Recompensa – Claudia Roberta Angst

Sem certezas, sem promessas, sem quase forças, ela virou-se na cama. Era agora a hora de parar de sonhar? Momento de levantar e começar a chorar? Diante de tantas portas trancadas, sempre lhe restava a atitude de arrombar e invadir. Para isso, não precisaria de convite ou tapete vermelho, apenas da sua tão temida ousadia.

Debruçou coragem e força sobre os obstáculos enfileirados na sua memória. Nada lhe parecia tão intransponível assim. A menos que os seus sentimentos fossem outros ou se a lua tivesse alterado os planos mais uma vez. Se as marés surgissem ao contrário, derramando-se em retirada. Enquanto houvesse luz, haveria também sombras. E perspectivas em tons pesados a esperar sua reação.

Alana percebia-se iluminada por uma esperança qualquer, produzindo regiões escuras, projetando suas manchas enegrecidas pelo temor. Nada mais do que todas as ausências davam origem aos mesmos passos em direção tão oposta ao antes determinado.

Acabou adormecendo novamente, na esperança de que a noite levasse qualquer decisão para um futuro mais distante. Desejava que tudo estivesse pronto quando enfim o amanhã chegasse. Seria outra etapa, talvez uma nova escolha, um outro amanhecer de promessas.

Por fim, abriu os olhos, pesados de ilusões. Amassou lençol e planos enquanto despertava para mais uma interrogação. Esticar os músculos parecia mais fácil do que estender o tempo. Nem mesmo sabia para que tanta pressa lhe servia, já que certeza de nada possuía.

Estranhou a porta do quarto aberta. A cena parecia um tanto forçada, um arrombo de invasivo otimismo. Para que serviriam agora os seus planos? Passagens inúteis para o vão de novos acontecimentos? Aonde lhe levaria o que só lhe despertava indiferença e lentidão?

Caminhou descalça até a cozinha, conduzida pelo aroma adocicado que valsava pelo corredor. Lá estava ele, afoito entre idas e vindas, da pia ao fogão, passando pela pequena despensa. Mangas da camisa enroladas e um sorriso de entortar qualquer juízo.

– Bom dia, dorminhoca. – Disse mais brincando do que zombando dela. – Não quis te acordar, então, comecei a preparar uma pequena surpresa.

O bolo, o famoso bolo de chocolate.

A pia, cheia de vasilhas, talheres e copos sujos, denunciava o entusiasmo culinário de Pablo. Por um momento, talvez longo demais, Alana perdeu-se em seus pensamentos. Puxe, então, uma cadeira e um sorriso. Ofereça-me o mundo e desapareça com o menu. Não, não quero mais ter que escolher. Quero o óbvio, o único, o inoportuno. Recomeçar quando a sintonia falhar. Atravessar mares quando o rio secar. Tentar o impossível só para não me acomodar no provável.

– Agora é só esperar a massa crescer…

Pablo segurou as mãos de Alana, antes que ela pudesse ensaiar qualquer reação, beijou-as com ternura.

– Não esperava por isso… por você… – Ela conseguiu balbuciar.

Estavam juntos há pouco mais de dois meses. Havia sido uma escolha mais dele do que dela. Alana sentia-se pouco à vontade com aquela cumplicidade forçada. Ao longo do tempo, acostumara-se ao seu monólogo diário. Instalar uma outra fala na rotina era mais do que subverter o roteiro da sua vida.

Pablo parecia pertencer à outra realidade. Um mundo paralelo, onde tudo parecia funcionar perfeitamente. Para ele, seus mundos se encaixavam sem falhas. Um quebra-cabeça perfeito, revelando a mais linda paisagem suíça. E aquele sorriso…

Alana tinha outro jogo em mente. Imaginara, desde o começo, que aquele homem apareceria uma vez ou outra em sua vida, mas apenas isso. Dormiriam na mesma cama e trocariam as noites no bar com os amigos por pipoca e um filme na TV. Mas seria só uma passagem, com a duração de uma pancada de chuva e nada mais.

Tudo aconteceu ao inverso do esperado. Pablo ficou um dia. Depois, retornou na noite seguinte e permaneceu. Guardou algumas roupas em um canto antes vazio do armário. Vasculhou o acervo de ferramentas escondido debaixo da pia da cozinha. Logo, percebeu projetos esquecidos atrás da porta.  Instalou o varal e a sua vida por ali. Consertou o que encontrou pela frente, sem questionar o aparente abandono do que ela chamava de lar. E assim, aconteceu. Pablo ficou do dia para a noite e fez-se o vice-versa sem pressa.

