“há pontos de luz
no céu dos seus olhos
a iluminação reflete nos meus
insólitos
quando te vejo
insisto em acender fogueiras
à luz das estrelas
no deserto
furtivo olhar
como paciência de pérola
vindo à tona do fundo
do mundo“
Publicado pela Penalux, em novembro de 2020.
Composto em Sabon LT Std, impresso em papel pólen soft 80 g/m².
Edição de França & Gorj.
Editoração eletrônica de Karina Tenório.
Rrevisão de Marcelo Adifa e Maya Falks.
Iilustrações de Evelyn Postali.
Ao me deparar com os poemas-quase-não-poemas de Sabrina Dalbelo, estanquei. A estranheza veio de imediato através da linguagem, pela escolha do vocabulário, pela organização dos conjuntos frasais. Palavras duras, contemporâneas, de uma força estranha e contundente que, ao se juntarem, socavam-me o estômago. Um nocaute direto.
Sabrina, ao compor seus poemas, nos remete a um universo de antagonismos, alegorias, paradoxos, antíteses. Ela nos conduz pelo cotidiano, essa nossa vida diária, nem sempre amena, romântica, encantada; antes, cruel, racional, de um tombo, um resvalo no que nos cala, engasga, consome. E vai além dele. Tresloucada poesia de quase abstração.
Na análise feita por mim, depois do primeiro impacto, das sensações advindas do primeiro encontro, percebi o quão perspicaz, o quão imerso no contexto atual, os escritos de Sabrina estão. E, desse ponto, pude confirmar a complexidade da Poesia como meio expressivo. Ela está aí, tão carne e osso, tão músculo e coração, tão viva e atroz a nos pegar pela mão dizendo: vem! É assim mesmo, essa vida que você carrega; esse amor que te rasga o peito, que despedaça e fortalece.
Diante da força das palavras, impossível interpretar em desenho senão com traços crus, com figuras fantasmagóricas, até, para compor esse universo de signos e significados.
Ilustrações são entendimentos, expressões imagéticas que traduzem os sentimentos emergidos da leitura. Assim foi que compus os cinco desenhos. As construções desse livro não me remetem apenas ao cotidiano pura e simplesmente. São porções mundanas, envolvendo sonhos e especulações. Não é apenas uma realidade dura, despida de sensibilidade. Nessas construções eu encontro pedaços de humanidade, essa coisa de ser humano, de ser passível de transformações, de quedas e ascensão.
Ligações entre o simbólico, o enigmático, o imaginário feminino e simbioses cotidianas, em um misto de sentimentos. Para mim, existem interligações sutis entre os textos, imperceptíveis às vezes, como ecos diminutos. Coisas para um apurado leitor. Entrelaçamentos entre o alento da sensibilidade e a brutalidade da vida desnuda e cruciante.
Dito isso, só posso, como sobreaviso, desejar uma caminhada atenta às entrelinhas para mergulhar nas estruturas poéticas construídas nesse livro.
Uau! Louquinha para ler! Parabéns pela instigante resenha, Evelyn! Beijos para as duas escritoras.
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Gratidão pelo carinho. Beijos!
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Fatima querida,
Vamos combinar pra eu te enviar! Beijos
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Evelyn,
Desde o primeiro retorno que tu me deu da tua leitura de rasga-ossos, eu percebi que talvez tu foi a pessoa que mergulhou mais profundamente nesse enredo da vida (e suas entranhas) que eu imaginei e poetizei.
Eu tenho de te agradecer por ter aceito o desafio de expor as tuas sensações por meio das imagens e por ter acrescido tanto significado ao que escrevi.
Além disso, agradeço esse depoimento-resenha, com direito à explicação sobre teu processo criativo (todo mundo tem curiosidade sobre isso!), que recebo como um presente.
Obrigada!
Um beijo!
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Nesse caso, o processo criativo está mais do que ligado aos poemas. Pela primeira vez eu consegui um resultado diferenciado, não apenas interpretação da leitura, mas além. É sentimento. Obrigada pela confiança. Desejo sucesso.
