo de mais um conto de fadas.