– Quer tomar café, amor?

Alana não respondeu, apenas encheu uma caneca e soprou o líquido para conseguir tomar um gole sem se queimar. Observou Pablo empilhar mais louça suja na pia, assobiando a canção que ele dizia ser dos dois.

– Estou te perturbando? – Pablo perguntou sem esperar uma resposta. Era apenas uma constatação.

Alana sorriu desconcertada com aquela verdade atirada na sua cara de forma tão imprevista

– Não é bem assim…

Mas era, sim.

– Crescer dá medo, eu sei.

Alana sentiu o golpe atingi-la como se lhe tirasse todo o ar dos pulmões. O mais chocante não era a presumida sabedoria de Pablo, mas a veracidade daquela colocação. Teria sido muito mais fácil ceder ao primeiro impulso e desmanchar todos os castelos construídos com a areia fina das boas intenções. Pararia assim com aquela história que já exalava aroma de compromisso.

E afinal, ela precisava mesmo bancar a adulta?

– Eu não me preocuparia com o amanhã se fosse você, Alana. Ele chega quando e como puder. – Disse piscando o olho direito e se aproximando devagar.

– Era sobre isso mesmo que eu queria falar com você…

– Sobre o amanhã?

– Sobre tudo isso… – Afirmou Alana gesticulando no ar.

– Acho que não há muito o que falar. Estamos aqui, juntos e isso é tudo o que importa.

Havia lágrimas brilhando nos olhos de Alana. Uma angústia sem par invadiu seus sentidos, dilapidando toda a sua improvável tranquilidade. O momento chegara, mais cedo do que o recomendado, mas era a sua chance de terminar tudo aquilo sem piscar.

– Não, não é.

            Pablo tamborilou os dedos na bancada da cozinha. Respirou fundo e olhou para o forno. O bolo descansava sua massa no calor do momento. Aparentemente inerte, mas prestes a borbulhar intenções. Cresceria, talvez nem tanto quanto o esperado, mas logo alcançaria as bordas da forma. Ele também se sentia assim, expandindo, transbordando os limites impostos, despejando-se contra a vontade de Alana.

 – Relacionamentos são como uma boa massa de bolo. Você escolhe bons ingredientes, mistura com carinho, despeja no aconchego da forma e reza para tudo dar certo. A temperatura não deve variar muito. Deve ser quente, mas sem queimar. Longe do morno, perto do tesão. Entende?

Alana abriu a boca para falar algo, mas desistiu. Tentava ponderar sobre as possibilidades apresentadas com calma. Talvez se cedesse agora, pagaria pelo esquecimento.

Não havia melhor momento para determinar territórios. Ele preferia fazê-lo de forma agradável, oferecendo o que podia. Talvez, o bolo simbolizasse o alimento do amor, o bem-querer em maturação, em crescente expectativa. Cozinhar era como entrevistar o inevitável destino.

Para alcançar o que desejava, Pablo cobria-se de todos os sabores, sempre disposto a suscitar apetites renovados. Seria ácido se o esperar fosse impreciso e frio. Salgaria impulsos se o romance não incluísse o risco como principal jornada. Amargaria se a vingança dos dias fosse bani-lo dali. Ah, mas doce se derramaria sobre todos os planos que conseguissem compartilhar, quase em paz.

– Você faz tudo parecer tão simples.

– As coisas são como são, Alana.

Ele encostou os lábios na nuca da moça que se virara para desaparecer. O toque provocou breve e intenso arrepio. A sensação era como chocolate grudando, calda a derreter, quente e invasora. O desejo era a cobertura brilhante de segredos abençoados pelo mistério. Com sorrisos, completaria a bandeja de todos sonhos. Oferecia-se a ela, negro, branco, ao leite, aos pedaços, como ela bem o quisesse.

Alana virou-se, ponderando sobre todas as alternativas daquele caminho que agora lhe parecia estreito demais. No passado, atalhos já haviam lhe oferecido pedras e espinhos além da conta. Seguiria por ali mesmo, até que novos horizontes se desenhassem sobre a sua vida.

– Você iria embora se eu te pedisse?

Pablo baixou a cabeça e suspirou. Sacudiu os ombros e espalmou as mãos sobre a bancada enfarinhada. Parecia iniciar uma contagem lenta e quase silenciosa. Talvez uma contagem regressiva.

