Não hoje.
Não este ano.
Chega de tia que passa o Natal rezando e na noite de réveillon despeja toda sua ira e preconceito falando mal das pessoas. Chega do primo homofóbico. Chega do avô que só acredita em Fake News. Chega do pai que repassa corrente de WhatsApp e acha que tudo é teoria da conspiração.
Esse ano serei a ovelha negra, esse ano serei o alvo das piadas pelas costas.
Pego o carro e vou rumo contrário a casa dos parentes. Chego ao bangalô que aluguei com antecedência, pego meu livro favorito, abro o espumante e relaxo.
Feliz.
Silêncio.
Paz.
Ao longe ouço os foguetes que anunciam o ano novo.
Um recomeço. Uma esperança… agora tudo voltará aos eixos, tudo será menos dolorido.
Assim espero…

Lindo, curto, objetivo e tão parecido com as festas em nossas famílias. Nos últimos tempos minha mãe tem chamado menos gente, e isso elimina muitas das chateações que os inconvenientes proporcionam. Este ano ia passar em casa com meu filho e meu cachorro, mas a minha prima pediu para eu ir ao ap dela e cuidar dos cachorros e gatos dela. Fui. Foi bacana, meu cachorrinho é amigo deles e era farra o tempo todo, mas no fim eu e Gabriel estávamos dois trapos. Parabéns pelo conto muito bem escrito e sorte no desafio.
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Curto, preciso, bem escrito e verdadeiro. Talvez esta seja a realidade da maioria das famílias. A obrigação do convívio nem sempre desejado, principalmente nestas épocas do ano. Gostei bastante do texto e achei o título uma ótima sacada. Virada do ano, virada de mesa. Boa.
Posso estar enganada, mas em todas as vezes que usou “este ano” ou “esse ano” acredito que o correto seria “neste ano”.
“rumo contrário a casa” – no rumo contrário à casa.
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O silêncio é uma benção em determinados momentos. O silêncio e a solidão nem sempre andam de mãos dadas, mas nesse caso, é um par perfeito. Entendo muito bem o sentimento expresso nas palavras, aí. Realmente, a virada desse ano é sinônimo de esperança.
Parabéns pelo texto.
Abraço!
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Um texto curto, muito bem escrito, que revela uma imensidão de sentimentos, todos eles muito familiares (no sentido literal da palavra). Quando o ditado “antes só do que mal acompanhado” ganha um novo sentido, nada festivo. Mas quem pode se conceder o título de perfeito? Ninguém, e assim é em todas as famílias, uns chatos, outros inoportunos, mas no fim, dá pra tolerar aqui e se fazer de surdo ali. Ou não.
Parabéns pela solitária, mas impactante participação.
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Gostei muito do seu texto. Falou tudo em poucas linhas!
É a arte que imita a vida e me reconheci muito nesta “ovelha negra”. Acho que essa é realmente a “virada”, parar de aceitar o inaceitável, aguentar pessoas e relações tóxicas, recusar-se a estar em situações que não são legais para si mesmo é conhecer-se e respeitar-se. Adorei!
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Querida colega contista,
Gostei muito do seu texto pela exploração de um distanciamento necessário!
Durante a leitura fiquei pensando, apenas, que algumas construções comuns como “ovelha negra” e “voltar aos eixos” poderiam ser repensadas!
Abraços,
Amanda
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As festas de fim de ano tem esse aspecto de obrigatoriedade de que trata seu conto: cumprir rituais, estar com as pessoas, sentir-se feliz, etc. É preciso muita determinação para escapar delas, o que sua personagem conseguiu. O seu texto é curto, direto e bem escrito, mas eu senti falta de saber um pouco mais de sua personagem. Sobretudo por causa da penúltima oração do seu conto: tudo será menos dolorido. Feliz Ano, querida contista. Beijos
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Olá,
Esse é o meu desejo todos os anos novos! Hahaha
O desejo da verdade para si mesma, do contrafluxo, do contra-reunião-mala-porque-obrigatória-de-família.
Nada mais irritante do que comemorar porque alguém disse que se deve, de verbalizar desejos vazios para cunhados distantes, tios chatos e avôs grosseiros.
Eu quero ser a personagem do teu conto.
Obrigada por falar por mim!
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Querida Contista,
Feliz 2023.
Este conto até parece a continuidade do meu no ano passado. Só que agora, ao invés de se acostumar, a personagem resolve dar um basta às coisas que parecem tão fora de tom nas festas de final de ano.
Narrativa curta, com certa acidez (o que é ótimo) e uma voz na primeira pessoa e no presente. Gosto muito de narrativas no presente, parece que se desenrolam enquanto lemos.
Concordo com a Amanda quanto aos termos desgastados, mas, a narrativa também fala de algo desgastado, que são algumas relações um tanto envenenadas, mesmo em família. Parece que repetimos padrões na vida, não é?
Parabéns pelo belo texto.
Beijos
Paula Giannini
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Querida Contista,
Feliz 2023!
Curto,direto ao ponto, primeira pessoa – a busca pela paz (que assim seja).
Muito bem escrito. Amei!
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