Relicário – Evelyn Postali

Créditos da imagem: Evelyn Postali RELICÁRIO Da caixa retirada do armário, saltam fotografias amareladas. Coisas que o passado constrói com tempo e só resgatamos quando os espaços se abarrotam e se sobressaem e o tempo vazio aliado à ansiedade quer aliviar-se de incômoda sensação em limpezas imprevistas. Dessa caixa, entre rostos amarelados e lugares esquecidos... Continuar Lendo →

Não beba seu coquetel

Querido Papai Noel, Comecei e apaguei esta cartinha muitas vezes. Não sei mais escrever cartinhas. Menos ainda ao Pai Natal. Como é que a gente faz? Vai-se pedindo de uma vez o que se deseja? Ou devemos fazer uma introdução educada? Como vai você? Espero que bem, com saúde e rodeado de amor, esse artigo... Continuar Lendo →

O Pássaro Mágico – Evelyn Postali

Descendo as trilhas da Cordilheira com Ramirez, Pedro refletia sobre as histórias que ouvira desde a infância. Os antigos contavam que o pássaro mágico, mensageiro dos deuses e guardião da floresta, transcendeu os limites do mundano. Seu canto conectava reinos espirituais e terrenos, sendo uma ponte entre o visível e o invisível, entre a realidade... Continuar Lendo →

A morte não tem olhos azuis (Amanda Kristensen)

Ainda noite passada, assisti ao filme Encontro Marcado, com Brad Pitt e Claire Forlani. Era domingo à noite. Não me lembro se eu havia acabado de finalizar a correção de algumas provas, ou se há muito já estava deitada no sofá; algumas provas fazem dormir. A chuva prosseguia sem rédeas, invadindo de sono o pensamento... Continuar Lendo →

Palavra (Renata Rothstein)

Meias verdades, mentiras inteiras, e quase sempre o agora já é muito tarde, perdido nas decisões contidas, reféns de um (des)acordo triste. Desigual. Álibi inventado, irreal. Horas contadas no antes tanto - transmutado, um transe tão doloroso quanto interminável e o então pouco tempo torna-se muito, tão extenso e infinito espaço, estrada afora. Lá fora... Continuar Lendo →

Paraíso.com – Iolandinha Pinheiro

120. Este era o número. Pedro não conseguia atinar o porquê deste número não sair de sua cabeça. Uma pressão sistólica de 120 é normal, mas ter 120 batidas no coração por minuto é preocupante, 120 anos é uma idade raramente atingida, e 120 centímetros é a altura limite para crianças poderem andar nas rodas... Continuar Lendo →

Fragmentos de nós dois – Evelyn Postali

FRAGMENTOS DE NÓS DOIS Florianópolis, 13 de junho de 1989.(...)Por que não vem para cá? Já faz tanto tempo.Tenho estudado muito.Meus amigos tentam me levar para as festas, mas estou me sentindo pouco sociável. Tenho lido muito e evitado as saídas.  Fotografo tudo que se move. Estou pondo em prática o que aprendi. A fotografia... Continuar Lendo →

– Aquela Frase – Iolandinha Pinheiro

Não conseguia parar de sonhar com a Dona Maria Isabel depois daquele dia dos professores fatídico quando encontraram aquela frase horrorosa riscada no quadro da sala de aula dela.Professora novata, nem no frescor da juventude, nem no crepúsculo da fertilidade, não possuía nada de destaque que chamasse a atenção no seu corpo além das coxas... Continuar Lendo →

Só-Renata Rothstein

Transitório Azul profundo Ex-sonhos A ilusória (Im)permanência Tempo Ao tempo - e em volta Tanto dentro de mim O antissuperficial afasta-arrasta Dezesseis outonos Só me deixe Lições que não aprendi porque não quis. Por quê? Sigo - tropeço & levanto (tento) Meu disfarce é ser eu mesma Num espelho ao contrário Mas talvez Já não... Continuar Lendo →