– Não. E nem você quer que eu realmente vá embora, quer?

Pablo calou-se. Sentiu as plumas do inusitado fazendo cócegas no seu bom senso. A lógica esparramava-se preguiçosa pelo momento seguinte. Não pretendia dar aviso ou permissão. Seus motivos já haviam provocado anjos e demônios. Suas intenções já não eram surpresa, nem gelo ou lenha de fogueira. Tudo havia se perdido no antes e nada parecia ter ficado para depois.

Alana encostou-se na parede ao lado da janela. Observou o céu. Chovia. Lentamente, em pequenas gotas de preguiça. O sol ainda presente, um tanto resignado por originar sombras em cascatas. Haveria um arco-íris logo ali adiante. Contaria os segundos, os minutos, para que isso também acontecesse. Que das lágrimas celestes e sombras solares, viesse a sequência de cores que a tudo embelezaria.

Abrace-me, anjo. Como se recolhesse meus múltiplos cacos e recordações picadas. Refaça-me no seu peito, sem solidão ou culpa.

Beijaram-se. Assim, de repente, como se a receita final tivesse de ser relembrada. Ingrediente por ingrediente, todos os ovos quebrados e açúcares estavam misturados em profusão. Deixaram-se mergulhar nos minutos, esquecendo-se de qualquer dúvida ou indecisão.

Os passos seguintes perderam a pressa das batalhas. O colo cobriu-se de amores. A alma perfumou-se de verdades maiores. Alana sustentou sorriso e esperança, armas que lhe convinham no momento. Enfrentaria uma vida cheia de reticências ao lado dele. Talvez, encontrasse parada e abrigo naqueles braços. Talvez, ela mesma se tornasse abraço

– E esse bolo, hein?

Pablo, desperto do transe, catou o pano de prato e o dobrou sem capricho. Abriu o forno e retirou a forma quente, soltando alguns gemidos. Os dedos sentiam o calor ultrapassar o limite da trama do tecido grosseiro.

 A massa crescera, afinal. Crocante superfície, rachada em pleno desenvolvimento. Depois de virar o bolo em um prato grande o suficiente para sustentar sua abundância, Pablo despejou a calda quente, lava negra cheirando a chocolate e desejo.

No fim, não antes nem durante, estava ali o esperado instante. Cheio de douradas alegrias, em ouro estavam mergulhadas todas as sensações. Era o que mereciam, afinal. Nem mais, nem menos, serem assim recompensados.

– Está pronto.

 

33 comentários em “Recompensa – Claudia Roberta Angst

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  1. Olá, Cláudia!

    Eu começo meu comentário revelando pérolas do seu texto: ” Talvez, ela mesma se tornasse abraço”, ” Instalou o varal e a sua vida por ali”, ” Debruçou coragem e força sobre os obstáculos ” e tantos outros, numa prosa quase poética que lembra o cuidado dos poetas com a linguagem e as palavras perfeitas, escolhidas a dedo. O texto trata de uma fase do crescimento da vida adulta que, como você mesma expôs, não se tem certezas, nem promessas. Abraça-se o momento para o melhor ou o pior, bastando ousar, bastando encontrar a alegria num simples aroma de bolo de chocolate. A felicidade é feita de pequenos momentos de alegria, quem entende isso, percebe o que é o crescer. Muito bom. Parabéns!

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    1. Obrigada pelo seu generoso comentário. Concordo com você: a felicidade é feita de pequenos momentos de alegria. Crescer faz parte deste processo – aprender a ser feliz com as pequenas alegrias da vida. Beijos.

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  2. Então, acabo de fazer um testezinho de facebook que disse os aquarianos se entregam demais, não tem meio termo. e acrescento: e nem medos. Eu tava pensando isso pra comentar aqui, a personalidade dessa menina ae, do medo de se jogar numa relação P E R F E I T A.. pelamor!! me dá nos nervos pq eu sou o oposto total! rsrsr
    Bom, mas isso não está em questão… Teu texto, tu sabes… é ótimo, poético, recheadíssimo com a mais deliciosa calda de inteligência e poesia.
    Mas… (olha lá, Kinda!) eu acho que pesou a mão, Claudinha… me senti como aqueles garotos lá, vc sabe de onde, q não tem paciência pra ler prosa poética. Foram muitos detalhes virando poesia, foram muitas viagens inspirativas, sabe? Eu acho q vc tá inspiradissima, num superlativo poderoso!
    hahaha
    Mas é lindo, sim, tudo muito inteligente e sensível ms floreou demais. Eu achei, sorry.
    Bj bj bj!