Beijos e abraços carinhosos.
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Aquela resenha sobre uma obra de arte que é, ela mesma, uma obra de arte! Reveladora e misteriosa em partes iguais! Se eu já queria ler, agora preciso! Parabéns às duas, resenhista e resenhada!
Beijos!
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Obrigada pelo carinho, Giselle! Abraços carinhosos.
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Querida Giselle,
Temos que resolver isso hahahahhaha!
Beijos
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Eu amo a sua visão que vai além. Para mim é sempre difícil analisar textos poéticos, porque, na tentativa, queremos compreender o que foi a intenção do autor em cada uma daquelas mensagens em forma de versos. E nem sempre alcançamos o verdadeiro sentido, o sentido imaginado.
Sim, a poesia permite muito mais interpretações do que a prosa, justamente porque utiliza uma linguagem mais oblíqua, menos sondável, e existe também o filtro de quem lê. Para pessoas que têm uma menor capacidade de mergulhar nesta linguagem, causa realmente estranheza. Nada que afaste a capacidade de admirar o que se lê, ainda que o sentido seja restrito na compreensão, mas amplo nas interpretações. É aí que entra você, minha querida, vc e o seu olhar de raio x que vai além da superfície, e por isso a excelente escolha da Sabrina em selecionar você como resenhista.
Sensacional. Beijos.
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Obg, Iolandinha. Você é sempre muito generosa comigo. O desafio de ilustrar algo tão diferente me fez ter a certeza de que através da arte podemos ir além, mais a fundo nas construções que um texto, seja em prosa ou poesia, nos faz mergulhar.
Beijos e abraços carinhoso.
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Amei as ilustrações.
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Obrigada novamente.
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Sabrina, parabéns, O seu Rasga – Ossos é unanimidade.
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Iolandinha, querida, se é unanimidade eu não sei, mas o resultado ficou muito bonito, ainda mais do que imaginei.
Obrigada! 💜❤💚
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Nossa, que beleza esta resenha. Com palavras fortes, descrições ricas e muita sensibilidade vc me fez ter ainda mais vontade de ler este último livro da Sabrina. E que beleza as suas ilustrações. Parabéns,
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Gratidão pela leitura, Fernanda. Você é sempre generosa e gentil. Abraços carinhosos.
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Querida Evelyn,
Que linda homenagem ao trabalho da colega, da amiga, da Contista. Que lindo saber de seu processo de trabalho em desenhos tão lindos.
Parabéns.
Beijos
Paula Giannini
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Um livro diferente. Com muita carga imagética. Gratidão pela leitura e comentário gentil. Beijos!
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Adorei, Evelyn! Beijos
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Olá Evelyn. Gostei demais do fechamento da sua resenha. Acompanhei de certa forma algumas etapas da maturação desse projeto da Sabrina porque fiz duas leituras intermediárias do texto e concordo muito com esse seu comentário de que a leitura do livro requer imersão e atenção às estruturas e aos subtextos para melhor desfrutá-lo e apreende-lo em toda sua abrangência e profundidade. Parabéns pela resenha e sobretudo pelas ilustrações surpreendentes e arrojadas. Feliz 2021. Beijos carinhosos.
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Gratidão pela leitura e comentário, Elisa. Abraços carinhosos.
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Olá, Evelyn!
No Rasga-Ossos, vi um congraçamento de ideias e imagens que superaram as expectativas. Sabrina mergulha no caos humano e no seu cotidiano e sua interpretação deu vida a versos carregados de entendimentos nem sem explícitos, por vezes sutis, do ser humano. Combinação perfeita que só poderia resultar num belo trabalho como esse!
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Gratidão, Sandra. Desenhar é algo prazeroso desde muito. Poder interpretar através do desenho exige um mergulho diferente. Estou satisfeita com o resultado dessa incursão e preparada para possíveis novos desafios nessa estrada. Abraços carinhosos.
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