CADEIRA DO DIABO – Juliana Calafange

Aqui nesse beco foi onde o Diabo se sentou para descansar. Descansar da vida no inferno, que é muito dura. Sem pausas para recreio. No inferno não há cadeiras para sentar. É preciso estar de pé, sempre. No inferno é tudo muito seco e quente, não há deleite, nem doce, nem bebida refrescante. No inferno... Continuar Lendo →

O pó do tempo – Paula Giannini

Abro a gaveta... Deve ser a centésima, a milésima. Caixas de papelão, arquivos, sacos plásticos amarrados cheios de coisas que julgamos que, um dia, serão úteis. Um dia mexeremos ali e organizaremos nossos documentos, nossas vidas, nosso caos de inutilidades tão úteis (apenas) para nós. Mas não. A gente não mexe ali. Aquelas coisas ficam... Continuar Lendo →

Saudade do inverno – Elisa Ribeiro

A caminho do restaurante, dia de carne, porque em casa não ouso mais que vegetais e congelados, observo pelo colorido que a propaganda na parada foi trocada. Mais um festival de verão: Cascais, Oeiras, SuperBock, EDP, NOS, não importa. O vento é o de sempre, esse ano a temperatura segue branda em prolongamento à primavera,... Continuar Lendo →

RENOVAÇÃO – Juliana Calafange

Nascida na capital da província, Akili fora para a aldeia ainda moça, para se casar com o filho do soba[1] local. Ao longo de trinta anos foi esposa dedicada, teve três meninos saudáveis e fez-se útil à sua comunidade, ajudando na lavra e também ensinando o português para as crianças, pois a maioria na aldeia... Continuar Lendo →

Pedaços de Asas

Com ‘Pedaços de Asas’, coletivo literário As Contistas integra a coleção ‘Quem dera o sangue’ pela segunda vez Selecionado entre 485 originais, o livro será lançado ainda neste ano pelo selo Hecatombe, da Editora Urutau. Em ‘Pedaços de Asas’, treze integrantes do coletivo usam prosa e verso para retratar o ser mulher em suas especificidades... Continuar Lendo →

Alma Púrpura

Essência.A vida, ruas e labirintos e minha alma púrpura, correndo em algum lugar, dentro de mim, sangue e lágrima e o fogo, suave.Alegrias e tragédias tantas, e já um outro eu, perdido entre tantos eufóricos encontros e dolorosas despedidas.Sonhando uma breve felicidade eternizada nos muitos (des)caminhos, uma magia qualquer, que torne temporário o lamento do... Continuar Lendo →

O frio é psicológico – Elisa Ribeiro

Faz frio. Não tanto quanto ontem e provavelmente menos do que daqui a dois dias quando está prevista a chegada de uma frente fria daquelas. Aqui em Lisboa é inverno. Faz frio, mas o tema encomendado dessa crônica é o verão e eu, bom soldado, caço na memória um kairós* qualquer que possa render uma... Continuar Lendo →

Resultado Desafio Desejo de Ano Novo

Vamos aos resultados do primeiro desafio do ano de 2023? Foram onze textos inscritos, todos dentro do tema proposto, todos dignos deste coletivo maravilhoso. As participantes fizeram seus comentários amorosos e respeitosos, citaram pontos positivos, falaram sobre suas experiências durante a leitura e sugeriram, quando julgaram necessário, alguns pontos de melhoria. Ou seja, mandamos muito... Continuar Lendo →

Silêncio – Renata Rothstein (Desafio Desejo de Ano Novo)

O copo vazio flutua despedidas, num canto da sala.Ausências tão presentes.A árvore de Natal. Presentes.Eu. Ainda presente, perdida na minha futura-ausência-talvez-sentida por alguém, pressinto no invisível sutilezas de um tudo que virá, enquanto o mundo gira sem parar, no tique-taque do antigo relógio de parede, marcado pela passagem do tempo.Cicatrizes. As do relógio. As minhas.Ele... Continuar Lendo →

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