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    1. Hahaha, Kinda, você está certa em dois pontos:
      1 – sim, a personagem é mesmo uma bobona. Eu também sou o oposto dela: quando vejo, já mergulhei de cabeça.
      2 – O conto foi escrito às pressas, baseado em um texto prosa poética antigo, aí deu no que deu…rs.
      Sorry, mas foi o que consegui fazer: flores meladas de poesia. Beijos.

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  3. Alana tinha medo de dar o próximo salto em direção ao seu crescimento. Então a autora disse tantas frases bonitas a ela que não teve jeito, ela saltou! (Brincadeirinha, Claudia. Vou até copiar pra ver se aprendo alguma coisa kkkkk)
    muito bom
    Abraços e beijos.

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    1. Às vezes, precisamos saltar mesmo. Alguns preferem deixar a vida levar (talvez pelo aroma de chocolate), mas a vida sempre implica risco. Obrigada pelo sempre gentil comentário, Neusa. Beijos.

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  4. Querida Claudia,

    Tudo bem?

    Fiz um comentário imenso e na hora de postar, deu erro e apagou tudo… Que raiva! Vou tentar refazer.

    Adorei o estilo do conto, quase um conto-receita. Só faltaram ingredientes e o modo de preparo. A metáfora da massa com o relacionamento de ambos foi minha preferida. 😉

    Sobre o texto em si, acho que a pergunta chave do trabalho seja: afinal, o que é essa tal felicidade? A busca por ela nos parece tão necessária que, muitas vezes, não percebemos que estamos diante desta. Ser feliz é algo simples, mas dá trabalho. Amar dá trabalho.

    Porém se, por um lado, à primeira vista, possa parecer que sua personagem vive uma vida perfeita, mas não a enxerga, com esse namorado lindo, devotado e que ainda dá um jeito em sua casa, em sua vida; por outro, nada é tão simples quanto parece. O ser humano é complicado…

    Seu trabalho me lembrou o último episódio da primeira temporada de “Masters of None”, ao qual assisti recentemente. Na série, o protagonista vive uma vida perfeita com a namorada, mas se questiona se é esse o caminho que quer para si. E, obviamente, acaba perdendo namorada (o seu amor) e a tal vida perfeita.

    Creio que seu conto seja um retrato de nosso mundo contemporâneo. Queremos ser tudo. Ter tudo. Queremos ser felizes, estudar tudo, trabalhar nos melhores lugares, viajar, ter novas experiências, ser as melhores amantes, perfeitas, as melhores profissionais, as mais belas, e por aí vai. Lutamos contra nós mesmas nessa necessidade que nosso século nos impõe. O paradoxo da vida perfeita. Pois bem, obviamente ela não existe. Quantas vidas seriam necessárias para fazermos tudo? E é diante desse leque de possibilidades que sua personagem trava. Precisamos aprender a fazer escolhas. E, fazer escolhas dói. Uma escolha, significa abrir mão de outras tantas. Fazer escolhas reque amadurecimento, crescimento.

    Parabéns, seus textos são sempre cheios de camadas.

    Beijos
    Paula Giannini

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    1. Sempre gentil, minha doce, linda e talentosa amiga. Seus comentários revelam sensibilidade e carinho com os nossos textos. Como não amar?
      Fiquei curiosa para ver “Masters of None”. Vou procurar.
      Que bom que os meus textos estão cheios de camadas. Serão bolos de massa folhada? Camadas de recheios? Só sei que você acertou na sua análise. Amar dá um trabalhão mesmo.Beijos.

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  5. Amei ver essa massa crescer! E gosto assim mesmo, bem doce… Ainda aprendo com vocês a escrever um conto-receita. Trama muito adequada, esse tipo de crescimento é o mais difícil – aceitar limitações, aceitar diferenças. Tem coisa mais gostosa do que acordar de manhã com o amado cozinhando para você? E, bolo de chocolate? Desenvolvimento na medida certa, frases construídas com esmero, metáforas originais e o desfecho feliz. Parabéns, Cláudia! Grata por essa leitura prazerosa. Beijos.

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    1. É isso aí, Fátima, eu quis mostrar que as diferenças e limites não impedem o entendimento. O que parece um ato carinhoso para uns (o companheiro cozinhando para você), para outros parecerá invasão. Por isso, é importante esperar a massa crescer na temperatura certa.
      Obrigada pelo atencioso comentário. Beijos.

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  6. Olá, baby. Como vai? Enquanto o bolo assa, a moça dorme, enquanto o sono passa, a moça acorda, e o sonho tá na cozinha. Não um sonho, um bolo no forno. O sonho tá de pé, sorrindo, realizado. A massa sobe a moça recua. Alana, Alana, Alana… Um nome tantas vezes repetido, por ele, por ela (narradora), talvez para se convencer que aquilo que via era mesmo verdade, e que não continuava sonhando. Ela, ele, o bolo, o sonho, a vontade, o medo. Expectativa no leitor. Uma receita cheia de metáforas, mais que um conto, uma prosa poética. Talvez o bolo ficasse mais fofo com um pouco menos de tanta poesia. Talvez. Tem que goste de mais consistência. Enfim, o bolo assou. Vamos comer?

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    1. Não tinha me dado conta de tanta repetição do nome Alana! Exagerei nisso e na prosa poética. Sou uma exagerada, sem noção mesmo, mas tão feliz por ter meu conto lido e comentado por vocês, deusas e musas inspiradoras. Beijos.

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      1. Oh, amiga. Imagina, seu conto estava ótimo, só percebi a repetição da Amanda, mas até poderia ser um recurso estilístico, quem me dera se alguém como vc me achasse inspiração para qualquer coisa. Beijos, flor.

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  7. Amei o seu texto..D+, poético, denso, pra mim ficou tudo na medida certa, o bolo crescendo e as inquietações da Alana também, eita muié parecida comigo, cheia de dedos e de medos. Muita poesia a destacar, destaco uma mais simpleszinha: “Enquanto houvesse luz, haveria também sombras”. É bem isso, a dualidade, precisamos das sombras para enxergar a nossa luz, e acredito que, ao final, Alana conseguiu enxergar a luz dela. Parabéns, lacrou menina.

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    1. Normal ter inseguranças e medos quando se entra em uma nova relação. Afinal, o risco é grande,né?
      Sei que exagerei um tanto na poesia, mas é que o conto nasceu de alguns versos jogados e fermentou assim.
      Grata pelo seu generoso comentário, Roselaine querida.
      Beijos.

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  8. Oi Cláudia.

    Seu conto me deixou um pouco agoniada… a todo momento duvidei da índole de Pablo.. estava perfeitinho demais e espaçoso também, me identifiquei com a personalidade de Alana que não se sente pronta pra dar mas um passo, que se vê numa vida onde outros estão fazendo as escolhas por ela. Não achei um conto romântico, embora pareça essa a intenção, é denso demais pra isso. Ele é ….como posso dizer? claustrofóbico. Acho que Alana está presa nessa agonia de dúvidas e que ele não tem as respostas.

    Sobre a forma do texto está bem bonita, um tanto rebuscado demais, mas ainda sim com passagens que vale vários post it 😀

    Parabéns!

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    1. A ideia que quis transmitir foi essa – que crescer incomoda um pouco, que a angústia também participa do processo. O que será de mim se me entregar a este amor? E sim, Pablo parece perfeito demais, mas não é. Não tive intenção de escrever um conto romântico, mas falar das dores do crescimento que podem nos levar a um final doce… ou não.
      Gostei muito da sua análise, viu?
      Beijos.

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  9. Vc escreve lindamente, Claudinha! Seus parágrafos são poesia pura, muito legal isso. E não é algo forçado, que aparece aqui ou ali. Nota-se a homogeneidade do seu estilo em todo o conto.
    Duas coincidências incríveis:
    1- apesar de eu estar mais atrasada que o coelho da Alice, e ter perdido o prazo para os 2 desafios, cheguei a rascunhar dois começos de contos para o verbo CRESCER. Um deles tenta fazer uma ligação entre o crescimento de um bolo e o crescimento de uma moça que começa sua vida adulta independente!
    2- hoje mesmo estava conversando com uma amiga, sobre o filho dela q acabou de terminar com a namorada. Motivo: ela era ‘presente’ demais, em pouco tempo de namoro já estava ocupando metade do armário dele e, mesmo ela sendo uma gracinha de namorada, e que ele gostasse muito dela, começou a sentir falta do seu espaço sozinho, da sua individualidade e ‘solidão’.
    Nenhum amor é perfeito e a receita para amadurecer dá o maior trabalho. Mais fácil fazer crescer o bolo…
    Parabéns!

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    1. Oi,Juliana, tudo bem?
      Antes de mais nada, agradeço pelo gentil comentário.
      As coincidências acontecem mesmo, né? Adorei a sintonia de nossas inspirações.
      Amar não é uma ciência exata,não se baseia em cálculos ou fórmulas, mas ainda assim é o melhor que temos a fazer nesta vida, não é mesmo?
      E sigamos assim, amando e amadurecendo como podemos.. e que seja doce como um bolo de chocolate.
      Beijos.

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  10. Olá. Um conto belo, que faz uso da metáfora do bolo crescendo para comparar com o crescimento de Alana. Poréééém, como não sou nada romântica, achei esse cara folgado demais rsrsrs; como assim vai chegando e apoderando-se da casa dela??? Para tudo que a coisa não é bem assim!!! Hehehehe, o conto é muito bonito, coube perfeitamente na etapa crescer, e esse bolo aí deu água na boca! Abç ❤

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    1. Que bom que você percebeu que Pablo não era essa perfeição toda. Eu quis mesmo passar a ideia de que ele invadiu a casa e a vida de Alana, para o bem e para o mal. Quando crescemos, descobrimos que não há príncipe encantado ou a pessoa certa. Somos como somos e pronto.
      Obrigada pela leitura e comentário generoso. Abraço.

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  11. Oi Claudia. Fosse no EC, certamente seu conto não me agradaria pelo, digamos, derramamento poético. Mas aqui no site, curioso, degustei cada imagem, cada parágrafo. Acho que tem a ver com o tempo da narrativa, que lá tem que ser mais rápido por causa do volume e aqui pode ser mais lento. Reflexões, enfim… Você escreve muito bem. Seu conto está repleto de imagens preciosíssimas. Estou pensando até em copiá-lo para me inspirar nele de vez em quando… rsrs… Parabéns, amiga. Nunca, nem em cinco vidas, vou escrever assim. Beijos.

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    1. Querida Melissa, ainda bem que você nunca vai escrever assim, Escreva do seu jeito que é muito melhor, né? Cada um com a sua cruz…rs.
      Este conto foi baseado em um texto antigo sobre “chocolate”em prosa poética, então acabei me deixando contaminar. Pesei a mão? Naturalmente,como sempre… 🙂
      Grata pelo seu comentário fofo! Beijos.

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  12. “As coisas são como são, Alana.” Uma verdade. Muitas vezes queremos mudar, mas não há o que mudar. Queremos fugir e não há como fugir. Muitas vezes, nem precisamos. O mundo nos abraça e nos conduz, porque talvez assim é. Mas esse conto carrega nas entrelinhas muitas questões. As nossas decisões, as nossas desistências, a nossa falta de amor, ou o excesso dele… Tem um universo todo aí, muito feminino e muito vivo. Um excelente conto. Parabéns!
    Um grande e carinhoso abraço!

    Curtido por 1 pessoa

    1. Obrigada pela leitura, Evelyn. Sua análise do meu conto foi muito sensível e generosa.
      Queremos uma perfeição que é inalcançável.Buscamos um ideal que não dá para compartilhar, nem dividir em dois. As coisas são como são. E isso também não é ruim.
      Abraço. 🙂

      Curtido por 1 pessoa

  13. Oi, Claudia!
    Boa tarde ❤
    Uau, que delícia de conto, hein?
    Li num fôlego só, e a cada linha queria outra, e mais outra, achei que terminou rápido, mas porque continuaria lendo, e lendo, maravilhoso.
    Quantas vezes fui Alana, estou aqui pensando, e compreendo muito bem esse sentimento….quantas vezes fui Pablo, e como sei o que é crer, se jogar.
    Fantástico, irretocável, você é Mestra.
    Amei essa frase: "Abrace-me, anjo. Como se recolhesse meus múltiplos cacos e recordações picadas. Refaça-me no seu peito, sem solidão ou culpa."
    Meus muitos parabéns!

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  14. Obrigada pelo seu generoso comentário, Renata. Que bom que conseguiu se identificar com os personagens. Você tem razão: acho que todas nós temos um lado Alana e outro lado Pablo. Somos invasoras e invadidas. Somos temerosas como brisa ou corajosas no meio da tempestade.
    Abraço. 🙂

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  15. Olá Cláudia. Começo pelo fim: adorei o seu conto e a sua prosa poética. Muita qualidade. Agora o conto: Alana foi propositado? esse nome encaixa na perfeição ele faz pensar na personagem como alada, e o de início eu vi Alana como um passarinho preso na gaiola. Supus, pela descrição, que iria encontrar uma personagem presa de depressão, mas logo percebi que não era o caso. Pablo (onde anda esse homem maravilha?) pode ser um pouco invasivo, mas é com toda a certeza um delicioso bolo de chocolate para degustar ao pequeno-almoço e em qualquer hora. Ainda a ler o conto copiei logo esta frase para a comentar: “Enquanto houvesse luz, haveria também sombras.”, é mesmo. A vida é um jogo de contrastes que se relevam e revelam entre si. E, apesar de haver muitas pérolas de pura poesia,não resisti a mais uma,esta: “Chovia. Lentamente, em pequenas gotas de preguiça.” Que maravilha!
    E sim, crescer para o amor é muito complicado. Esse medo que uma pessoa sente de se entregar a uma ilusão. Afinal o outro (os outros) será sempre isso mesmo: outro, alguém que podemos acreditar conhecer, mas jamais conheceremos completamente. A desilusão é sempre possível.
    Eu sempre me entreguei (e também me escaldei algumas vezes), mas compreendo perfeitamente o receio de Alana e acho-o justificado. Para mim, entendo que viver a vida sem correr riscos é apenas passar por ela – sou ariana pura e essa sua personagem “cheirou-me” a libriana e deve ser muito difícil viver preso de indecisões e receios.
    Os meus parabéns pelo conto. Algumas colegas comentaram que acharam exagero nas pinceladas poéticas, pessoalmente não senti nem um pouco esse exagero. Se um conto pode ser duro, real, pesado, ou o que for, porque deveria ser criticado por soar poético? uma colega comentou até que olharia de forma diferente se o conto fosse publicado no EC (meu Deus! mas qual a diferença? escrevemos para… ou escrevemos porque?), para mim é igual e muito bom.
    Gostei muito.
    Um beijo.

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    1. Olá, Ana Maria.
      Que maravilhosa a sua análise dos personagens! Adorei que compreendeu tão bem as minhas “crias”. A escolha do nome Alana não foi proposital. Na verdade, ele me escolheu. Geralmente, acontece assim: os personagens chegam e ditam as regras.
      Também sou ariana e impulsiva, claro. Alana é um contraponto, e tem sim um quê depressivo, mas sendo superado.
      Escrevemos para quem? Escrevemos por quê?Eu sei que escrevo porque preciso, é uma necessidade quase física mesmo. Tenho convicção de que se não desse vazão à imaginação através das palavras, eu já estaria louca.
      Agradeço imensamente o seu gentil e abrangente comentário.
      Um, dois, três, muitos beijos.

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  16. Cláudia, seu conto mostra com muitos detalhes a agonia que é crescer sem estar preparada. Particularmente não me identifico com a protagonista, não tenho medo de me comprometer e nem sou apegada a uma rotina solitária, nunca fui, sou mais como o Pablo (nome do meu irmão ❤ ) sei o que quero e vou atrás. Amei a comparação com o bolo, ficou perfeita!! O conto é bem intenso, tem certas passagens que parecem um poema, tudo muito bem pensado e bonito de ler. Gostei muito!! Parabéns!!

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    1. OI, Priscila, tudo bem?
      Agradeço pelo seu comentário generoso. Também não me identifico com a Alana no quesito indecisão, cautela demais, sou mais impulsiva mesmo. Talvez a densidade nos aproxime, mas só. A ideia de comparar o crescimento emocional com o crescimento da massa do bolo me veio assim, de repente… e curti. Beijos.

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  17. O uso das metáforas na dose certa fez do bolo uma receita infalível, legítimo exemplar claudinesco.

    Algumas frases atingiram índices abissais de profundidade, como esta: “Tudo havia se perdido no antes e nada parecia ter ficado para depois.”

    A tensão crescente foi muito bem executada fazendo um paralelo eficiente com o crescimento do bolo no forno. Coisa de gente grande.

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    1. Que delícia receber seu comentário agora, Catarina. Fico orgulhosa por saber que você gostou do meu “bolo”.Ele foi crescendo aos poucos e por pouco não deixei a calda das metáforas queimar.😀 Beijos.

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